Sarney conspira para usar PGR contra adversários
O oligarca José Sarney e seu grupo têm uma sede insaciável pelo poder. Fora da política desde 2014, Sarney ainda consegue exercer grande influência nos bastidores de Brasília, principalmente depois da entrada de Temer no governo, que segue rigorosamente seus conselhos. A pouco mais de um ano das eleições de 2018, o ex-senador tenta usar seu prestígio junto à Temer para influenciar o Ministério Público Federal (MPF) contra o governador Flávio Dino (PCdoB).
O jornal O Estado do Maranhão, um dos veículos de comunicação do clã Sarney, destacou que a futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, estaria interessada em reforçar as investigações contra os governadores.
Entretanto, o que o folhetim dos Sarney tenta fazer é associar supostas investigações tendenciosamente associadas à imagem do governador do Maranhão, para tentar depreciar o rival Flávio Dino – embora a Revista Época sequer mencione o gestor maranhense na notícia. O jornal O Estado do Maranhão também não revela ao leitor os detalhes da trama política por trás da nomeação de Raquel Dodge para a chefia do MPF.
Dodge foi a escolhida por Temer para assumir a Procuradoria-Geral da República em substituição a Rodrigo Janot, o mesmo que protocolou denúncia de corrupção passiva contra o presidente pmdebista.
Acontece que a indicação de Raquel Dodge é marcada por controvérsias. A principal delas é que a escolha de Temer ignorou a lista tríplice montada por meio de votação entre os procuradores de todo o Brasil, que apontou Nicolau Dino, irmão do governador do Maranhão, como o preferido da classe para chefiar o órgão.
Principal estrategista de Temer após eclodirem escândalos envolvendo o nome do presidente, as orientações de José Sarney teriam pesado na escolha por Raquel Dodge. A intenção: abafar as denúncias contra Temer e contra políticos da oligarquia, já que Dodge tem proximidade a Temer, além de enfraquecer Flávio Dino para a disputa pelo governo contra Roseana Sarney (PMDB) no próximo ano.
De olho numa possível (porém longínqua) retomada ao poder, o grupo Sarney vem usando todos os métodos possíveis para tentar macular a reputação de Dino e membros do atual governo. É com manobras como essa que a oposição sarneysista vem repercutindo diariamente em suas mídias a mesma cantilena sobre “supostas” irregularidades no aluguel e na obra do prédio que vai abrigar o novo Hospital de Traumatologia e Ortopedia (HTO) do Maranhão, apesar do governo já ter reiteradas vezes esclarecido que todo o valor gasto nas reformas será descontado dos próximos alugueis do imóvel, e que a escolha do prédio foi a opção mais rápida e barata para a gestão estadual oferecer esse tipo de serviço de saúde.
A perseguição a Dino nos jornais da família Sarney, na mídia nacional ou até mesmo no judiciário deverão ser cada vez mais habituais até o início da corrida eleitoral de 2018. Difícil é saber se a estratégia do clã terá efeito nas urnas, já que seus prováveis candidatos no ano que vem ou estão atolados em denúncias, como é o caso do senador Edison Lobão (PMDB), ou sofrem com alta rejeição popular pelo passado político sombrio.
Outro lado
Flávio Dino foi citado na delação de um ex-executivo da Odebrecht por supostamente ter pedido R$ 200 mil para defender na Câmara dos Deputados um projeto de lei que beneficiaria a Odebrecht, enquanto era deputado federal, em 2010. Dino comprovou por meio de documento oficial emitido pela Câmara dos Deputados que sequer participou da referida votação. Assim que foi citado, o governador do Maranhão se defendeu de imediato e publicamente.
“O justo propósito de investigar crimes muitas vezes atinge injustamente pessoas inocentes. É o meu caso. Tenho consciência absolutamente tranquila de jamais ter atendido qualquer interesse da Odebrecht, nos cargos que exerci nos três Poderes. Se um dia houver de fato investigação sobre meu nome, vão encontrar o de sempre: uma vida limpa e honrada. Tenho absoluta certeza de que a verdade vai prevalecer, separando-se o joio do trigo. Inevitável a indignação por ser citado de modo injusto sobre atos que jamais pratiquei. Mas infelizmente faz parte da atual conjuntura”, disse.