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  • A TRAGÉDIA DA INDIFERENÇA

    O silêncio cúmplice, as fakes news e a imoralidade pestilenta de Chaguinhas

    O vereador Francisco Chaguinhas durante discurso negacionista / Foto: reprodução do Youtube

    Será que o vereador Francisco das Chagas Lima e Silva, o Chaguinhas, pode se aproveitar da imunidade parlamentar para promover fake news e atentar contra a saúde pública, incitando o não uso de máscaras, igual fez durante sessão da Câmara Municipal de São Luís, no último dia 30 de junho?

    A pergunta é pertinente a propósito da não repercussão conforme exige a gravidade de um caso que coloca em risco a vida da população. A máscara é considerada fundamental pela Organização Mundial de Saúde no controle da transmissão comunitária do vírus da Covid-19, e deve ser usada, inclusive, por quem já tomou a segunda dose da vacina.

    Imbuído de um patriotismo canhestro, Chaguinhas tomou pra si a missão de livrar a cara do presidente Bolsonaro, desqualificando a CPI da Covid, enxovalhando senadores, governadores, cientistas e até mesmo o ministro do STF, Roberto Barroso; e difundindo fake news sobre a origem do vírus e dos interesses econômicos que estariam por trás da pandemia que “assola o mundo inteiro”.

    Os absurdos se atropelam, sem que nenhum vereador no plenário ou da mesa diretora da Câmara dessem um pio sequer. O descaso e a indiferença ao discurso de um vereador afirmando da tribuna, que Anthony Fauce, o criador do vírus, procurou Bill Gates e juntos foram à China para “lá produzir em alta escala esse vírus que assola o mundo inteiro”, é uma das cenas mais degradantes da história do legislativo ludovicense.

    A situação se deteriora quando Chaguinhas retorna à tribuna no segundo expediente e promove um teatrinho macabro. Tira a máscara e diz que ela não vale nada, porque o próprio criador do vírus tem dito a amigos que a máscara “era como se fosse um alambrado para não deixar o mosquito passar”.

    Assista e veja com seus próprios olhos – I

    Como se não bastasse, Chaguinhas vaticina – com a altivez de um leitor de cientistas na internet – que a ciência exercida no Brasil é uma ciência falsa e que os cientistas contrários ao tratamento precoce precisam estudar.

    “Esta ciência que acompanhou o vírus nesse Brasil é uma ciência falsa. Os cientistas que deram as suas palavras, são cientistas falsos, porque eles não estudaram, eles não se aprofundaram e daí começaram com falácias e mais falácias”.

    Segundo o douto vereador, esses “falsos cientistas” sabiam que com o tratamento precoce não haveria tanta morte por Covid no Brasil e a pandemia não daria tanto dinheiro.

    Antes de baixar as cortinas, o desprezo de Francisco das Chagas Lima e Silva com as famílias dos 2.438 ludovicenses abatidos pela Covid, recebe o aval do vereador Gutemberg Araújo. Cirurgião Geral do Aparelho Digestivo e da Obesidade, Dr. Gutemberg parabenizou a sensatez do discurso.

    A situação se deteriora quando Chaguinhas retorna à tribuna no segundo expediente e promove um teatrinho macabro. Tira a máscara e diz que ela não vale nada, porque o próprio criador do vírus tem dito a amigos que a máscara “era como se fosse um alambrado para não deixar o mosquito passar”.

    Assista e veja com seus próprios olhos – II
    O uso de fake news para estimular a população a não usar máscara (início) e os parabéns do Dr. Gutemberg (1:33:00 a 1:33:28)

    O que o vereador Chaguinhas fez não tem guarita em nenhuma sociedade que se pretenda civilizada. Em ‘Como funciona o fascismo’, o professor da Universidade de Yale, Jason Stanley, nos lembra que atacando a ciência e minando as instituições democráticas, “a política fascista acaba por criar um estado de irrealidade, em que as teorias da conspiração e as notícias falsas tomam o lugar do debate fundamentado”.

    Nada justifica o silêncio sepulcral dos partidos e classe política e especialmente, das instituições públicas e das entidades da sociedade civil organizada.

    Se o problema for o art. 60 da Lei Orgânica do Município, que garante ao vereador a inviolabilidade civil e penal, “por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, no exercício do mandato e no âmbito da circunscrição de sua atuação”, nada impede notas de repúdio e até mesmo de utilidade pública!

    Se não pelas barras da Lei, é preciso que por força da opinião pública, se coloque limite a esse tipo de gente. Não o limite da censura ou algo que vá contra o direito à liberdade de expressão. O limite do repúdio público, na mesma proporção do ataque. Quanto mais baixo é, mais baixo, o troco!

    E que não se alegue a tese da insignificância. As tribunas do Parlamento servem apenas de cenário das produções de vídeos próprios para circular nas redes sociais e suas bolhas. A história nos ensina o que dá não cortar o mal pela raiz.

    A criação do vírus em laboratório, a inutilidade da máscara e outras referências ao infectologista Anthony Fauce no pronunciamento feérico de Chaguinhas, são deturpações das trocas de e-mails entre Fauce e outros cientistas ainda no início da pandemia nos primeiros meses de 2020. As fake news foram desmontadas no Brasil pela Agência Lupa e pelo Projeto Comprova. Nos EUA, por Poynter, Factcheck.org, USA Today e AFP.

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