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  • NARCICISMO DOENTIO

    Moro engana próprio filho de 2 anos com falso prêmio por trabalho realizado como magistrado

    Sérgio Moro usa Fernandinho Beira Mar em sua autobiografia para se mostrar um juiz simples, corajoso e ético; mas acaba se revelando um pai que não perdoa nem o próprio filho. 

    Juiz responsável pelo julgamento e condenação de Beira Mar a 29 anos de cadeia em 2008, Moro foi obrigado a aceitar proteção de vida. Inteligência da Polícia Federal havia identificado um possível ataque à sua família.  

    Moro narra o episódio sem demonstrar medo ou citar situações que pudessem tê-lo feito temer pela própria existência. 

    Diz que o mais lhe incomodou foi não ter mais a alegria de “poder ir até a padaria da esquina sem um aparato de segurança armado a sua volta”. 

    No entanto, para compor e tornar crível a figura de um juiz de tamanha coragem foi preciso acrescentar à narrativa o impacto da proteção de vida na sua vida familiar. 

    É quando o juiz corajoso se mostra uma fraude; um sujeito obcecado pela própria imagem, como vem a se mostrar a cada capítulo de sua autobiografia.  

    Com a necessidade de explicar para os filhos de 2 e 7 anos o que estava acontecendo, sem que ficassem assustados, ele resolve inventar uma história, como faria qualquer bom pai. 

     Mas, por se tratar de quem se trata, não foi uma história qualquer, apesar da pouca idade dos “meninos”. 

    Diz a ambos que estava sendo premiado pelo bom trabalho como magistrado com a disponibilização de motoristas pela Polícia Federal. 

    E para completar, justifica-se, colocando palavras na boca dos filhos: “O pai ganhou um prêmio por estar trabalhando bem como juiz, por isso resolveram nos dar alguns meses de acompanhamento por motoristas da Polícia Federal com carros blindados”. 

    Se os dois descobriram que o pai herói não passava de um simulacro e se ficaram com algum trauma de infância, não se tem notícia. 

    O que se sabe é que depois de acusar a prisão de Lula de armação e considerá-la um dos maiores erros judiciais da história, o ministro Dias Toffolli solicitou a PGR, AGU, CGU, TCU, entre outros órgãos de fiscalização e controle, que identifiquem e apurem responsabilidades nas esferas administrativas, cível e criminal de eventuais agentes públicos que contribuíram com as gravíssimas ilegalidades no acordo de leniência com a Odebrecht. 

    Se um belo dia, às 6 da manhã, a PF bate à sua porta, o que ele dirá agora aos filhos já adultos? 

    A ascensão do cinismo e a perda da vergonha

    A autobiografia de Sérgio Moro e a repercussão na mídia são leituras obrigatórias para compreender a ascensão do cinismo e a perda da vergonha, como parte de um de projeto que recompensaria o ex-juiz da Lava Jato com a presidência da república pelos serviços prestados aos interesses do capital norte-americano.

    Lançado em dezembro de 2021, Contra o Sistema da Corrupção, foi recebido com euforia por setores da mídia confabulados no golpe em processo desde a derrota de Aécio Neves para Dilma Rousseff em 2014.

    As resenhas publicadas e republicadas por onde houvesse um papel impresso nada diziam sobre o conteúdo do livro. Não havia necessidade. Se preocupavam tão somente em louvar “a história do homem por trás da operação que mudou o país”.

    Não sei se por desaforo ou tirando uma onda com a cara de besta do leitor, Marcelo Godoy, colunista de O Estadão, chegou ao ponto de comparar as entrançadas linhas de Sérgio Moro com Minha Vida de Leon Trotsky, um dos grandes líderes da revolução russa de outubro de 1917.  Godoy diz que apesar das diferenças estética e política, Moro e Trotsky buscaram com suas obras influir no debate público.  

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    Moro anunciou sua pré-candidatura à presidência, dias antes do livro sair do prelo.    

    Daí não passar de uma narrativa montada, talvez inspirada em Mary Shelley, para dar vida ao Super-Moro, balão de ensaio que em parceria com o pato da Fiesp animava as manifestações anti-lula.  

    Moro se apresenta como um sujeito culto e simples. Cresceu cercado de livros, estudou em Havard, passou no concurso para juiz federal e, com tudo isso, o que mais lhe incomodou quando esteve sob a proteção de vida da Polícia Federal, foi não poder andar até a padaria…

    De olho na campanha majoritária, o objetivo era iludir o eleitorado. A autobiografia faz da medíocre trajetória do curitibano, uma saga heroica de combate à corrupção e ao crime organizado no Brasil. No entanto, mais parece um trabalho escolar de exaltação a um herói sem defeito, um personagem sem alma, oco como deve ser todo super o que quer, que seja lá, o que for.

    “Contra o Sistema da corrupção”, na verdade, tem seus méritos. É uma autobiografia sem filtro, onde o autobiografado não diz, se mostra na medida em que escreve.

    Quanto mais escreve, mais se mostra e quanto mais se mostra, não resta dúvida de que se trata de um livro com lugar reservado na História.

    O que afere a autobiografia de um mentiroso, é a qualidade da mentira.

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