Documentos comprovam que Adriano e Sarney Filho usaram helicópteros públicos em campanha
Na semana passada, A Procuradoria Geral do Maranhão (PGE) apresentou ação de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito contra o ex-ministro e hoje secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Sarney Filho (PV-MA), e seu filho o deputado estadual Adriano Sarney (PV-MA) por uso de um helicóptero oficial do Estado para fins pessoais e eleitorais.
Na campanha de 2014 o filho e o neto de José Sarney (MDB-MA) usaram um helicóptero público, alugado pela Secretaria do Meio Ambiente do Maranhão (SEMA), em transporte para eventos de campanha no interior do Estado. A ação aponta o ato de improbidade administrativa com indícios de enriquecimento ilícito.

Pagamentos feitos pela Secretaria de Meio Ambiente a PMR: datas e destinos semelhantes a agenda política de Sarney Filho e Adriano Sarney

O voo realizado em 27 de agosto de 2014, para a cidade de São Vicente de Férrer/MA “coincide” com a agenda de campanha do Deputado Estadual Adriano Sarney e do Deputado Federal Sarney Filho, no município
Documentos e fotos comprovam a extrema coincidência entre os voos da PMR, empresa contratada pela Secretaria de Meio Ambiente, durante o governo Roseana Sarney, e a agenda de campanha do irmão e do sobrinho da chefe maior, respectivamente, no interior do Estado, conforme publicações nas suas páginas nas redes sociais.
Os rastros são vários e demonstram a provável rota da ilegalidade traçada durante as campanhas de Sarney Filho que buscava o nono mandato de deputado federal, e de Adriano Sarney, que disputava o seu primeiro mandato de deputado estadual.
Ao analisar os processos de pagamento da SEMA para a PMR, observa-se que apesar de devidamente contratado e empenhado em 2013 e no primeiro semestre de 2014, a demanda da prestação dos serviços só surgiu a partir de julho, mês que iniciou a propaganda eleitoral.
Para completar, os doze voos pagos pela secretaria de Meio Ambiente, comandada pela secretária indicada por Sarney Filho, Genilde Campagnaro, coincidem com os compromissos de campanha amplamente divulgados em perfis oficiais nas redes sociais, inclusive entre os horários dos eventos e os anotados nos diários de bordo das aeronaves.
Na possível tentativa de evitar possíveis turbulências, encobrindo os indícios, Adriano acabou aumentando os vestígios da trajetória ilícita ao declarar ao Tribunal Superior Eleitoral ter contratado os serviços da PMR por R$ 4 mil, valor que não corresponde ao praticado pela própria empresa a nenhum dos destinos apontados na similaridade de agenda de campanha com os voos financiados pelo governo do estado.
De acordo com a planilha de desembolso, o trecho mais barato pago pela SEMA foi São Luís – Mirinzal, que custou R$ 6 mil. Calcula-se que “o pagamento tenha servido apenas para, caso necessário e descoberto, mascarar o benefício indevido do desvio de recursos públicos”.

O voo realizado em 15 de agosto de 2014, para a cidade de Barreirinhas/MA compatível
com a agenda de campanha do
Deputado Federal Sarney Filho
Hipótese reforçada com a constatação de que na contabilidade eletrônica apresentada ao TSE, embora tenha sido lançado corretamente o CNPJ da empresa, da sua razão social foi excluído o principal nome, “PMR”, ficando apenas “Táxi e Manutenção Aeronáutica S/A”. Tais fatos, diz o relatório do PIP, “podem configurar a prática de lavagem de dinheiro, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.613/1998”.
Após várias diligências, a Comissão constatou que os voos ordenados e pagos pela SEMA não atenderam nenhuma de suas missões institucionais, por não haver qualquer evidência de que tenha se tratado de prestação de serviço visando o interesse público.
“Os diários de bordo das aeronaves provam apenas que os voos foram realizados, mas não apontam os passageiros dos voos e nem a finalidade do transporte aéreo e os depoimentos dos servidores das áreas administrativas e finalísticas da SEMA comprovam que os voos não serviram para a fiscalização ambiental, posto que as equipes ou se deslocavam pela via terrestre ou, quando necessário, se deslocavam com o apoio de helicópteros da Polícia, especificamente, do Grupo Tático Aéreo – GTA”, diz o relatório conclusivo da comissão de investigação.