Pela segunda vez, PMDB assume o governo pela via indireta
Alan Marques (FOLHA)
A ascensão definitiva de Michel Temer ao poder com a conclusão do impeachment da presidente Dilma Rousseff marca a segunda vez que o PMDB assume o governo federal pela via indireta. O interino toma posse no Congresso ainda nesta quarta-feira (31).
A primeira vez foi em janeiro 1985 com a eleição de Tancredo Neves, que morreu antes da posse, e de seu vice, José Sarney, que assumiu o cargo. A chapa Tancredo-Sarney venceu no Colégio Eleitoral após a derrota da campanha das Diretas Já e da emenda Dante de Oliveira, que instituía as eleições diretas para presidente da República. Foi a última eleição indireta do Brasil, regida ainda pela Constituição de 1967.
Na ocasião, a população elegeu os membros do Colégio Eleitoral –composto de membros do Congresso Nacional e representantes das Assembleias Legislativas dos Estados– que, por sua vez, escolheram o presidente.
Hoje, com a votação no Senado, o Congresso Nacional terá, ao tirar Dilma, colocado novamente um peemedebista no topo do executivo.
Temer não teria o mesmo sucesso pelo voto direto. Na pesquisa Datafolha de julho, ele aparece com cerca de 5% das intenções de voto nos diversos cenários de primeiro turno das eleições presidenciais. O índice é inferior ao da taxa de brancos e nulos, que nunca ficou abaixo de 14% nas simulações testadas, e próximo ao de indecisos, que nunca ficou abaixo de 6%.
O peemedebista ainda sofre rejeição de 29%, empatado com o senador Aécio Neves e abaixo apenas do ex-presidente Lula, que tem 46% de rejeição.
A aprovação de sua gestão, ainda na interinidade, era de 14%. A taxa é similar à avaliação da gestão de Dilma que, antes de seu afastamento, tinha 13% de aprovação.
Nas eleições diretas ao Planalto o PMDB nunca se saiu bem. Ulysses Guimarães obteve 4,7% dos votos válidos em 1989, e Orestes Quércia, apenas 4,4% em 1994.
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