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  • VIOLÊNCIA NO CAMPO

    Casal de trabalhadores rurais é assassinado na tarde desta sexta-feira em Lago do Junco no MA

    Maria da Luz e Reginaldo Alves, vítimas do conflito agrário na região de Lago do Junco (MA)

    Do Brasil de Fato

    Um casal de trabalhadores rurais foi encontrado morto na tarde desta sexta-feira (18) na Gleba Campina, também conhecida como comunidade Vilela, no município de Junco do Maranhão (MA).

    Esse é o quarto assassinato de trabalhadores rurais registrado na comunidade, que vive sob intenso conflito agrário há mais de dez anos, envolvendo família originária do Rio Grande do Sul. 

    De acordo com informações do advogado Diogo Cabral, da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão (Fetaema), os corpos do casal Reginaldo Alves Barros e Maria da Luz Benício de Sousa foram encontrados por familiares, por volta de 13h.

    Maria da Luz Benício era ativa em movimentos sociais em defesa do direito à terra e era suplente da direção do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) da região. Ao ver a vítima, a filha, de 3 anos de idade, permaneceu sobre o corpo da mãe durante horas. 

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    Cabral explica que, a exemplo dos outros assassinatos registrados, as vítimas foram baleadas e nenhum pertence foi roubado.

    “Esses trabalhadores são pessoas relativamente idosas e estavam chegando em uma área que tinham criação de animais, eles foram atacados e mortos”.

    “Não roubaram nada, eles foram baleados e depois de algum tempo, um parente sentiu falta e foi até o local e encontrou os corpos, por volta de 13h de hoje. Já é o quarto assassinato na região, com essas mesmas circunstâncias”, explica. 

    Em resposta ao advogado, em rede social, o Secretário de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), Francisco Gonçalves, informa que a Polícia Civil já se deslocou ao local para apurar o caso. 

    Há cerca de 17 anos, mais de 66 famílias ocupam a área de 2.250 hectares de terra na Gleba Campina, onde desenvolvem atividades da agricultura familiar, especialmente plantio de milho, feijão, mandioca, arroz, criação de animais.

    Atualmente, fazem venda direta de parte da produção para o Município de Junco do Maranhão, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

    Em 2010, organizados por meio de associação, as famílias pleitearam  junto ao Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) a regularização fundiária da área e, a partir da solicitação, denunciam perseguição por parte de um fazendeiro originário do sul do país.

    Relatório protocolado pela Fetaema em agosto de 2020 já denunciava uma sucessão de crimes cometidos contra as famílias, apontando inclusive registro e detalhamento de cinco boletins de ocorrências policiais envolvendo trabalhadores rurais, vítimas de incêndios recorrentes de suas casas e plantações. 

    Em 19 de agosto de 2020, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciou o assassinato do trabalhador Raimundo Nonato Batista Costa, de 56 anos, encontrado numa cova rasa, com marcas de tiro.

    Ele permaneceu desaparecido durante 4 dias e seu corpo foi encontrado por outros trabalhadores rurais no interior da Gleba Campina. 

    Ao final do relatório, a entidade aponta para a necessidade de ações imediatas do Iterma, sob o risco de mais assassinatos na região. 

    “O clima é de extrema tensão na localidade, havendo severo risco de recrudescimento da violência. Preocupa-nos o histórico de violência contra as famílias, bem como a impunidade reinante no que se refere ao conflito, visto que, apesar de dezenas de registros de ocorrências policiais nas cidades, as providências tomadas para o fim do conflito têm sido insuficientes e ineficazes para debelar o conflito”, conclui relatório de agosto de 2020. 

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