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    O bullshit, os parceiros do descalabro e a tentativa de criminalizar o ajuste fiscal

    Adriano, Braide e Wellington: unidos pelos disparates

    A expressão inglesa “bullshit” é a que melhor define o desempenho dos deputados de oposição na tribuna da Assembleia Legislativa na última quarta-feira durante a votação do Projeto de Lei que altera o Sistema Tributário do Maranhão.

    O termo, que nasceu como gíria vulgar e se refere literalmente aos excrementos bovinos, é utilizado para tipificar – de maneira suficientemente enfática – a gravidade do uso de opiniões fraudulentas, distinguindo-o da mentira e seus possíveis atenuantes., com o objetivo declarado de enganar.    

    Em artigo (Leia Aqui) o doutor em economia pela USP, Celso Toledo, explica que enquanto o mentiroso se guia pela verdade e opta por não se submeter a suas limitações, o “bullshitter” (sujeito que dispara “bullshits”) opera com liberdade, construindo suas narrativas a partir da costura livre e não necessariamente coerente de fatos verdadeiros.

    “A irrelevância do que é certo para o “bullshitter” o torna um inimigo da verdade muito mais perigoso do que o mentiroso”, avisa.

    É neste sentido que os deputados Eduardo Braide (PMN), Wellington do Curso (PSDB) e Adriano Sarney (PV)  se dividiram em absurdos e artimanhas retóricas contra o ajuste fiscal proposto pelo governador Flávio Dino para combater os efeitos da crise econômica que atinge o Brasil há mais de quatro anos.

    Sem qualquer preocupação com a realidade, ou mesmo com o ridículo, reduziram o projeto a um genérico aumento de impostos e por obra de um raciocínio doentio concluíram que as novas alíquotas do ICMS sobre vários produtos, especialmente os combustíveis, iriam penalizar a população mais pobre do Estado.

    Eduardo Braide: “Quando se      aumenta diesel e o biodiesel, quem vai estar pagando são os mais pobres, é quem anda de    ônibus, é quem precisa  comprar mercadorias
     na mercearia e que vai ficar    mais cara porque o frete está mais caro. É esse o presente que nós iremos dar aos maranhenses agora no final de ano? Aumentar os impostos dos mais pobres, daqueles que mais precisam?”

    O primeiro a disparar “bullshits”, foi o deputado Eduardo Braide, ao vincular o ajuste de 0,5% do ICMS do diesel à cadeia produtiva e o consequente aumentos nos preços da passagem de ônibus e do transporte de mercadorias.   

    Com um discurso bem articulado e afetado pela necessidade de atacar o governo a qualquer custo, Braide não deu a mínima – embora saiba – que de maneira alguma a nova alíquota incidirá sobre o preço da passagem, devido ao regime diferenciado do diesel utilizado no transporte público, implantado desde 2016.

    Ainda na mesma linha, o deputado perdeu o senso de direção ao tirar da cachola o monstro da carestia para alimentar a sua tese de que a alta do imposto será acompanhada da elevação do valor do frete e por tabela na redução do poder de compra dos mais pobres, que dependem da mercearia da esquina para colocar comida na mesa.

    Acreditando que a má-fé também move montanhas, o dito-cujo omite propositadamente que toda essa catástrofe seria provocada com o acréscimo de R$ 0,01 no que será cobrado nas bombas pelo litro do diesel a partir de abril de 2019.

    Isto mesmo, um centavo!

    Em seguida, Welington e Adriano entram no picadeiro e dão prosseguimento a mesma cantilena, resguardadas as indevidas diferenças com que cada um agride a inteligência alheia.

    O do Curso, como sempre, dá prova de que não sabe o diz e que a sua verborragia não passa de um amontoado de frases feitas, ao tropeçar na própria língua.

    Na segunda, na tentativa de reforçar a falaciosa teoria da maldade inaugurada por Braide, ele contrapõe o aumento do imposto à redução para 2% da alíquota do ICMS concedida por Flávio Dino aos empresários do transporte coletivo de São Luís, Imperatriz e Timon, para dar a impressão de que o governo comunista seria uma “espécie de Robin Hood às avessas, que tira dos ricos para dar aos pobres”, como costuma repetir em seus ataques de insensatez na tribuna da AL.

    Mas ao contrário do que imagina, o benefício fiscal a que  se refere como se fora um privilégio concedido aos ricos é parte do regime diferenciado instituído pelo governo para garantir a tarifa reduzida da passagem, impedindo que sobre ela incida, por exemplo, o atual ajuste do ICMS do diesel, em beneficio de milhares de usuários.

    Wellington do Curso: “Flávio Dino, para beneficiar aliados políticos na capital, em São Luis,
    na cidade de Imperatriz, e na cidade de Timon, já reduziu a alíquota do
    ICMS sobre o óleo diesel para a empresa de ônibus em três cidades, na
    capital, Imperatriz e em Timon. E, ao beneficiar esses empresários,
    reduzindo a alíquota do ICMS de 17 para 2%, não fez com os demais,
    não fez com a população, não fez com quem utiliza o seu transporte para ir trabalhar.”

