O escritor e mago brasileiro, Paulo Coelho

Tudo em torno de Paulo Coelho é superlativo. Do banheiro para visitas decorado com um quadro assinado por Andy Warhol, ao elevador de vidro que vai da sala de estar ao enorme terraço sob os Alpes suíços. Dos mais de 325 milhões de livros vendidos e um bilhão de leitores em 150 países, ao recorde de escritor vivo mais traduzido do mundo e quase 50 milhões de seguidores em redes sociais. Da tortura a que foi submetido durante três meses, em 1974, à forma contundente como critica o governo brasileiro, em 2019.

Em seu apartamento, em Genebra, o escritor revelou o que pensa sobre Jair Bolsonaro e disse à BBC News Brasil estar cumprindo um “compromisso histórico”. “O esfacelamento daquilo que o nosso país representava.” “Um delírio.” “Um Brasil totalmente polarizado” que está “caminhando para o mesmo clima de terror” da ditadura.

“O compromisso histórico é não ficar calado. Eu tenho que falar. Vou perder leitores? Vou. Tenho perdido? Devo estar perdendo? Não sei. Eu não fico contabilizando”, diz, enquanto a esposa Christina Oiticica, que acompanha a entrevista, assente com um leve gesto de aprovação.

Em livros como Hippie, o mais recente (2018), ou O Aleph, de 2010, Paulo Coelho alerta que o passado pode destruir o presente. Mas, na entrevista, ele decide lembrar com detalhes dos meses em que foi espancado, teve os genitais presos a eletrodos e foi trancafiado nu, com um capuz, em uma sala gelada e escura por agentes da ditadura. “Se o passado se repete no presente, já não é mais passado, é presente.”

Em mais de uma hora de conversa, o escritor também fala sobre o momento em que rompeu com o PT (“estou fora”), a desilusão com o comunismo (“tudo cinza e triste”), a experiência no caminho de Santiago de Compostela (“a jornada é o que conta, e isso vale para política e religião”) e a relação com os críticos (“sobrevivi a todos”).

Também dá sua opinião sobre figuras contemporâneas como os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), o papa Francisco, o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, o YouTuber Felipe Neto e o pintor Romero Brito. Fala ainda sobre Jesus: “mais politicamente incorreto, impossível”.

Leia aqui a entrevista na íntegra.

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