Deu no D.O.
Depois de uma longa ausência, a coluna Deu no D.O. retira do isolamento os contratos dos nossos bem-amados. De novo, só o velho normal. Caixões de compensado e tampa de durapox, por conta das prefeituras amigas das horas difíceis, Riachão, Anapurus e Ribamar, servem de conforto a quem deixa esse mundo de lágrimas pela rapidez com que se é consumido pelos vermes. Pinheiro, Imperatriz, Icatú e Caxias ainda ilustram o pandemônio. Cuidado com as visagens…
Coringa – A Câmara Municipal de Santa Inês premiou no dia 12 de março com dispensa de licitação a Comercial Santo Expedito-ME e Marinalva da Silva Muniz.
Ágnus-dei – Com nome de santo, a empresa alcançou a graça de R$ 9.800,00 pela confecção de medalhas de honra ao mérito “14 de março”, que ornaram os pescoços de apenas três santa-inesenses, o médico Bringel e os empresários João Rolim e Fernando Antônio.
De Bandeja – Data da emancipação política do município, as “comendas” foram entregues no dia 13, sexta-feira, durante sessão solene em homenagem aos 53 anos de autonomia do antigo povoado de Pindaré. Os quitutes devem ter ficado por conta dos números sorteados do CPF de Marinalva, premiada com R$ 17.300,00, pelo serviço de coffee break durante as sessões e eventos da gloriosa Câmara.
Força magnética – A natureza ferrosa de Santa Inês também foi motivo de um pregão presencial para a aquisição de R$ 1.149.603,60 em ferros, colunas, treliças, etc. A empresa O J Construtora LTDA EPP levou toda essa prata.
Reflexo – O brilho do metal, no entanto, reluziu mesmo foi em Pinheiro, cidade iluminada pelos 4,5 milhões de Quilowatts (KW) da E. Alves Barbosa Empreendimentos e Serviços.
Fio terra – A carga dos cifrões garante a manutenção preventiva e corretiva do sistema de iluminação pública da Princesa da Baixada e correspondem a nove meses de trocas lâmpadas, luminárias, etc.
Fio pelado – A gestão do sistema, o pagamento da fatura de energia consumida nos postes da cidade e a expansão da rede não são cobertos pelo vil metal. O objeto do contrato publicado no Diário Oficial é claro, por um lado: “execução integral dos serviços contínuos de manutenção preventiva e corretiva”.
Gato – E obscuro por outro: não se sabe se o serviço contratado é ou não restrito à sede do município.
Fluorescente – Já a corrente elétrica na região tocantina acendeu 7 milhões de luzes verdinhas abrindo passagem ao Consórcio Sinalizando Imperatriz. A Alcabox Ltda e Sema Via Ind. E Com. E Serviços Ltda, vão engarrafar 7 milhas por conta da implantação das sinalizações horizontal, vertical e semafórica.
Roupa de baixo – Enquanto isso, em Icatu não vai ficar um gato pelado no meio da rua atrapalhando o trânsito. A etiqueta da prefeitura para todas as estações encomendou R$ 690 mil em confecções de malharia.
Camelo – A linha passou quatro vezes pelo mesmo buraco da agulha da empresa Maximo & Oliveira Ltda. O traçado atendeu a demanda de quatro secretarias, cada uma com sua indumentária: Assistência Social (R$ 102 mil); Educação (R$ 320 mil); Saúde (R$ 192 mil) e Administração (R$ 74 mil).
Manequim – O alinhavado total daria para cobrir as 27 mil almas icatuenses. Com tanto pano pra manga ninguém vai ser pego de calças curtas.
RESERVA DE POBRE É CAIXÃO
Sopa de pedra – Mas, de onde ninguém escapa é na chapa das mesas, por mais que a lagoa seja azul. Antes mesmo que a Covid-19 aportasse por suas beiradas, Riachão já enfrentava uma pandemia mortal. É o que traduz o modelo que estima os riachãoenses que estão com o pé na cova aplicado pelo prefeito municipal.
Na medida – Imune à subnotificação, o Ritmo de Transmissão (RT) na região é calculado pelo número de caixões. No dia 20 de abril R$ 601 mil foram enterrados na Cavalcante & Matos Ltda pelo “Vá com Deus” até o último segundo de 2020. O objetivo do fornecimento de urnas funerárias e serviços póstumos com os preços pela hora da morte publicado no Diário Oficial é de uma exatidão matemática : “…para contratações eventuais e futuras, visando atender demanda, de interesse da Secretaria Municipal de Assistência Social”.
Conforto – De compensado e tampa de Duratex, os que deixam esse mundo de lágrimas tem a garantia de serem rapidinho consumidos pelos vermes.
O Céu – Na mesma pegada mortal, com tudo protegido pelo santo, a prefeitura de São José de Ribamar também se preocupou com o caixão de quem parte. No mesmo padrão de conforto adequado aos vermes, o pregão da alça em 410 urnas (60 infantis) e translado fúnebre saiu por R$ 268.765,50. Cada paletó de madeira adulto e o ingresso aos sete palmos de terra custou R$ 610,00; sem direito a meia passagem.
Hora extrema – Quem toma de conta da bilheteria é a W B Lima Comércio e Serviços – ME.
Campos elíseos – Já em Anapurus quem tiver o último suspiro é melhor que esteja contaminado pela Covid. O bom translado para o brejo é um privilégio às vítimas da pandemia. O forro de TNT é de fazer inveja.
Votos de condolências – Com dispensa de licitação, a Nacional Pax – Amiga das horas difíceis, cobrou pelo caixão-conforto adulto R$ 750,00. Para 180 dias e 400 (100 infantis) encaminhamentos fúnebres foram previstas 280 mil caras e coroas. Três meses depois, seis óbitos, muita urna, coroa de flores e compensado pra queimar.
Selfs – Para encerrar, tantas são as urnas futuras, os exemplos de gentilezas com os desvalidos, os smartphones dos cocais. A título de dar mais agilidade ao cadastramento de pessoas no programa de auxílio do gov. Federal, a prefeitura de Caxias comprou dez celulares na vizinha capital do Piauí. Todos no modelo QHD Super Amoled, tela de 4,7, quad-core a 1,3 GHz, 1GB de RAM, 8GB de armazenamento, dentre outras capacidades da Samsung. Já pensou, os servidores da secretaria de assistência social cadastrando as pessoas com um celular em mãos?
É a glória – O sentir-se respeitado com um atendimento preferencial? O seu nome na agenda de um celular de uma autoridade? Como dizia o comercial, “o primeiro sutiã a gente nunca esquece”.
Canal – Comprar 10 celulares para cadastrar pessoas? Só se a ligação for a cabo…