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  • Política

    No governo Bolsonaro, gasolina tem maior alta desde novembro

    Reuters – O preço médio da gasolina praticado pela Petrobras em suas refinarias subiu 2,50 por cento nesta sexta-feira, para o maior patamar desde o início de novembro, conforme reajuste informado no site da estatal.

    O litro do combustível fóssil passou a ser comercializado a 1,7287 real por litro, ante 1,6865 real que vigorava até então e o maior valor desde o 1,7293 real observado em 6 de novembro.

    Só neste ano, a cotação da gasolina nas refinarias da petroleira já acumula alta de 14,6 por cento, acompanhando o avanço das referências do petróleo no mercado internacional, um dos parâmetros utilizados pela estatal em sua sistemática de reajustes, que inclui ainda o câmbio.

    Do início do ano até agora, o Brent já subiu mais de 20 por cento, sustentado por cortes de oferta liderados pela Opep e aliados, como a Rússia, além de sanções impostas pelos Estados Unidos sobre o setor petrolífero de Irã e Venezuela.

    Os reajustes quase diários da Petrobras estão em vigor desde meados de 2017. No ano passado, diante de forte volatilidade nos valores, a empresa anunciou um mecanismo de hedge para ajudar a segurar altas na gasolina e no diesel.

    Também nesta sexta-feira, o litro do diesel foi reajustado em 1,91 por cento pela companhia em suas refinarias, a 2,1871 reais por litro.

    Por José Roberto Gomes

    Bolsonaro tira sarro por indicar amigo para emprego de R$ 50 mil na Petrobras

    Da Rede Brasil Atual – O presidente Jair Bolsonaro usou mais uma vez sua conta no Twitter para, desta vez, ironizar as críticas que recebeu pela indicação de um amigo para um cargo de gerente executivo na Petrobras. “Peço desculpas à (sic) grande parte da imprensa por não estar indicando inimigos para postos em meu governo!”, escreveu o presidente. Na manhã de hoje (11), Bolsonaro anunciou, também pela rede social, que Carlos Victor Guerra Nagem será gerente executivo de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras. Nagem foi apontado por Bolsonaro como um “amigo particular” durante campanhas políticas anteriores, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

    Ao anunciar a nomeação, o presidente afirmou que “apesar de brilhante currículo, setores da imprensa dizem que é apenas ‘amigo de Bolsonaro’.” O novo gerente executivo da maior estatal brasileira terá um salário de cerca de R$ 50 mil – a empresa não divulga os vencimentos de seus funcionários. Ele é empregado da companhia há cerca de 11 anos e atualmente está lotado em Curitiba, onde cumpre funções na área de Segurança Corporativa. Ele nunca havia ocupado cargo comissionado na estatal.

    Nagem já se candidatou a cargos públicos pelo PSC duas vezes sob usando a alcunha Capitão Victor, em referência a sua passagem pela Escola Naval. Não teve votos suficientes em nenhuma das eleições de que participou.

    Em 2002, disputou vaga de deputado federal pelo Paraná e em 2016, a vereador da capital paranaense. Nessa campanha, contou com o apoio do atual presidente da República, que apareceu em vídeo pedindo votos para o “amigo particular”. “É um homem, um cidadão que conheço há quase 30 anos. Um homem de respeito, que vai estar à disposição de vocês na Câmara lutando pelos valores familiares. E quem sabe, no futuro, tendo mais uma opção para nos acompanhar até Brasília”, diz Bolsonaro no vídeo.

    Pouco antes da mensagem irônica dirigida à imprensa, o presidente resolveu retirar um trecho de um de seus tuítes sobre o assunto, no qual elogiava a escolha de Nagem. A princípio, ele escreveu: “A seguir o currículo do novo Gerente Executivo de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras: a era do indicado sem capacitação técnica acabou, mesmo que muitos não gostem. Estamos no caminho certo!”.

    A postagem foi alterada minutos depois sem a referência à necessidade de “capacitação técnica”, uma das bandeiras de sua campanha eleitoral: “A seguir o currículo do novo Gerente Executivo de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras, mesmo que muitos não gostem, estamos no caminho certo!”.

    Mamatas?

