O maior problema de Weverton é o discurso vazio, próprio de quem pode até ter a intenção, mas não tem afinidade com aquilo com que quer se mostrar comprometido.
A situação se agrava quando se é candidato com o apoio da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Maranhão (Fetaema) e o debate envolve os conflitos no campo.
186 assassinatos de quilombolas, quebradeiras de coco, indígenas e trabalhadores rurais entre 1985 e 2021, segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra, exigem uma resposta consistente e imediata. E não a retórica comum a todos e qualquer candidato nas promessas de emprego, trabalho e saúde.
É o que se ouviu de Weverton durante esta campanha, especialmente nos debates eleitorais promovidos pelo portal IMirante e pelas Tvs Mirante e Difusora.
O pedetista chegou às raias do absurdo ao dar boas-vindas ao Matopiba, sem qualquer distinção entre os agrotrogloditas (termo utilizado pelo jornalista Elio Gaspari) e o empresariado responsável que atua no setor.
O Matopiba é o projeto de ocupação dos cerrados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que em alguns casos – se não a maioria – têm deixado um rastro marcado por sangue de lavradores, indígenas e quilombolas.
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Na última terça, ao ser questionado durante debate na TV Mirante pelo candidato do PSOL Enilton Rodrigues, se tem alguma proposta concreta em relação aos conflitos agrários que existem no Maranhão, Weverton não se fez de rogado e se apegou às bravatas eleitoreiras com que ataca o governo Flávio Dino e a promessas que não se mostram suficientes na solução dos problemas do campo e, por conseguinte, da cidade.
– Quero agradecer o apoio da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Maranhão, que tem um papel importantíssimo no meu governo […] tudo que gere trabalho, que gere oportunidade nós iremos fortalecer com assistência técnica, com o fortalecimento das agências, com concursos e políticas sérias regionais… – disse, entre outras.
Em hora alguma na campanha ou mesmo nos quatro anos de mandato de senador ele defendeu a retomada do processo de reforma agrária, hoje praticamente extinto sob o comando da bancada ruralista. Grupo de parlamentares que defendem os privilégios e abusos do agronegócio desembestado concedidos por Bolsonaro,
Enquanto o candidato da FETAEMA faz joguinhos de palavras para evitar se contrapor à aliança bolsonarista de sua chapa, a matança de homens, mulheres e crianças do campo continua a pleno vapor. Seja à bala, porrada ou envenenamento por agrotóxicos espalhados no ar por aviões que, ao Mal que servem, já não podem mais serem chamados de teco-teco.