
Desde o fim do Carnaval, quando a pandemia de coronavírus anunciava sua chegada ao Brasil, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), de 51 anos, vem correndo para abrir hospitais e aumentar o número de leitos de UTI. Até o momento são 150 a mais, exclusivos para receber pacientes infectados pela Covid-19. No plano nacional, Dino se uniu aos demais governadores para pedir auxílio ao Governo Federal. Em entrevista ao EL PAÍS por telefone na semana passada, ele teceu elogios ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), mas se referiu ao presidente Jair Bolsonaro como “irresponsável”, “totalmente alheio à realidade”.(…)
Apesar do isolamento, Bolsonaro não é Dilma nem Temer. Sua popularidade ainda ronda os 30%. Seu discurso de volta ao trabalho faz eco entre segmentos populares. Faz sentido acreditar que o Governo Bolsonaro acabou, como alguns analistas vêm dizendo? R. Hoje ele ainda mantém, de fato, esse, apoio. Mas a leitura praticamente unânime dos analistas políticos é que, como se diz no mercado financeiro, o viés é de baixa. Ele não deseja sair disso. Eu te juro que quando ele chamou a reunião dos governadores, eu cheguei a achar que ele tinha sido feito uma inclinação mais na linha institucional que os militares e Mandetta vêm defendendo. Eu disse “graças a Deus, pelo menos no meio da crise a gente não vai ter confusão política”.
Aí no dia seguinte ele vai para a televisão, inspirado pelo gabinete do ódio, e faz o que faz. Então, se ele não se sensibiliza diante de mortes, diante de perdas de vidas humanas, diante de tragédias… São profissionais saúde adoecendo, o risco de colapso no sistema é gigantesco. Só um irresponsável não enxerga isso. Então, você tem um conjunto de situações gravíssimas e, ao mesmo tempo, um presidente alheio a isso.