    A nomeação de Nagem é mais uma que levanta suspeitas de favorecimento a amigos e parentes dos integrantes do alto escalão do novo governo, muitos deles sem a devida qualificação para os cargos indicados.

    É o caso de Antônio Mourão, filho do vice-presidente, o general da reserva Hamilton Mourão, promovido a assessor especial da presidência do Banco do Brasil. Ele é funcionário do banco há 18 anos e ocupava um cargo de assessor empresarial cujos salários giram em torno de R$ 12 mil a R$ 14 mil. Com a promoção, fortemente contestada, passará a receber R$ 36 mil.

    Na quinta-feira (10), o governo Bolsonaro sofreu sua primeira baixa, ao demitir Alex Carreiro, nomeado para dirigir a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) – ligado ao Ministério das Relações Exteriores –, sem nem mesmo saber falar inglês, como exige o cargo. Ao assumir o posto, Carreiro executou demissões em massa de cargos técnicos e administrativos, promovendo o caos no órgão, responsável por desenvolver políticas de comércio exterior.

    Petrobras eleva preço da gasolina a maior nível desde maio


    Exame – A Petrobras elevará os preços da gasolina nas refinarias em 0,59 por cento a partir de quarta-feira, a 2,0369 reais por litro, o maior patamar desde 23 de maio, informou a petroleira em seu site nesta terça-feira.

    Os valores do combustível fóssil vêm avançando nas refinarias da estatal desde 22 de junho, coincidindo com a alta das referências internacionais do petróleo e a apreciação do dólar ante o real.

    Ambos os fatores, mercado externo e câmbio, integram a sistemática de formação de preços de combustíveis da companhia, em vigor desde o ano passado e que prevê reajustes quase que diários.

    No caso do diesel, a cotação segue congelada em 2,0316 reais por litro desde o início de junho, com a empresa se valendo de uma subvenção econômica oferecida pelo governo para evitar oscilações maiores.

    A disparada do diesel, que chegou a atingir uma máxima de 2,3716 reais por litro em maio, esteve no cerne uma greve histórica de caminhoneiros naquele mês, a qual afetou fortemente diversos setores da economia do país.

    A própria subvenção ao preço do diesel foi criada pelo governo na esteira desses protestos.
    A Petrobras reitera há meses que não tem poder de formação de preços dos combustíveis, os quais oscilam ao sabor das condições de mercado. Além disso, destaca, inclusive em propagandas comerciais, que sua cotação responde por cerca de um terço do valor final nos postos.

    Para abastecer investidores internacionais MA poderá perder R$ 900 milhões com redução do ICMS

    Temer, Zé Reinaldo, Wellington e Sarney Filho: entreguismo, interesses             próprios e descaso com a obrigação de servir o povo

    Os deputados federais José Reinaldo Tavares (PSDB) e Sarney Filho (PV), e o estadual Wellington do Curso (PSDB), querem penalizar a população maranhense, especialmente a que mais necessita dos serviços públicos, com a proposta de redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços para diminuir os estratosféricos preços dos combustíveis.

    Tramitando no Senado, projeto que estabelece um teto nacional para o ICMS sobre os combustíveis, inflige um corte de R$ 900 milhões no orçamento do Maranhão, comprometendo drasticamente os investimentos do governo no combate à pobreza no estado.

    Em um exercício de retórica, que beira a insensatez, o trio adultera os fatos para creditar o aumento dos combustíveis à alíquota do ICMS, e não à determinação do governo Temer em garantir o lucro dos investidores internacionais, indiferente ao desastre provocado no Pais pela política de reajuste, atrelada ao dólar, adotada pela Petrobras.

    Lubrificados com óleo de peroba, os deputados abastecem a farsa acusando Flávio Dino pela alta dos derivados de petróleo por se negar a reduzir a alíquota do ICMS, embora o litro cobrado no Maranhão seja um dos mais baratos do País.

    Manifesto divulgado por 25 professores da UFRJ explica que ao decidir manter os preços dos combustíveis alinhados com os preços do mercado internacional, independente dos custos de produção da companhia, a Petrobras “passou a repassar os riscos econômicos da volatilidade dos preços para os consumidores com o objetivo de aumentar os dividendos de seus acionistas”.

