Torneira flutuante em Rosário

Henrique Bóis

Moradores, Prefeitura e Câmara municipal de Rosário se uniram em torno de uma causa: a manutenção da torneira flutuante. Abaixo-assinados, várias hashtags (#ficatorneiraflutuante é uma delas), petições públicas de repúdio e apoio dos vereadores, enfim… Historicamente o caso nos remete ao processo dos capuchinhos contra as formigas em São Luís no século XVIII.

A obra é uma invenção do rosariense e secretário de Educação do Município, Joaquim Sousa Neto, inspirada em idênticos existentes em cidades como Bruxelas, na Bélgica, e Otawa, no Canadá.

Um ofício da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan-MA,  enviado pelo superintendente Maurício Itapary para prefeitura de Rosário, alertando sobre a necessidade de informação sobre realização de obra na área onde o órgão requalifica prédios históricos da extinta RFFSA disparou reações ufanistas de tudo quanto é lado.

Além de agradar rosarienses e moradores, a intrigante torneira flutuante se tornou o grande atrativo da cidade. Inicialmente construída com parcos recursos por iniciativa de Joaquim, utilizando um conjunto a caixas d´águas, o monumento prosperou para uma fonte com traços arquitetônicos definidos por um projeto executado pela prefeitura. Segundo Joaquim Neto o custo inicial não excedeu R$ 5 mil. A nova construção não tem valor publicado.

A atração despertou orgulhos ufanistas da população e administração a ponto de autoridades de passagem pela cidade serem convidadas a posar para fotos no local.  Foi assim como secretário de Estado de Educação, Felipe Camarão, e com o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, que posou com o senador Roberto Rocha sábado passado.

Gustavo Canuto, Roberto Rocha, Joaquim Neto, prefeita Irlahi (de verde) e secretários

Joaquim Neto interpretou o ofício do superintende Maurício Itapary como pura dor de cotovelo. O Iphan realiza nas proximidades da torneira flutuantes a recuperação de três prédios do acervo valorado pelo Iphan. Além de Rosário, são valoradas pelo Iphan as estações de Caxias, Santa Rita (Recurso) e Codó. Depois das obras concluídas, os prédios serão repassados para que a prefeitura dos municípios passe a administrar os espaços da forma que entenderem.

“O caso da Torneira flutuante me causa uma grande estranheza. Estava presente quando o IPHAN apresentou a primeira proposta de revitalização do complexo ferroviário. Eles mostraram um slide em que contemplava uma fonte. Devido o alto custo de manutenção, foi retirado do projeto. Hoje temos uma fonte que não afetou em nada os recursos deles que simplesmente querem tirá-lo. Onde está a coerência? Se fosse idéia deles, valia, mas como não é, não pode. Não entendo mais nada”, retruca Joaquim Neto, inventor informal que no passado foi notabilizado por inventar um filtro cerâmico poderoso contra a cólera.

O superintendente do Iphan, Maurício Itapary, diz que não é nada disso. “Não tenho nada contra a obra. O que fizemos foi informar a prefeitura para que nos comunique sobre realização de obra na área em que estamos restaurando os prédios valorados. pelo instituto”, ressalta, embora reconheça que o comunicado à prefeitura teve caráter de notificação.

Neste mesmo ofício, a superintendência considera a obra “irregular” e esclarece em nota técnica, que a torneira “chama demasiada atenção” no início da área do Complexo Ferroviário de Rosário daqueles que chegam a Rosário, vindos da cidade vizinha, no caso, Bacabeira, a mesma da refinaria que nunca nem chegou.

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