    Na quarta-feira o sujeito voltou à carga, e desta vez para confirmar que não há nexo entre o que dissera na segunda, com o que acreditava que dizia

    Vociferando, o do Curso alertou que a perversidade do governador resultaria no aumento do preço das passagens!

    Tamanho despropósito, no entanto, não é privilégio do tucano.

    Além de compartilhar a incapacidade de criticar o governo com base em evidências e análises consistentes, o deputado Adriano Sarney também dar sinais de possuir o mesmo olhar de toupeira ao interpretar a situação do Maranhão e as nuvens de chumbo previstas para 2019 em todo o País.

    Enquanto Wellington age por desígnio de sua própria natureza, Adriano ao que parece perdeu o Norte depois que a oligarquia foi para o buraco.

    Exalando ódio e dizendo coisa com coisa em meio aos virulentos ataques ao governador comunista, o sobrinho da ex-governadora Roseana Sarney declarou apoio ao MBL, movimento que considera o futuro do Brasil e do Maranhão, por significar a corrente do bem e reunir jovens que estudam!

    O seu raciocínio tosco e a percepção distorcida da realidade expostos nos três pronunciamentos que fizera na sessão de votação do ajuste fiscal, é próprio de quem possui algum distúrbio cognitivo.

    Ou há outro diagnóstico para quem teve a coragem de acusar o governador Flávio Dino de aumentar os impostos para financiar um projeto de poder comunista e de esquerda para dominar o Maranhão e o Nordeste?

    A bem da verdade, entre um disparate e outro, o seu possível transtorno mental acaba por se revelar positivo quando se analisa o conjunto da obra e se descobre que suas contradições formam um juízo de valor, que os discursos dele e de seus parceiros de descalabro aparentam escamotear.

    Repetindo a mesma ladainha de que o povo é que vai pagar pelo descontrole das contas públicas, o sobrevivente oligárquico dá uma pirueta e condena a suspensão por três anos da concessão de diferimento do ICMS às empresas que beneficiam minério de ferro no estado.

    Ora, não era o povo que seria penalizado com esse pacote de maldades?

    Em outro trecho de sua fala se desvenda que os indícios de quem diz coisa com coisa, como de imediato nos fez crer, não passam de uma desfaçatez, segundo método adquirido do seu avô, o carcomido morubixaba José Sarney, para conquistar as benesses do poder federal de ocasião, seja ele autoritário ou democrático.

    De olho na plateia de bolsominions, que acompanhava a sessão, antes de elogiar os jovens “estudiosos” do MBL e de fazer a delirante denúncia do projeto de poder comunista, ele garantiu que o Governo do Estado, que está respondendo uma ação federal impetrada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAC pelo uso irregular dos recursos da EMAP, vai perder no próximo ano a concessão do Porto do Itaqui!

    Adriano Sarney: “:…este desmando, este desgoverno que está aí, que tira da população para
    agigantar o Estado, para financiar um projeto de poder comunista e de esquerda no Estado do Maranhão e no Nordeste, estamos hoje aqui para combater este projeto danoso, este projeto maléfico para toda a população do Maranhão”

    Elogiou, chamou de estudiosos, aderiu a tese da ameaça de um movimento comunista no País, e depois mandou o recado!

    Mas ficou para o final a dimensão de sua sapiência.

    Depois de avisar que o seu partido entraria com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) no Tribunal de Justiça, por entender que um só projeto tratando de vários assuntos fiscais contraria a Constituição Federal, e questionar a capacidade jurídica de Flávio Dino, um ex-juiz federal.

    – Será que no curso dele de Direito ele não aprendeu como fazer um projeto de lei que seja constitucional?

    Ele demonstrou sua confiança na letra da Lei:

    – Se Deus quiser vamos ganhar essa ação!

    O certo é que a maior preocupação do trio foi em tirar proveito político da situação transformando o projeto em uma espécie perversa de presente de natal de Flávio Dino aos maranhenses.

    Desta feita o blog deixou de avaliar outros questionamentos presumidamente técnicos – sem o apelo dos combustíveis que mobilizou toda a massa encefálica da oposição para onerar o máximo possível Flávio Dino junto à opinião pública – sobre as outras medidas fiscais (saiba mais Aqui) adotadas pelo governo para compensar a perda de R$ 1,5 bilhão em recursos federais e enfrentar o cenário de crise previsto para o próximo ano, sem perder a capacidade de investimento em Saúde, Educação, Segurança e Infraestrutura; assim como fizera no primeiro quadriênio de mandato, mesmo no auge da crise que levou à bancarrota vários estados mais ricos do que o Maranhão, como Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

    Em todo o caso,  reconheço que os deputados souberam utilizar o cocô de boi, ou melhor o bullshit , para propagar opiniões fraudulentas tão comuns à disputa rasteira na política.

    Afinal, como oportunamente observou o linguista e psicólogo canadense-americano Steven Pinker, citado na coluna do jornalista Sérgio Rodrigues (Leia Aqui) na Folha de São Paulo:

    Nunca atribua à malícia o que pode ser explicado pela estupidez!

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