    No documento, os professores ainda denunciam a absurda estratégia de reduzir em 31,9% a capacidade das refinarias, para exportar petróleo bruto e importar gasolina e diesel. “Nesse processo, os brasileiros pagaram os custos da ociosidade das refinarias da Petrobras e aproximadamente US$ 730 milhões anuais pelo refino do seu óleo no exterior”.

    Mas, o que é impagável mesmo é a desfaçatez dos autores do projeto, Randolfe Rodrigues (REDE – AP) e Romero Jucá (PMDB-RR), por sinal o líder do governo Temer no Senado, que fixa alíquota máxima do ICMS em 18% para a gasolina e o álcool e 7% para o diesel.

    Romero Jucá e Randolff Rodrigues: Projeto para bancar os lucros do sistema financeiro    internacional às custas do sacrifício da                                   população

    No traçado do cifrão, a gloriosa dupla faz uma banguela histórica para defender a necessidade do sacrifício dos governos estaduais e federal para amortizar os constantes reajustes da gasolina e do diesel em refinarias para seguir a banca internacional e a flutuação do câmbio.

    A aprovação do teto para a cobrança do ICMS dos combustíveis, uma das principais receitas dos estados, o Maranhão que arrecadou R$ 1,8 bilhão em 2017 com alíquotas de 26% para a gasolina (um dos menores do Brasil) e o álcool, e 18% para o diesel, terá uma redução de 50% na arrecadação incidente nas operações com combustíveis.

    Para completar a garantia do lucro máximo ao sistema financeiro internacional em detrimento dos interesses da sociedade brasileira, Michel Temer cortou mais de R$ 1,2 bilhão do orçamento, dentre outros programas sociais, da Saúde, Educação e Saneamento para bancar o subsídio ao preço do diesel.

    Na mesma combustão, os deputados maranhenses, os senadores e o presidente dividem o  tanque reservado para servir as elites econômicas às custas das riquezas do País e da pobreza da maioria da população.

    Tio Sam agradece!

    Embora sem provas, PGR reconhece que delação contra Roseana é verossímil

     Pedidos de arquivamento da Procuradoria ao Supremo são semelhantes

    Dos 68 inquéritos da Lava Jato abertos em 2015, PGR pediu arquivamento de 7

    Zavascki os acolhe automaticamente para não contrariar jurisprudência 

    A ex-governadora Roseana Sarney se faz de vítima e lança nota transformando arquivamento em atestado de inocência

    MANIPULAÇÃO: A ex-governadora Roseana Sarney se faz de vítima e lança nota, lida em tom dramático na TV Mirante, transformando arquivamento em atestado de inocência

    Matéria divulgada pela Folha de São Paulo neste domingo revela que a ex-governadora Roseana Sarney não tem o que comemorar inocência com a decisão do Supremo Tribunal Federal em aceitar o pedido de arquivamento do seu inquérito solicitado pela Procuradoria-Geral da República.

    O ministro relator da Lava Jato, Teori Zavascki, tem acolhido automaticamente todos os pedidos de arquivamentos feitos pela PGR ressaltando em suas decisões que a jurisprudência do tribunal torna “irrecusável” o arquivamento quando requerido pela procuradoria.

    Mas nesse sábado, o jornal da Tv Mirante, empresa do sistema de comunicação da família Sarney,  resolveu manipular a opinião pública ao ler em tom dramático nota da ex-governadora ressaltando que foi feito justiça, como se o Supremo tivesse lhe dado um atestado de inocência!

    Para completar a desfaçatez, os sete pedidos de arquivamento de inquéritos encaminhados pela PGR ao STF possuem fundamentos e textos semelhantes, como o que ocorreu na última quinta-feira, 25, com a ex-governadora.

    Em todos a procuradoria informa a ausência de “elementos suficientes para a deflagração de ação penal” e ao mesmo tempo reconhece que as declarações dos delatores são “verossímeis”, embora “o esforço investigativo empreendido não tenha logrado êxito em angariar outras fontes que pudessem corroborá-los”.

