
Vídeo com a íntegra do depoimento do prefeito Fábio Gentil nega as afirmações da advogada Anna Graziella de que ele teria confirmado a cooptação de apoio político em troca de convênios para Saúde e asfaltamento de ruas no município de Caxias. Gentil foi arrolado como testemunha de acusação na Ação de Investigação Judicial Eleitoral ajuizada pela Coligação Maranhão Quer Mais (MDB/PV/PSD/PSC/PMB/PRP) contra o então governador reeleito Flávio Dino, por abuso de poder político e econômico nas eleições de 18.
Julgado improcedente pela unanimidade do pleno do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão no final do ano passado, o caso voltou à tona com o recurso ordinário ao Tribunal Superior Eleitoral e a substituição de Graziella, nomeada por Bolsonaro para compor o TRE-MA, pelo ex-ministro do TSE e advogado de Bolsonaro, Admar Gonzaga.
A mudança de comando não alterou a tese de livre convencimento. O recurso ordinário é fundamentado, talvez com um pouco mais de requinte, nas mesmas “provas robustas” creditadas por Graziella. Especulações de blogs, manifestações em redes sociais das supostas lideranças cooptadas e sofismo degenerado.
Admar Gonzaga não só reproduz a mesma tese rejeitada por falta de provas robustas para que se possa afastar legalmente um mandato eletivo conquistado nas urnas. Também sustenta falsamente o testemunho dos prefeitos de Brejo, Caxias e Grajaú. Igual o feitio traçado nas alegações finais apresentadas pela advogada inicial da AIJE.
Transcrevendo trechos e omitindo perguntas e respostas, Graziella constrói a sua narrativa particular. Costureira do Direito, ela adequa os fatos ao tamanho certo do cliente. Observe, por exemplo, a pergunta sublinhada em vermelho na imagem abaixo e compare com o questionamento original.
Ela substituiu “O que lhe motivou a apoiar, um histórico opositor ao grupo político?”, por reticências entre parênteses. E excluiu o que Fábio Gentil fez questão de ressaltar logo de início de sua resposta: “Primeiro, eu não diria opositor histórico. Até porque, acompanhei na sua eleição a deputado federal, bem como na sua primeira tentativa de ser governador do estado do Maranhão. Na segunda, não”.
Ficou lindo, não?
Mais interessante ainda foi a miopia ou a surdez conveniente que a impediu de transcrever: “O sr. sabe dizer se o governador transferiu recursos o para outros municípios da região aí, na saúde?”, e a resposta: “Não sei lhe responder”. Do mesmo modo que a fez ignorar por completo a inquisição sobre o Mais Asfalto.

ASSISTA A ÍNTEGRA DO DEPOIMENTO DE FÁBIO GENTIL
A manobra, no entanto, não logrou êxito. Os depoimentos remodelados dos prefeitos e os acessórios dos blogs do Paraguai não conseguiram evidenciar a “tese sufragada”. Candidato à reeleição, Flávio Dino teria lançado mão de vultuosas transferências voluntárias do Fundo Estadual de Saúde para os fundos de saúde de 75 municípios, às vésperas do período vedado. E, com auxílio do vice-governador Carlos Brandão, utilizou o programa Mais Asfalto com viés eleitoreiro.
Com parecer pela improcedência da ação, a Procuradoria Regional Eleitoral foi mais longe e passou foi um verdadeiro sabão, pela mal ajambrada tentativa de contrariar o desejo do eleitor expresso nas urnas.
“Vale mencionar que a robustez probatória exigida para a incidência das graves sanções previstas para os ilícitos em comento não se confunde com o mero volume elevado de alegações e elementos de prova superficiais sobre fatos esparsos, sem conexão firme e objetiva com cada uma das teses que se pretende provar”, ressaltou.


