Deputada homofóbica-cristã crucifica comunidade LGBT do Maranhão. Por Flávia Regina
Do blog buliçoso
A deputada estadual Mical Damasceno (PTB-MA) fez uso de um pronunciamento, em sessão virtual na Assembleia Legislativa do Maranhão, para se declarar “triste”, “chorosa” e “irada” pela aprovação do projeto de lei162/2021, aprovado na sessão plenária da quarta-feira passada (9), que estabelece a obrigatoriedade da comunicação dos casos de violência ou indícios de violência contra a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), atendida em serviços de saúde pública ou privada em todo o Maranhão.
O projeto, de autoria do deputado Adelmo Soares (PCdoB), é uma instrumento fundamental para a justiça em casos de violência e para a elaboração de políticas públicas de combate à violência contra a população LGTQI+. Ele também torna facultativo o uso do nome social nos boletins de ocorrência. O Maranhão, que registro o primeiro crime de homofobia no país, de um indígena tibira, é o quarto estado brasileiro com maior índice de violação dos direitos da população LGBT, conforme informações da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República. Dados de violência contra o segmento foram citados pelo deputado Adelmo na justificativa do projeto.
A deputada Mical Damasceno – conhecida por projetos como o de tornar “patrimônio cultural do Maranhão o hino Harpa Cristã” e pela proposição de conceder à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, a medalha Manuel Beckman, maior honraria do legislativo estadual – chegou a discursar em tom de ameaça à reeleição dos colegas parlamentares.
“Eu quero chamar a atenção dos nobres deputados que já existe uma estatística que, em 2022, os evangélicos serão a maioria do Brasil. Então, se hoje a gente aprova um projeto com (SIC) respeito no que diz esse livro, se nós não nos adequarmos aos pedidos e as solicitações dos eleitores, vai ser difícil o retorno às casas legislativas”, bradou. Veja o vídeo:
Mical Damasceno chegou a dizer que tinha certeza “de que os céus não ficaram felizes com a atitude da Assembleia Legislativa”. “Esta Bíblia, a palavra de Deus, só fala, só trata de dois gêneros: macho e fêmea. Então, como é que nós vamos aprovar projeto de lei se a gente não verifica se esse livro sagrado realmente convém, se convém esse projeto de lei?”, reagiu irada.
O discurso da parlamentar, que diz seguir os ensinamento cristãos, é uma aberração contra a essência da doutrina que estabelece o amor como máxima. Todos os registros históricos em torno da figura extraordinária de Jesus Cristo apontam para o acolhimento a prostitutas, o diálogo com ladrões (sem a tolerância a práticas desonestas), a adoção de códigos de conduta que ensinam, por exemplo, “não julgueis para não serdes julgados”, assim como virtude da bondade, independente de credo, cor ou orientação sexual, a exemplo da Parábola do Bom Samaritano. Mical Damasceno repete os romanos da época do Cristo e crucifica lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queers, intersex e outros.
Esse é o Brasil bolsonarista que – a pretexto religioso ou falso moralista – dissemina cultura do ódio.