    O ministro relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki: arquivamentos automáticos para não contrariar jurisprudência

         O ministro relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki: arquivamentos automáticos 

    PROPINAS ELEITORAIS

    O inquérito contra Roseana foi aberto em março de 2015 e apurava a delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que a apontou como destinatária de R$ 2 milhões em propinas para financiar a sua campanha eleitoral ao governo do Maranhão em 2010.

    De um total de 68 e duas investigações preliminares abertos desde março do ano passado, sete foram arquivados a pedido da PGR e três a pedido da Polícia Federal, segundo levantamento do matutino paulista.

    O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, autor da delação contra Roseana

    O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, autor da delação contra Roseana

    A Folha ainda observa que o método de investigação da procuradoria, que comanda as apurações, é diferente do adotado pela força tarefa da Lava Jato na 13ª Vara federal de Curitiba (PR), onde atua o juiz federal Sergio Mouro.

    A PGR, explica os jornalistas Rubens Valente e Camila Mattoso, autores da reportagem, pediu ao STF a abertura de um inquérito para cada parlamentar ou para grupos de parlamentares citados nas delações premiadas; e na capital paranaense, em regra, a delação foi feita dentro de um inquérito em andamento.

    Além da ausência de delegados da PF durante os depoimentos das principais delações comandadas por Rodrigo Janot; em Brasília a investigação gira em torno de confirmar ou não a narrativa do delator; enquanto que em Curitiba a delação geralmente serve para reforçar uma apuração.

    DIVERGÊNCIAS

    De acordo com o jornal há incômodo na Polícia Federal sobre a maneira pela qual os depoimentos das delações são tomadas, sem a participação de policiais, e sobre o momento em que são homologados no Supremo.

    Os investigadores da PF defendem que antes da homologação deveria haver uma apuração prévia sobre o conteúdo dos depoimentos, e discordam que os inquéritos no STF sejam abertos a partir dos nomes dos citados pelos delatores, por contrariar uma orientação interna de se investigar fatos e crimes, e não pessoas.

    Os políticos que tiveram casos arquivados são os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Aécio Neves (PSDB-MG), Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Edison Lobão (PMDB=MA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), os deputados federais Simão Sessim (PP-RJ) e Júlio Delgado (PSB-MG) e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB-MA).

    Até o momento, na segunda devem ser homologadas as delações dos diretores da Odebrecht, três desses, Renan, Aécio e Lobão, continuam sob investigação em outros inquéritos na Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

    Livro sobre a Petrobras revela que escândalos de corrupção começaram no governo Sarney

    A Revista Exame desta semana publica trechos exclusivos do livro “Petrobras – Uma História de Orgulho e Vergonha” da jornalista Roberta Paduan. Segundo a publicação, o então presidente Sarney protegeu seu amigo e compadre, presidente da BR Distribuidora, o general Albérico Barroso Alves, acusado de montar um esquema para saquear a estatal em conluio com instituições financeiras que aceitassem operar a fraude.

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    EXAME – Em meados de 1989, o então presidente da Petrobas, Carlos Sant’Anna, chamou um grupo de funcionários para uma reunião que começou com o seguinte discurso: ‘Precisamos de uma estratégia para proteger a Petrobras’. E continuou: ‘Não temos mais o general daqui para resolver os problemas com o general de lá’. Sant’Anna referia-se à relação direta entre os militares que comandaram o país após o golpe de 1964 e os presidentes da estatal, muitos dos quais também foram militares. Até aquele momento, a Petrobras tinha sido presidida por militares em 25 dos 35 anos de sua existência. E a maioria dos presidentes civis que comandaram a petroleira até ali era altamente identificada com a cultura militar. Sant’Anna era exceção. Formado em geografia e história, começou a trabalhar na Petrobras como temporário e, em 1958, foi efetivado ao passar num concurso público. Galgou cargos até chegar à presidência em abril de 1989.

