Lítia Cavalcanti: perseguição ou metamorfose kafkiana ?
Nunca deixei me levar pela impressão que tenho do ego exacerbado da promotora Lítia Cavalcanti, tampouco pela desconfiança do uso midiático de suas ações, para desqualificar o seu trabalho à frente da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor.
Quando li em blogs a repercussão de uma postagem sua no Twitter denunciando que estaria sofrendo assédio moral no Ministério Público, fiquei assombrado.
O que faz a competente promotora para incomodar tanto assim seus colegas de MP?
Estaria no encalço de algum figurão para fazê-lo pagar por crimes cometidos, como fizera com Alessandro Martins no escândalo da Euromar?
“Hj estou como um personagem de Kafka. Tudo por defender pessoas sem esperança de justiça.”, tuitou Cavalcanti, dizendo-se molestada.
Mas se intrigado estava, mais intrigado fiquei, principalmente sobre a qual personagem do escritor checo Franz Kafka ela se refere depois que a Corregedoria do MP revelou que, na verdade, o “Asedio moral!!!(sic)”, denunciado pela promotora, seria a investigação de “fatos de natureza grave” determinada pelo Conselho Nacional do Ministério Público.
Se a Josef K., do livro O Processo, que é preso e exposto a um longo e incompreensível processo, logo ao acordar.
Ou se a Gregor Samsa, do livro A Metamorfose, que acorda transformado em um inseto monstruoso.
Será que a promotora estaria pagando o “preço de se lutar por JUSTIÇA!!!”, como ela mesmo escreveu, insinuando que as investigações do CNMP não passam de uma perseguição interna dos incomodados com o seu trabalho, ou tirando uma carta de seguro para não deixar a máscara cair, caso haja confirmações dos fatos graves investigados, como fazem todos os culpados de colarinho branco?
Neste caso, a paladina da Justiça, poderia lembrar o poeta paulista José Paulo Paes (1926/1998), para manter o clima kafkiano:
METAMORFOSE DOIS
quando lhe veio à lembrança
que bicho é pai de bicho
o pai de gregório samsa
juntou-se ao filho no lixo
Caso HAJA confirmações. O verbo haver no sentido de existir é invariável.