Discurso de afogado:‘Bolsonaro não explicou acusações de Moro’, diz Márcio Jerry

“Pega dali, pela daqui e há muita coisa pra se investigar: Marielle, facada, uso indevido da PF, Queiroz, porteiro”, disse o parlamentar

Imagem do pronunciado de Bolsonaro na tarde desta sexta-feira acompanhado de sua equipe com cara de enterro: discurso de afogado

por Nathália Bignon (Vermelho)

O vice-líder do PCdB, Márcio Jerry

Vice-líder do PCdoB, o deputado federal Márcio Jerry (MA) criticou, nesta sexta-feira (24), a desordem e a falta de respostas no discurso do presidente Jair Bolsonaro durante a coletiva desta tarde. O parlamentar também não deixou escapar a falta de menção do presidente à pandemia e às mais de 357 novas mortes por coronavírus registradas no Brasil, no momento em que o país alcança o pico da doença.

Durante o evento em que prometeu que “restabeleceria a verdade” acerca da demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro, o presidente Jair Bolsonaro admitiu que pediu a intervenção da Polícia Federal para apurar a facada que o atingiu em Juiz de Fora (MG), em 2018. Pela manhã, ao anunciar sua saída do Governo, o agora ex-ministro acusou o presidente de cometer uma série de ações que sugerem crime de responsabilidade.

“E sobre a pandemia, sobre milhares de pessoas mortas, milhares de pessoas infectadas?? Para Jair Bolsonaro isso não importa, por isso o desprezo, por isso ignora o assunto. Criminoso”, questionou o parlamentar.

Citando o caso da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), morta com pelo menos quatro tiros na cabeça em abril de 2018, Bolsonaro acusou Moro de se preocupar mais com o crime do que com seu “chefe supremo”, referindo-se a si mesmo, e de ter “compromisso com seu ego e não com o Brasil”.

Vaga no STF

Bolsonaro também acusou o ex-ministro de chantageá-lo para ser indicado ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em troca da substituição do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, exonerado hoje do comando da instituição.

Tudo e nada

“Pega dali, pela daqui e há muita coisa pra se investigar: Marielle, facada, uso indevido da PF, Queiroz, porteiro. É um meliante cínico. E cometendo atos falhos! Bolsonaro totalmente perdido, diz nada com nada”, acrescentou.

Discurso confuso

Ao lado de seus ministros e apoiadores, Bolsonaro ainda fez menção ao amigo Fabrício Queiroz, a Adélio Bispo (acusado pela sua facada), à família de sua mulher, Michelle Bolsonaro, ao filho 04, Jair Renan, e até a um encontro com Sérgio Moro na época em que ainda era deputado. Em mais um momento confuso de sua coletiva, Bolsonaro citou a economia com o fim do aquecimento da piscina olímpica do Palácio da Alvorada, a atuação do Inmetro e até as namoradas de seu filho mais novo.

Sic

Usando a palavra “escrotizar” em rede nacional, o presidente brasileiro reiterou algumas vezes que Sérgio Moro não integrou sua equipe de campanha e que ambos estiveram juntos durante o primeiro turno das eleições, com Moro já em busca de um cargo em seu Governo.

Entre outras mágoas, Bolsonaro afirmou que o ex-juiz da Operação Lava Jato tinha o intuito apenas de colocar um impasse entre ele e o povo brasileiro e não permitira que o ex-ministro o chamasse de mentiroso. “Você não vai me chamar de mentiroso, Senhor Ministro”.

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*Fotos, legendas e acréscimo no título feitas pelo blog

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