    Naquele ano, a situação do país não era de ruptura, como em 1964, mas o cenário mostrava-se altamente desafiador. O Brasil vivia um período de efervescência política e de grave crise econômica. O presidente José Sarney finalizava seu mandato e, depois de 25 anos, os brasileiros se preparavam para votar novamente para presidente da República. Na economia, o país beirava o caos. A inflação fechou 1989 em inacreditáveis 1.972%. Para a Petrobras, a explosão dos preços e a desvalorização cambial eram ainda mais nocivas. O governo impedia a estatal de reajustar o preço dos combustíveis, numa tentativa inútil de segurar a inflação. A empresa perdia 100 milhões de dólares por mês devido à defasagem no preço de seus produtos. Depois de ter registrado em balanço lucros acima do bilhão de dólares (em 1986 e 1988), a Petrobras apresentou em 1989 um resultado que se limitava a 160 milhões, muito pouco para uma gigante com mais de 80 000 funcionários na folha de pagamentos.

    petrobras 4Nesse ambiente, o que era um dos cargos mais cobiçados do Brasil, a presidência da Petrobras, transformou-se num desafio não tão atraente. Nos cinco anos de governo Sarney, a empresa teve cinco presidentes, uma rotatividade inédita. Sant’Anna temia um futuro pouco venturoso para a estatal, e ele não estava sozinho. Os funcionários com mais tempo de empresa, principalmente os que ocupavam cargo de gestão, já tinham percebido que a democratização aumentaria a exposição da empresa ao uso político. ‘Os políticos civis vieram com um apetite danado para cima da Petrobras’, disse Roberto Villa, diretor industrial da Petrobras na época.

    O primeiro grande escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras veio a público no final de 1988, por meio de uma reportagem da jornalista Suely Caldas, do jornal O Estado de S. Paulo. A reportagem revelou que dirigentes de três bancos privados – Bradesco, BCN e Banco Geral do Comércio – haviam procurado Armando Guedes Coelho, então presidente da empresa, para fazer uma denúncia. Eles diziam que um funcionário da BR Distribuidora estava por trás de um esquema montado para saquear a estatal em conluio com instituições financeiras que aceitassem operar a fraude.

    petrobras 3O golpe se daria no serviço de cobrança realizado por diversos bancos contratados pela BR e consistia em receber o pagamento das duplicatas de inúmeros postos de combustíveis que compravam produtos da BR. No trâmite normal, os bancos eram remunerados com um percentual de cada cobrança realizada em nome da BR. O banco que ‘colaborasse’ no esquema seria privilegiado com uma fatia maior das cobranças da companhia. Para isso, a instituição financeira teria de fraudar a data de recebimento dos pagamentos, aplicar o dinheiro – sem que a BR soubesse – e dividir os ganhos da aplicação com o proponente do negócio ilícito. Num período de inflação alta, os ganhos seriam altos. A pessoa que visitara os bancos propondo o esquema garantia ter o aval de executivos do alto escalão da subsidiária. A instituição financeira que não ‘colaborasse’ trabalharia menos ou não trabalharia para a empresa.

    Ao receber a denúncia, o presidente da Petrobras, Armando Coelho, afastou toda a direção da BR e abriu uma investigação interna. A apuração, realizada em dez dias, confirmou que bancos pouco expressivos, escolhidos sem obedecer aos critérios normalmente utilizados pela estatal, vinham recebendo depósitos milionários em razão das cobranças feitas para a BR. A pessoa que visitava os bancos era Eid Mansur, que não trabalhava nem lá nem na Petrobras. Entretanto, Mansur dizia ser diretamente ligado a Geraldo Magela de Oliveira e Geraldo Nóbrega, dois assistentes do presidente da BR, o general Albérico Barroso Alves, o Barrosinho, como era conhecido nas Forças Armadas. O problema é que o general Barroso era amigo e compadre do presidente José Sarney. Foi ele que o nomeou como diretor industrial da Petrobras e presidente da subsidiária BR (os diretores da petroleira costumavam acumular a presidência de uma das subsidiárias do grupo).

    Ao final, a comissão interna que investigou o caso concluiu que Eid Mansur fazia parte de uma quadrilha formada por Magela e Nóbrega, ambos levados para a BR Distribuidora havia poucos meses por Barroso. Depois que a história foi parar no jornal, o Legislativo criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Em depoimento à CPI, Magela, Nóbrega e o general Barroso negaram conhecer Mansur.

    petrobrás 1No dia seguinte aos depoimentos na CPI, porém, a jornalista Suely Caldas recebeu um telefonema de um funcionário da estatal que tinha um vídeo que desmentia a versão dos três envolvidos. Nas imagens captadas numa festa da BR, o general Barroso e seus subordinados Magela e Nóbrega brindavam alegremente com taças de champanhe com Mansur. Uma nova reportagem estampou uma sequência de fotos que mostravam Mansur se dirigindo a Barroso, enquanto apoiava a mão esquerda nas costas do general e apontava para Magela com a mão direita. Nóbrega, o quarto elemento da foto, observava ao fundo. A reportagem demoliu o falso testemunho dos três.

