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  • PIB maranhense: o direito da população à informação qualificada

    O Jornal O Estado do Maranhão veiculou matéria na terça-feira (31), na qual estima-se que o PIB Real do Estado do Maranhão teria registrado contração de 11,5% no biênio 2016-17. Foi uma notícia impactante, haja vista as previsões amplamente disseminadas entre especialistas, de que o Estado do Maranhão, em 2017, teria sido um dos estados líderes em termos de crescimento no Brasil. Na matéria publicada no Jornal O Estado do Maranhão, cita-se que “As informações foram divulgadas pela consultoria Tendências e têm por base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”.

    O cálculo do PIB do Estado do Maranhão e de seus municípios é realizado pelo IMESC, em convênio com o IBGE, com base em uma ampla gama de informações. A metodologia é padronizada, para que os resultados dos municípios e dos estados sejam coerentes entre si e possam somar-se para a determinação do PIB brasileiro. Importante também observar que o cálculo do PIB maranhense de 2016 será divulgado pelo IMESC, em conjunto com o IBGE, em novembro deste ano, enquanto que o PIB de 2017 será conhecido somente em novembro de 2019.

    No Boletim Trimestral de Conjuntura Econômica Maranhense, divulgado no final de junho, atualizamos as projeções e estimativas para a variação real do PIB maranhense em 2016 e 2017, respectivamente, -4,5% e + 4,8%. Estimativas constituem avaliações com base em um conjunto de informações já disponíveis que representam parte significativa do fenômeno. Este é o caso, por exemplo, da produção agropecuária, sobre a qual, em função do sistema LSPA, já tínhamos uma ideia bem precisa ao final do ano passado. Já projeções, entretanto, possuem maior caráter subjetivo, tendo em vista que são utilizadas informações passadas para fazer avaliações sobre o resultado futuro ou até mesmo levantar hipóteses sobre como poderá ser o resultado no futuro, podendo essa situar-se entre dois extremos (muito otimista ou muito pessimista).

    As estimativas para a produção agropecuária maranhense, em 2017, apontam um crescimento real de 37,8% em 2017, o qual se explica, em parte, pela base fraca em 2016 (efeitos da violenta seca que se abateu sobre o Estado, que levou a uma quebra de quase 50% na produção graneleira do Estado) e, em parte, pela supersafra colhida em 2017. Ponderado pelo peso da agropecuária no PIB maranhense (10,4% em 2015), o crescimento do PIB da agropecuária foi capaz de produzir sozinho cerca de 3,5 pontos percentuais do avanço do PIB naquele ano. Não obstante a forte redução do gasto e das transferências federais no Estado, o elevado volume de investimentos do governo estadual em infraestrutura, saúde, educação e segurança, assim como a realização de concursos e a concessão de reajustes salariais, vêm contribuindo para que o Estado do Maranhão se descole dos resultados regionais e nacionais na geração de empregos formais. Assim, não é possível que possamos colher em 2017 uma contração no PIB maranhense.

    Diante de um erro dessa magnitude, parecia pouco crível que uma Consultoria de grande porte, como a Tendências, pudesse ter disseminado tais informações. Entramos em contato com a consultoria, para conhecermos os estudos ou a entrevista que dera origem à impactante matéria. Para nossa surpresa, o jornal O Estado do Maranhão não havia entrado em contato com a Tendências, tampouco utilizado informações divulgadas pela consultoria – ao contrário disso, publicaram dados inválidos citando a Tendências.

    A matéria do Valor Econômico, por sua vez, divulgada no dia 19/07, aponta o Maranhão como o único caso de “crescimento intenso”, em 2017 (+8,8%), e simplesmente difere completamente das projeções apontadas pelo Jornal o Estado do Maranhão.

    Na condição de Presidente do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos, coloco-me, gentilmente, à disposição do Jornal O Estado do Maranhão e de todos os demais órgãos de Imprensa, para discutir estimativas e projeções relacionadas à dinâmica socioeconômica do Maranhão. A propósito, já fomos procurados com solicitação de esclarecimento, mas sempre com prazo bastante exíguo, portanto, para o benefício de todos, o ideal é que tenhamos um intervalo de tempo minimamente suficiente para expor pesquisas e análises complexas e que haja respeito à integralidade das informações prestadas, de forma a melhor cumprir com a importante função social de informar de maneira qualificada e eficaz a população.

    Por Felipe de Holanda – Presidente do IMESC e Conselheiro do Conselho Federal de Economia – COFECON

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