Até o início do mês de julho, o impeachment do presidente Bolsonaro, embora desejável por muitos, era pouco provável. Mas, por esses fenômenos de natureza política, uma avalanche de denúncias – uma por trás da outra – dão início a derrocada.

Depois do deputado Luís Miranda (DEM)revelar na CPI da Covid que o presidente Bolsonaro sabia do esquema de propina por trás da compra da vacina Conexin, envolvendo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR, a coisa começou a desandar.

A semana começa com uma outra bomba; desta vez estourada pelo portal Uol, empresa parte do grupo Folha. Três reportagens publicada pela colunista Juliana Dal Piva trazem gravações inéditas que apontam o envolvimento direto do presidente no esquema de entrega de salários de assessores na época em que ele exerceu seguidos mandatos de deputado federal.

É a famosa rachadinha, como ganhou fama o esquema que Flávio Bolsonaro, hoje senador, teria implantado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

No caso do poderoso, o próprio já tinha revelado que quatro funcionários de seu gabinete à época, retiraram 72% de seus salários em dinheiro vivo. Esse tipo de saque é associado ao repasse de parte do salário para o político dono do cargo de confiança.

Desta vez, é a ex-cunhada que implica diretamente Jair Bolsonaro no esquema.

As gravações revelam o que era dito no círculo íntimo e familiar.

O blog vai publicar uma dessas gravações e disponibilizar o link das outras duas matérias.

A primeira reportagem mostra que familiar que não quis devolver valor combinado do salário foi retirado do esquema. A fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente, afirma que Bolsonaro demitiu irmão dela porque ele se recusou a devolver a maior parte do salário de como assessor.

“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’.  

A declaração da ex-cunhada é o primeiro indício de Bolsonaro no esquema da rachadinha, ou melhor, do rachadão familiar.

A segunda reportagem revela que, dentro da família Queiroz, Jair Bolsonaro é o verdadeiro “01.” Em troca de mensagens de áudio, a mulher e a filha de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, chamam Jair Bolsonaro de “01”. Márcia afirma que o presidente “não vai deixar” Queiroz voltar a atuar como antes. Leia mais aqui.

Já a terceira reportagem descreve como recolher salários não era uma tarefa exclusiva de Fabrício Queiroz. Ex-cunhada do presidente diz que um coronel da reserva do Exército, ex-colega do presidente na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), atuou no recolhimento de salários da ex-cunhada de Jair Bolsonaro, no período em que ela constava como assessora do antigo gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). Leia mais aqui.

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