    Os dois assessores de Barroso foram demitidos, mas Armando Coelho não conseguiu afastar o general presidente da BR. Ao telefonar para Sarney e pedir a ele que demitisse Barroso, Coelho ouviu uma resposta desconcertante do presidente. ‘Eu não demito amigos’, teria dito Sarney ao então presidente da Petrobras. Diante do argumento, Coelho entregou o cargo. Alegou que não podia trabalhar com um diretor em quem não confiava, e foi contratado por uma fábrica de catalisadores que pertencia à Petrobras. Depois, aceitou o convite para dirigir a Suzano Petroquímica. Barroso permaneceu ainda algum tempo na diretoria da Petrobras e na presidência da BR, mas foi remanejado para a presidência da Petrofértíl, subsidiária de fertilizantes do grupo, onde ficou por poucos meses, logo deixando a empresa de vez. Mais tarde, descobriu-se que Coelho teve total apoio de Ernesto Geisel, ex-presidente da República e ex-presidente da Petrobras, para realizar a investigação. Geisel, que ainda contava com alto prestígio político, convenceu os militares a não proteger o general Barroso.

    Atualmente, Coelho não aceita falar sobre o diálogo que teve com Sarney. Mas também não desmente a história contada por dois auxiliares que eram muito próximos a ele na época. Ambos confirmam que ficaram estupefatos com a justificativa do presidente da República, confidenciada pelo chefe no calor dos acontecimentos. Ao comunicar sua saída da empresa aos diretores e gerentes no auditório da Petrobrás, Coelho foi aplaudido de pé por quase 5 minutos. Mais do que uma homenagem ao presidente que deixava o cargo, as palmas dos funcionários eram um protesto contra o ataque à empresa e a saída de um presidente que não aceitou acobertar a corrupção.

    Mais interferências

    Depois do escândalo, o fato é que em 1989 a Petrobras não tinha um plano estratégico. E era o que Carlos Sant’Anna pretendia mudar. Por quatro meses, a equipe incumbida de elaborar o plano discutiu cenários econômicos e políticos, nacionais e internacionais, com 40 executivos da companhia. Ao final, chegaram à conclusão de que, nos novos tempos de competição global que se anunciavam, a raiz nacionalista da empresa deveria ser substituída por eficiência e competitividade perante as maiores e melhores petroleiras do mundo. Só assim as empresas e os países prosperariam. Essa foi uma das principais mensagens do plano.

    Coordenado pelo engenheiro José Paulo Silveira, superintendente da área de planejamento da estatal, o trabalho foi finalizado em 15 de dezembro de 1989. O plano foi aprovado pelo conselho da Petrobras em janeiro do ano seguinte e divulgado por Sant’Anna aos gerentes num auditório lotado. Quase dois meses depois, no domingo de 4 de fevereiro de 1990, o plano foi parar no jornal O Estado de S. Paulo .. O título era ‘Petrobrás muda para os anos 1990’. A reportagem deixou o presidente eleito, Fernando Collor, furioso. Ele ainda não havia tomado posse, o que aconteceria em 15 de março. Em sua interpretação, o tal plano estratégico era uma forma de resistência ao seu governo. Assim que assumiu, destituiu não só o presidente e os diretores como também metade do grupo de gestores logo abaixo deles. Sant’Anna aproveitou para se aposentar. E o que seria o primeiro plano estratégico da Petrobras acabou engavetado”.

  • Deu no D.O

    • A coluna Deu no D.O. está no ar com os generosos contratos dos nossos divinos gestores públicos. Dos caixões (R$ 214 mil) de Itapecuru-Mirim ao material de limpeza de Coroatá (R$ 2 milhões), ainda figuram Viana, Matões, Porto Rico e São José de Ribamar. 
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