Fernanda Torres diz que aprendeu como evitar um golpe e agradece a Flávio Dino e a Ricardo Cappelli o retorno a um país que ainda existe
Depois de assistir a uma entrevista do ministro Flávio Dino aos jornalistas Tereza Cruvinel, Rodrigo Vianna e Marcelo Auler, no canal Brasil 247 do YouTube, e superar a angústia provocada pela distância e desinformação sobre o que ocorria no Brasil dia 8 de janeiro de 23, a atriz Fernanda Torres diz em sua coluna na Folha que Flávio Dino lhe ensinou como evitar um golpe. E agradece ao ministro, ao interventor Ricardo Cappelli “e a alguns outros o retorno a um país que ainda existe”.
O sentimento de gratidão não é à toa.
Torres acabou tendo uma relação muito própria com as tentativas da extrema direita, que no dicionário que trago, chamo de fascista, de avançar por sobre as Américas.
Em 6 de janeiro de 21 durante a invasão do Capitólio, estava nas no sul da Bahia aproveitando as férias praianas permitidas pelo arrefecimento das pandemia. Acompanhando tudo pela internet, ficava se perguntando, como era possível que “Washington e Trancoso coexistissem no mesmo planeta”.
Desta vez, no 8 de dezembro de 23, estava em uma Europa ameaçada por outra guerra. Zelenski (Ucrânia) e Putin (Russia) dominavam a grade do noticiário internacional e Torres era limitada a acompanhar o que acontecia no Brasil através de notas de rodapé veiculadas pelas redes de Tv.
A angústia provocada pela distância e pela desinformação aumentava ainda mais quando buscava o sinal das emissoras do outro lado do atlântico.
“Os canais brasileiros também se desdobravam em análises, comunicados e coletivas, sem oferecer nenhuma narrativa íntima dos que comandaram o barco legalista na tempestade”, constata, incrédula ao ponto de ter que admitir que talvez a distância tenha lhe deixado desatenta.
Foi salva, como admite no texto, pela jornalista Patrícia Campos Melo que lhe indicou
o link de uma entrevista de Flávio Dino aos jornalistas Tereza Cruvinel, Rodrigo Vianna e Marcelo Auler, no canal Brasil 247 do YouTube, “verdadeiro decálogo sobre como evitar um golpe”.
Alertada pelo ministro, que “essas histórias devem ser contadas porque, depois, elas se perdem no tempo”, Fernanda reproduz vários trechos da entrevista ao 247, exatamente “ para sublinhar o que não deve ser esquecido”. E conclui:
“Flávio Dino já havia dado provas de caráter e competência à frente do governo do Maranhão, durante o descarrilamento negacionista pandêmico. Depois dessa entrevista, minha sensação é a de que devo a ele, ao Cappelli e a alguns poucos o retorno a um país que ainda existe.”
Leia alguns dos trechos da entrevista reproduzidos por Fernanda Torres
“O ataque começou às 14h40; 15h15 eu estava entrando na garagem. Quando olhei pela janela do gabinete, primeiro me espantei, porque era uma cena inesperada, depois senti uma profunda indignação. Eu não cometeria o ato vergonhoso, eu não me perdoaria nunca, de assistir a uma tentativa de golpe de Estado e não fazer nada.”
“A rápida decisão de decretar intervenção federal e assumir o comando da segurança do DF foi o que impediu o golpe. Em 1964, não havia o WhatsApp. Nós fizemos uma intervenção federal por WhatsApp, a ferramenta que municiou os golpistas.”
“- Presidente, assine e me mande a foto, porque decreto no meio dessa emergência vale!”
“- Mas não tem número.”
“- Presidente, me dê o decreto com a sua assinatura!”
“Mostrei o documento ao secretário Ricardo Cappelli e disse para ele descer e assumir o comando da PM do DF. E houve a coragem pessoal do Cappelli, o papel do indivíduo na história. Porque ele poderia ter me pedido outra coisa, ele tem filho para criar, mas o Cappelli desceu, foi atrás do comandante da PM e saiu puxando, ele e o secretário Diego Gaudino andaram com a PM até o quartel-general do Exército, no Setor Militar Urbano, levando a horda de terroristas para longe da Esplanada.”