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  • IMPRENSA

    A ‘nova’ ABI e a democracia

    Paulo Jeronimo de Sousa

    Sede da ABI no Rio de Janeiro

    A eleição de Jair Bolsonaro abriu um período no qual a democracia passou a correr perigo. Não há, na afirmação, um exagero. Ela se sustenta em atos e declarações do presidente ao longo de sua vida pública. São notórias as demonstrações de apreço de Bolsonaro à ditadura militar.

    Esse pano de fundo levou um conjunto de jornalistas a se organizar, no começo de 2019, para trazer de volta ao cenário a Associação Brasileira de Imprensa, a velha ABI. Criada há 111 anos e protagonista nas mais importantes lutas do povo brasileiro, a entidade estava abandonada à própria sorte e alheia à realidade nacional. Mas, no governo Bolsonaro, passou a ser tarefa urgente trazê-la de volta às lutas em defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade de imprensa.

    A nova diretoria encontrou a entidade às traças. O CNPJ estava suspenso, e as contas bancárias, bloqueadas. Aos poucos, a casa vai sendo arrumada. E, embora o título deste artigo fale em “nova” ABI, o que nos inspira é o retorno à “velha” ABI.

    Nesses poucos meses transcorridos desde a nossa posse, ela já retomou seu papel na defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade de imprensa. Já no fim de julho de 2019, realizamos um gigantesco ato em defesa do jornalista Glenn Greenwald, ameaçado de expulsão do país por um decreto de Bolsonaro e de seu ministro Sergio Moro (Justiça). Acorreram ao evento mais de 4.000 pessoas. O auditório da ABI, um dos maiores do Rio, mostrou-se pequeno ante tanta gente. Foi necessário instalar telões na rua para transmitir o ato. Nunca na história da centenária ABI tinham acorrido tantas pessoas a um evento.

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    Ato de apoio ao jornalista Glenn Greenwald na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio de Janeiro – Lucas Rezende – 30.jul.19/Futura Press/Folhapress

    Mais recentemente, em 12 de dezembro, ao lado de outras entidades, organizamos um ato em defesa da Petrobras, sob risco de privatização. Desenvolvemos também a campanha “Toda vida importa muito”, de combate à criminosa “política de segurança” do governador Wilson Witzel (PSC), a qual levou a polícia do Rio, de janeiro a agosto, a matar em média mais de cinco pessoas por dia —pobres e residentes em comunidades carentes ou favelas.

    Quando Bolsonaro ordenou que os órgãos do governo federal cancelassem as assinaturas desta Folha, a ABI imediatamente ingressou na Justiça com uma ação popular contra o ato, denunciando-o como um atentado contra o princípio constitucional da liberdade de imprensa. No dia seguinte, Bolsonaro recuou e cancelou a ordem.

    Quando o prefeito Marcelo Crivella (PRB) proibiu, recentemente, a presença das equipes jornalísticas do Grupo Globo em entrevistas coletivas da Prefeitura do Rio de Janeiro, prontamente emitimos nota oficial denunciando o ato como outra agressão à liberdade de imprensa.

    Enfim, esta não é a “nova” ABI, mas a volta da velha ABI, aquela de Barbosa Lima Sobrinho, que sempre esteve à frente das melhores causas ao longo de nossa história.

    Paulo Jeronimo de Sousa

    Jornalista, é presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

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