
Na edição desta segunda-feira (23) do Valor Econômico, o governador do Maranhão, Flávio Dino, afirma a necessidade emergencial do Governo Federal ouvir e orientar os Estados. Até agora, segundo Dino, o que tem acontecido é exatamente o oposto a isso.
“Paulo Guedes tem que chamar uma reunião com os Estados. No meio de uma crise gravíssima como essa, sanitária e econômica, de saúde pública, o governo federal ignora os Estados. Ignora, como se não existíssemos! Isso é um escândalo absoluto”, afirmou o governador do Maranhão.
Segundo ele, apenas o ministro de Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem se mostrado preocupado em inserir os Estados nas decisões. “A exceção é o ministro Mandetta, que tem conversado com todos os secretários de Saúde e tenta organizar alguma coisa”, afirmou o governador.
Flávio Dino ainda antecipou os efeitos econômicos da crise da covid-19. Segundo ele vai provocar uma “hecatombe fiscal”: “só o Maranhão vai perder R$ 1 bilhão de receitas neste ano.” Em todo o Nordeste, a estimativa é que a perda de receita poderá atingir 25% com a crise, de acordo com o governador de Alagoas, Renan Filho, que também conversou com Valor (MDB).
Entre os outros governadores ouvidos, o sentimento é o mesmo: há inercia do Governo Federal frente a maior crise sanitária e econômica que o Brasil já experimentou. A solução dada pelos governadores é que o presidente Jair Bolsonaro, ao contrário de atrapalhar, poderia montar, com urgência, uma coordenação nacional que trabalhe junto com os Estados.
Atuando por contra própria, diante de um Governo Federal quase paralisado, as medidas que os governadores estão implementando, segundo Flávio, são as possíveis, dentro da margem de atuação que possuem.
“A gente faz uma medida aqui, outra acolá, compensatória. Botei o álcool gel na cesta básica, para diminuir ICMS. São pequenas medidas, porque não temos espaço fiscal nos Estados e não temos instrumentos de política econômica. Eu não tenho o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal. Eu não posso emitir títulos da dívida pública”, contou Flávio.
