Aluísio Mendes: audiência pública, como peça essencial na construção do falso espetáculo da realidade
Em prisão preventiva desde novembro do ano passado, sob a acusação de integrar um esquema de proteção a uma quadrilha de assaltantes de banco no interior do Maranhão, o ex-delegado Tiago Bardal não poderá participar, mesmo com autorização da Justiça, da audiência pública, marcada para o dia 2 de julho, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara Federal.
O impedimento é por força do Ato nº 52, de 17/09/2015, da mesa diretora da Casa, que só permite a realização de oitiva de pessoa submetida a pena privativa de liberdade ou a prisão processual, quando solicitada por “Comissão Parlamentar de Inquérito ou pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, para fins de instrução de inquérito parlamentar ou processo político-disciplinar, respectivamente”.
Aprovada no dia 12 de junho, a audiência com Tiago Bardal e o delegado licenciado por problemas de saúde, Ney Anderson, foi proposta pelo deputado Aluísio Mendes (Pode) para apurar as denúncias de que o Sistema de Segurança Pública do Estado do Maranhão “estaria investigando ilegalmente o Poder Judiciário do Estado, Parlamentares e adversários políticos do atual governo”.
Ao limitar, no entanto, a apuração das denúncias a seus autores, a audiência de Aluísio se revela um mal-ajambrado artifício político para atingir o governador Flávio Dino (PCdoB), dentre tantos forjados nesses quatro anos e meio de governo.
Tiago Bardal cumpre prisão preventiva na carceragem da delegacia da Cidade Operária
Ora, se verdade fosse o interesse do deputado em promover a audiência para que a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado possa ajudar a apurar as referidas denúncias, ele deveria ter convidado o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, o secretário de segurança Jefferson Portela, e outros delegados que comandam o sistema de segurança do estado.
Chega a ser imoral abrir os microfones da Câmara dos Deputados para que um preso repita as acusações contra o secretário de segurança Jefferson Portela feitas durante audiência na 2ª Vara Criminal de São Luís, como uma espécie de estratégia de defesa.
Ao denunciar Portela de grampear e investigar ilegalmente desembargadores, direcionar e arquivar inquéritos, dentre outros abusos ilegais, e ao mesmo tempo ressaltar que se negou a cumprir algumas dessas ordens, Tiago Bardal procura atestar a sua inocência.
A narrativa de perseguição coloca em dúvidas as investigações que levaram a sua prisão e a sentar no banco dos réus.
Na mesma linha de defesa, surge o delegado Ney Anderson, testemunhando como verdade as denúncias de aparelhamento político do Sistema de Segurança do Estado, com o acréscimo de outros desvios de conduta do secretário.
E tudo através de cartas enviadas cronometricamente à blogs logo após o depoimento de Bardal, ampliando o “escândalo” iniciado na 2ª Vara Criminal.
Sem apresentar nenhuma prova ou indício, a dupla ganhou notoriedade na mídia que faz oposição ao governo Flávio Dino (PCdoB), independente de um estar preso e outro de licença médica por transtornos psiquiátricos.
Na bem armada manipulação da opinião pública, coube a Aluísio Mendes o importante papel de fazer aprovar a audiência pública, peça essencial na construção desse falso espetáculo da realidade.
Com a artimanha que lhe é peculiar, o deputado no requerimento à Comissão solicitando a audiência apresenta Tiago Bardal, expulso em abril deste ano dos quadros da Secretaria de Segurança Pública e preso por determinação da Justiça, como delegado da Polícia Civil, e Ney Anderson como delegado licenciado, sem qualquer referência aos motivos dessa licença!
Se conseguiu esconder as condições criminal e mental dos “delegados” e convenceu a Comissão da necessidade de convidá-los para ajudar na apuração do caso, Aluísio Mendes escorregou em um erro de digitação e acabou expondo a sua origem.
No requerimento, o delegado licenciado é chamado de Sr.Ney Anderson!
Aliás, por que será que Aluísio Mendes não tenta instaurar uma CPI para realmente investigar todas as denúncias de Bardal e Sr.Ney, inclusive o suposto pedido de arquivamento do caso Décio Sá?
Leia a íntegra do requerimento de Aluísio Mendes Aqui