PEC do Calote: “Meteram a mão grande no dinheiro da população”, diz Bira do Pindaré
Com o apoio maciço da bancada maranhense, com exceção de Bira do Pindaré (PSB), Rubens Júnior (PCdoB), João Marcelo (MDB) e Hildo Rocha (MDB), a Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira, a PEC dos Precatórios, que permite o governo Bolsonaro gastar em 2022, ano de eleição, até R$ 100 bilhões a mais no orçamento.
A mágica não tem mistério e não é novidade, embora a prestidigitação seja aparentemente mais refinada do que o confisco da poupança promovido pelo governo Collor, a garfada é a mesma.
Zélia Cardoso de Melo sem saias, mas com igual macabro rebolado, Paulo Guedes age com muito mais desenvoltura. O Estado deixou de controlar para ser controlado pelo Capital.
A Proposta de Emenda Constitucional forjada no posto Ipiranga limita o valor de despesas anuais com precatórios, que são dívidas da União já reconhecidas pela Justiça. Acompanhada de uma série de artifícios fiscais, a medida maquia as contas públicas e tira da cartola os bilhões de reais para abastecer o Auxílio Brasil e outras benesses sociais imaginadas por Bolsonaro como salvação da lavoura em 22.
Ou seja: O governo aplica o calote em famílias que há anos esperam receber o que lhes é direito. O confisco de Zélia deixou sem nada quem tinha alguma coisa. O calote de Guedes deixa sem nada quem esperava ter alguma coisa.
O deputado Bira do Pindaré (PSB), um dos quatro maranhenses que se recusaram a fazer parte da trama, explica que o objetivo da PEC é criar condições para viabilizar o projeto eleitoreiro de Jair Messias Bolsonaro”.
– Aquele que é hoje rejeitado pela ampla maioria da população, percebendo o barco afundando, o desespero tomando de conta…e aí pensou, vamos acabar com o Bolsa família e criar outro programa social, com o nome que vamos dar. E vamos pagar um pouco mais, só que ‘nós não temos dinheiro, não há recursos, e aí resolveram meter a mão grande no dinheiro da população.
Pindaré mostrou o gato por trás da lebre e o gatuno que avia a compra da lebre. Favorecendo a si e a Bolsonaro, não importando o mal que esse senhor inspira.
Em um indignado pronunciamento na tribuna da Câmara, o ex-sindicalista e ex-bancário fez as contas na boca do caixa. E concluiu que o calote cria uma folga fiscal de R$ 100 bilhões, para garantir o Auxílio Brasil que custa R$ 30 bilhões.
– E os outros R$ 70 bilhões, vão pra onde? – questionou.
E, sem a menor sombra de dúvida, respondeu:
– Vão para o orçamento secreto, vão pra compra de votos aqui no parlamento, vão pra compra de votos nas eleições. É pra isso que querem esses R$ 70 bilhões.
A votação foi marcada pelas manobras abusivas do presidente da Câmara Arthur Lira, pelas visitas de ministros e ‘suspeitas’ de promessas de liberações de emendas às vésperas das eleições nacionais.
Comprar gato por lebre tem o seu preço!