A manobra de Sarney para tomar de assalto o Porto Grande e entregar para o amigo Nemesio
A resolução da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – Antaq da última quarta-feira, dia 6, determinando que a Companhia Docas do Pará – CDP suspenda os efeitos da homologação da cessão do Terminal do Porto Grande, na zona rural de São Luís, ao consórcio formado pelas empresas DTA Engenharia Ltda e Servi-Porto – Serviços Portuários Ltda, trouxe à tona a suspeita de uma operação montada pelo clã Sarney para continuar fazendo negócios às custas do patrimônio público, mesmo após perder o domínio do estado.
Afinal, por que cargas d’água uma companhia do Pará administra e explora uma área portuária no Maranhão?
E o que a teria levado, menos de quatro meses depois de assinar convênio de descentralização com o Ministério dos Transportes, a realizar um leilão, cujo uma das empresas do consórcio vencedor, a Servi-Porto, é a mesma que por muitos anos se apropriou desse mesmo terminal durante o governo Roseana?
Para completar o bacorejo, sabe por quanto o martelo foi batido?
Por R$ 32.179,00, isto mesmo, 32 mil reais por uma área portuária no Distrito Industrial de São Luís com 128.716,00 m2 e 5.600,00 m2 de área construída!
Embora o motivo da suspensão da homologação do leilão seja o processo que tramita na Justiça, contestando a rescisão abrupta do termo de cessão que permitia o governo do Maranhão a administrar o Porto Grande até 2021, não se pode negar o odor que estes questionamentos exalam.
Acreditar na insuficiência desses ingredientes para apontar a manobra de Sarney é subestimar o astrolábio alheio.
Uma leitura mais atenta com a medição do ângulo que o Sol faz com o horizonte, facilmente se observa que a fedentina tem origem no descaminho por águas turvas que levou o terminal maranhense até o Pará em uma operação que envolveu o Ibama e o Ministério dos Transportes.
Tudo para devolver o terminal à empresa do amigo Nemesio Brandão Neves, a Servi-Porto, depois que ela foi desalojada em 2015 com a posse do governador Flávio Dino, que recorreu à Justiça contra a irregular ocupação privada do terminal por obra da nebulosa gestão da EMAP sob o governo Roseana.
Com a perda do berço esplêndido, o clã movimentou os seus tentáculos no submundo do Planalto Central para que a empresa amiga voltasse a faturar com o patrimônio público, conforme política que perdurou no estado por 40 anos, enriquecendo poucos e empobrecendo a maioria da população.
A urdidura teve início em 2016, quando por ordem do então ministro do meio-ambiente Sarney Filho – pelo menos é o que nos faz crer as tábuas de maré – o Ibama tomou de assalto o Porto Grande, rescindindo unilateralmente o termo de cessão assinado em 2011 que transferiu ao governo do Maranhão a gestão do terminal pelo prazo de dez anos.
Em seguida, no último ano do governo Temer e antes que o ministro perdesse o posto e a eleição para o Senado, resolveram ignorar que a legalidade da ruptura repentina do convênio estava sendo questionada na Justiça, e em maio de 2018 o Ibama celebrou um termo de cessão de uso gratuito da área portuária no Maranhão com o Ministério dos Transportes.
Três meses depois em uma celeridade vertiginosa, o ministério transferiu a administração e exploração do Porto Grande, através de convênio de descentralização assinado no dia 31 de agosto, para a Companhia Docas do Pará.
No ritmo do carimbó e antes mesmo de tirar a fantasia de Papai Noel, a companhia paraense atende aos desejos do clã, e realiza no dia 26 de dezembro o leilão que consagrou a vitória do consórcio do qual a Servi-Porto faz parte.
O Porto Grande é considerado de grande importância para a competitividade do estado no setor portuário, especialmente por sua localização privilegiada, com grande potencial para o desenvolvimento econômico do Maranhão.
A intenção era utilizá-lo como apoio nas operações do Itaqui, cumprindo um papel complementar e de suporte às embarcações de pequeno porte, como rebocadores, além de corroborar às atividades off shore, segundo planejara a equipe da EMAP, ainda confiante que a Justiça desfaça esse atentado contra o patrimônio de todos os maranhenses.
Mas para os integrantes perturbados da nau dos insensatos sarneysistas, que “nem sabem nem se importam para onde estão indo”, o que interessa é utilizar o Estado para realizar negócios e manter a fartura da família e dos amigos.
A população que sobreviva à base de chibé!