Acreditar que pesca ilegal foi motivo de assassinato é culpar o pirarucu por narcotráfico nos rios da AM
A confissão dos irmãos Osoney da Costa e Amarildo dos Santos de que o motivo do assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo teria sido a pesca ilegal na região, é um tiro no saco, um tapa na cara, um deboche.
A Terra Indígena do Vale do Javari term apenas seis agentes da Força Nacional de Segurança Pública para atuar no patrulhamento da área de 85 mil quilômetros quadrados, segundo reportagem de O Estadão.
O Vale do Javari é alvo de quartéis de drogas e armas que agem da fronteira do Brasil com Peru e Colômbia.
Segundo matéria do jornalista Valteno de Oliveira, da Band (a emissora que deu o caso em primeira mão), os irmãos estavam pescando pirarucu quando foram alagados e alertados por Bruno e Dom Phillips, que fotografou a pesca ilegal. “Eles foram rendidos e levados para uma vala, onde foram mortos e tiveram os corpos esquartejados e incendiados”, narra o jornalista.
A Polícia Federal tem que investigar o caso a fundo, inclusive com a participação do Ministério Público Federal. Os fatos nos mostra que os assassinatos no campo e na floresta raramente vão à julgamento. Números da Comissão Pastoral da Terra revelam que entre 1985 e 2020, 1973 trabalhadores do campo, Índios e quilombolas foram assassinados no País.
Apenas 120 casos foram à julgamento, 35 mandantes condenados, 19 absolvidos. 8 dos condenados estão soltos.
No caso na Amazônia não envolve apenas o latifundiário, mas o garimpeiro, o ouro, o narcotráfico e o presidente Bolsonaro. Nesta quarta-feira ele praticamente culpou o jornalista britânico Dom Phillips pelo próprio assassinato.
Em entrevista à jornalista e parte do rebanho, Bolsonaro disse que Phillips “era malvisto na região” porque fazia reportagens contra garimpeiros e que deveria ter tido mais atenção “consigo próprio”.
Daí ser de suma importância que a sociedade e a mídia brasileira e internacional se mantenha vigilante na apuração das investigações e do devido processo legal. É preciso por fim ao conluio entre o latifúndio/traficante/garimpeiro, o capital e o poder político. A violência no campo é uma questão de permissividade.
Nesta terça-feira o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, ex-superintendência da PF na Amazônia. Denunciou em entrevista GloboNews que a maior parte dos políticos do Norte estão à serviço do crime organizado na região. Citou nomes de senadores e deputados federais, como o de Jorginho Melo e Carla Zambelli.
Atrocidades
Dom Phillips e Bruno Araújo depois do flagra da tal pesca ilegal foram rendidos e mortos pelos irmãos Osoney e Amarildo, . Os corpos foram decepados, esquartejados e queimados, e depois jogados em uma vala na região do Vale do Javari, na Amazônia.
A Band informa que a PF vai dar o caso como encerrado e indicar Osoney e Amarildo pelo assassinato.
Bruno e Dom desapareceram no dia 5 de junho, quando se preparavam para visitar uma comunidade indígena na região Vale do Javari, segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava).
Bruno era indigenista especializado em povos indígenas isolados e conhecedor da região, onde foi coordenador regional por cinco anos. Já Dom Phillips era veterano de cobertura internacional e morava no Brasil há mais de 15 anos.