Sem divulgar número de óbitos por bairro, SES anula a percepção do desastre e estimula o sextou do coronavírus
O Clamor da Hora Presente
Do pedido de prisão ao nem Rui Palhano Salva, o sextou do coronavírus nas baladas noturnas da cidade tem atiçado as redes sociais.
O novo episódio da série O Clamor da Hora Presente observa que o estímulo à pregação do corona inofensivo, pode ser do próprio portal da Saúde.
A Secretaria de Estado da Saúde divulga os casos positivos, mas omite o número de óbitos por bairro.
Uma rua só é perigosa, quando divulgados os crimes nela cometidos!
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Ao não divulgar número de óbitos
SES estimula o sextou da pandemia
A morte sem nome e, particularmente no Maranhão sem endereço, anula por completo a percepção do desastre provocado pelo coronavírus e contribui para o engano que nos afeta e ameaça.
Com a redução significativa dos números de novos casos e óbitos registrados diariamente pelos boletins epidemiológicos dos últimos quatro meses, maior é a falsa sensação de normalidade.
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E o que é pior, sem o número de óbitos por bairro toma-se o todo pela parte. Embora, os boletins revelem a contenção da pandemia em São Luís, não traduzem a realidade social das regiões periféricas da capital.
Os casos positivos na Cidade Operária e Cohatrac I, II, III, IV e Primavera-Cohatrac, por exemplo, aumentaram, entre 28 de abril e 20 de agosto, quase 500%.
Saíram de 58 e 49 registros, quarta e sétima colocação no ranking pandêmico, para 333 e 256, segundo e quarto colocados respectivamente.
Enquadrar esses bairros na classificação “reduzido”, considerando os últimos sete dias, 9 e 8 novos casos na Cidade Operária e Cohatrac, é medir a chapa quente com a tabuada fria.
Por mais que tenha um comércio efervescente, esses dois bairros, além de reunir um contingente de famílias menos favorecidas, fazem fronteira; ou melhor, se misturam a uma dezena de vilas, residenciais, recantos, em situação pior ainda.
Consequência de um crescimento desordenado, essas duas regiões não possuem saneamento básico adequado e enfrentam toda ordem de privações socioeconômicas.
Segundo a unanimidade das pesquisas, estas condições são responsáveis pela alta incidência das comorbidades que aumentam a gravidade e a mortalidade da Covid-19.
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Resguardadas as devidas diferenças, a existência nessa região, como em tantas outras que não enfeitam os cartões postais da Ilha do Amor, corre no fio da navalha.
Daí que, por mais reduzido que seja, o número de casos, um que seja, nas áreas mais pobres da Ilha, representa um maior risco de vida.
Fora do alcance das recomendações científicas transmitidas do Palácio dos Leões e sem o registro de mortes, a periferia pobre acaba aderindo às crenças emitidas do “meio da rua”, o cercadinho do Alvorada.
Ao ocultar os recuperados, os óbitos e os em tratamento, e divulgar somente os casos positivos, além de não germinar o medo, na medida certa em que se torne um aliado das ações preventivas, a Secretaria de Estado da Saúde estimula a pregação do corona inofensivo.
Uma pandemia, que não bate na porta, não mata um vizinho e que só aparece na televisão, com televisão se parece.
Compare os números da pandemia
Dia 28 de abril
1 – Turu – 94
2 -Calhau – 81
3 – Renascença – 75
4 – Cidade Operária – 58
5 – Araçagy – 53
6 – Anjo da Guarda – 51
7 – Cohatrac I, II, III, IV, Primavera-Cohatrac – 49
8 – Liberdade – 45
9 – Bairro de Fátima – 44
10 – Centro – 41
11 – Vila Embratel – 41
12 – Cohama – 39
13 – Bequimão – 38
14 – Ponta d’Areia – 38
15 – Monte Castelo – 36
16 – Coroadinho – 35
17 – Maiobão – 32
18 – Anil – 31
19 – Conjunto Habitacional Vinhais – 30
20 – João Paulo – 30
Dia 21 de agosto
1 – Turu 460
2 – Cidade Operária 333
3 – Renascença 316
4 – São Luís Cohatrac I, II, III, IV, Primavera-Cohatrac 256
5 – Centro 250
6 – Calhau 218
7 – Anjo da Guarda 201
8 – Maiobão 197
9 – Cohama 185
10 – Anil 180
11 – Araçagy 177
12 – São Francisco 175
13 – Olho D’água 174
14 – Vila Embratel 154
15 – Liberdade 151
16 – Bequimão 141
17 – Jardim São Cristóvão / Conjunto Juçara / Conjunto Penalva 140
18 – Ponta d’Areia 140
19 – Bairro de Fátima 135
20 – Monte Castelo 130
OBS. O site não arquiva o mapeamento do número de casos dos dias passados.