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  • ALVOROÇO NO CURRAL

    O manifesto, a Estátua da Liberdade e os bolsonaristas passando o pano na sujeira do ´véio da Havan´

    A natureza fez sua parte: ventos fortes derrubam Estátua da Liberdade no RS – Foto Reprodução

    “Alguém consegue imaginar uma Estátua da Liberdade em Olinda, Ouro Preto ou Diamantina? Não dá. A exemplo de São Luís, são cidades tombadas pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Em qualquer um desses sítios urbanos, instituições como o Iphan reagiriam com rigor”, diz trecho de manifesto, que circula nas redes sociais recolhendo assinaturas contra a instalação de uma réplica do monumento norte-americano, prevista com a inauguração de uma loja da rede Havan na capital.

    Mas o que poderia se transformar em uma discussão sobre o plano diretor, a importância da paisagem urbana na percepção da vida e nas relações humanas, se transformou em um debate estéril e idiota sobre emprego, comunismo e falta do que fazer.

    Embora a trajetória nada recomendável do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, e a apropriação da marca símbolo da propaganda norte-americana, sejam motivos suficientes para qualquer repúdio, o grupo responsável pelo manifesto em momento algum se coloca contra a inauguração de uma filial da rede varejista na capital. Tampouco faz objeção à abertura de novas vagas de emprego, muito menos ao livre mercado.

    Ressaltam tão somente a imperiosa necessidade de respeitar os direitos sociais e trabalhistas, a liberdade de expressão, a democracia e os direitos humanos.

    Alguém tem alguma dúvida, ele pode até a princípio espernear, que o ‘véio da Havan’ deixaria de ganhar dinheiro e não abrir a loja em São Luís, só porque não deixaram erguer a sua mal ajambrada estátua?

    ‘Véio da Havan’ não é o apelido de Luciano Hang, mas o nome da personagem que o próprio Luciano Hang criou e representa. O seu apelido é ‘Escorrega’, adquirido ainda quando era gerente de vendas da fábrica de tecelagem Renaux em Brusque, cidade catarinense colonizada por alemães, onde nasceu.

    A Estátua da Liberdade foi motivo de protestos desde a sua inauguração no porto de Nova Iorque em 1886. Os grupos de direitos da Mulher consideraram um acinte um monumento com uma figura feminina representando a liberdade, enquanto as mulheres americanas não tinham a liberdade de votar. Em 1886, durante a inauguração da estátua, alugaram barcos e manifestaram sua revolta. O evento também foi criticado cado pelo The Cleveland Gazette. O jornal afro-americano disse que ela deveria ser enterrada, com tocha e tudo, até que o trabalhadores negros ganhassem o suficiente para sustentar suas famílias, sem sofrer preconceito e o risco de serem mortos. Leia mais Aqui.

    Ou será que os que acusam os manifestantes de serem contra a geração de emprego e renda, o fazem exatamente porque Luciano Hang não segue as exigências para o exercício do livre mercado, expostas no manifesto?

    Alegar que os signatários do manifesto estão contra a abertura de novas vagas de trabalho, não passa de conversa fiada e muito malcheirosa dos que se aproveitam da situação para fazer politicagem barata desvirtuando o foco do debate.

    Ao mesmo tempo que defendem a inconteste importância da geração de emprego e renda, por tabela subliminar, defendem mesmo é a nobreza de um sujeito envolvido em sonegação, fraude e contrabando, segundo relatório da Agência Brasileira de Informação alertando o presidente Bolsonaro sobre os riscos políticos da aproximação com Luciano Hang.

    O discurso do ‘Emprego’ é perigoso. É uma armadilha criada pelo poder econômico para aumentar seus lucros e impor a uberização do trabalho. É também utilizado por governantes para encobrir conchavos por trás da redenção econômica de projetos aventureiros instalados no estado.  

    A reforma trabalhista, que levaria à criação de milhões de empregos, completou 3 anos, extinguiu direitos, o emprego com carteira, etc., e… Nada!

    A verdadeira história de Luciano Hang

    Acesse todas as matérias sobre na verdadeira história do ´Véio da Havan´, organizadas pelo Diário do Centro do Mundo AQUI

    No caso da Havan, os que abrem o bocão, muitos talvez não saibam, outros com certeza sabem, mas pouco importa. Em setembro de 2002, o Escorrega foi condenado pela Justiça Federal de Blumenal por fraudar o INSS . A folha de pagamento dos funcionários da Havan era dividida em duas, uma das quais com remuneração fictícia bem abaixo do valor pago, servia para calcular o INSS. Quando o funcionário se aposentava, ele recebia bem menos do que o que deveria receber!

    Entre 1992 e 1999, ele desviou mais de R$ 10 milhões com o esquema revelado pelo Ministério Público Federal de Santa Catarina.

    Já os que questionam a eficácia do manifesto, por se tratar o local da nova loja da Havan e sua réplica da estátua, de uma área não tombada pelo patrimônio histórico, a meu ver, também incorrem em uma falácia.  

    Até que ponto limitar o título de patrimônio mundial às áreas tombadas no centro histórico, não seria uma forma de segregação social?

    Evidente que o certificado emitido pela Unesco se deve à grandiosidade do acervo arquitetônico, mas o título abrange toda a cidade. E, quanto mais essa boa parte não tombada se degrada, menor o valor da área preservada.

    O diploma não é Reviver, Praia Grande, Desterro; mas, São Luís Patrimônio Histórico da Humanidade.

    E no mais, independente da condição de patrimônio histórico, a paisagem urbana reflete no comportamento dos habitantes de uma cidade, como bem ressalta o arquiteto e urbanista Mayke Martins de Souza. “É o cenário que compõe e se faz presente na vida da humanidade. No viés psicológico, craveja sentimentos de identidade, memória, território e localização espacial e temporalidade.

    Segundo o urbanista, a cidade e a sociedade moderna, estão estagnadas em uma vida urbana tecnológica, onde as ações humanas muitas vezes, se tornam inférteis, e o que prevalece são as ações egocêntricas da lucratividade”.

    Enquanto os ignaros e os bolsonaristas de carteirinha tentam desvirtuar a importância do manifesto, a natureza já fez a sua parte. Na segunda-feira de 24 de maio, ventos fortes derrubaram a réplica da Estátua da Liberdade, que ornava a loja da Havan em Capão da Canoa, litoral norte do Rio Grande do Sul.

    1 comentários para “O manifesto, a Estátua da Liberdade e os bolsonaristas passando o pano na sujeira do ´véio da Havan´

    1. Zeca disse:

      Só li burrices

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