Mulher condenada por matar cães e gatos tem pena aumentada para 17 anos de cadeia
POR JUSSARA SOARES
O GLOBO
SÃO PAULO — Condenada em 2015 a 12 anos de prisão por matar 37 cães e gatos, a dona de casa Dalva Lina da Silva teve, na quinta-feira, sua pena aumentada para 17 anos e seis meses de reclusão em decisão de segunda instância da 10ª Câmara de Direito Criminal em São Paulo. Nesta sexta-feira, ao cumprir o mandado de prisão, policiais da Delegacia do Meio Ambiente e a promotora do caso não conseguiram localizar a mulher, que passou a ser considerada foragida pela Justiça.
O caso é considerado emblemático na luta dos direitos dos animais, visto que é a primeira vez que alguém no Brasil é condenado com uma pena tão severa por maltratar cães e gatos.
Na nova decisão da Justiça, Dalva Lina foi condenada a 16 anos e seis meses pela morte dos animais, além de um ano por uso de medicamentos de uso restrito a médicos veterinários. A dona de casa, segundo os autos, executava os bichos com uma injeção no coração.
O crime veio à tona, em 2012, depois que uma ONG contratou um detetive particular para investigar Dalva, que era conhecida por acolher e cuidar de animais. Na época, protetores de animais passaram a desconfiar pela rapidez com que ela dizia arrumar lares para os bichos.
O detetive flagrou Dalva colocando sacos de lixo na frente da casa de uma vizinha no bairro da Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo. A polícia foi chamada e encontrou os animais enrolados, individualmente, em panos e jornais. Dentro casa, foram encontrados uma cadela e oitos gatos vivos.
A dona de casa foi detida em flagrante suspeita das mortes, mas aguardava o julgamento do recurso em liberdade. Atualmente, Dalva vivia em um prédio no bairro da Aclimação e se apresentava como Margarida Ladeira.
Quando os policiais chegaram ao local, o porteiro a reconheceu por foto e informou que ela deixou a casa às 11h de quinta-feira. A mulher também não foi encontrada em nenhum dos outros três endereços declarados à Justiça.
— Esta condenação com este nível de severidade é única no mundo e é totalmente inédita no Brasil. Esperamos que este caso dê incentivo para outros juízes que atuam nesta área — disse a promotora Vânia Tuglio.
Informações sobre o paradeiro de Dalva Lina devem ser encaminhadas à 1ª e 2ª Delegacia de Meio Ambiente, pelo número 181 ou diretamente ao Grupo Especial de Crimes Ambientes (Gecap), do Ministério Público de São Paulo.
— Ela fugiu provavelmente avisada pela sua defesa sobre a decisão. É importante dar um desfecho para este caso — disse a promotora.