O antagonismo do Maranhão à educação de Alckmin
Em tempos de antipolítica, o jovem de 35 anos se mostra aguerrido na pasta de educação da gestão do governo “comunista” de Flávio Dino (PC do B – MA).
Além de outras pautas, fazíamos uma reportagem num sarau em homenagem ao centenário do escritor Maranhense, Josué Montello (falecido em 2006, aos 86 anos), no final da tarde do último sábado (26), no centro histórico de São Luiz, quando Felipe chegou. Sorridente e sendo cumprimentado por diversas pessoas que acompanhavam o evento, o secretário parece mesmo ser bem quisto na cidade e logo, claro, ficamos curiosos para saber quem era aquele jovem. Nos apresentamos, e de cara topou conversar conosco. “Os Jornalistas Livres, opa! Conheço vocês. ”
Felipe realiza naquele Estado uma gestão que caminha na contramão do governador de SP. Se declara contra o fechamento de escolas e lança programas que as gestões dos secretários de educação de Alckmin em SP, governo que, com mais de 20 anos no poder, jamais teve interesse em executar tais “façanhas”.
Natural do Rio de Janeiro, filho de um maranhense e uma carioca, Felipe Costa Camarão chegou criança ao Maranhão, onde cresceu. Formado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ele é mestre em Direito. Aos 23 anos, iniciou sua carreira profissional dirigindo o Procon/MA, em 2005. A convite do governador Flávio Dino (PC do B), em 1º de Janeiro de 2015 assumiu a Secretaria de Estado da Gestão e Previdência. E depois, em agosto deste mesmo ano, passou a ser secretário de Estado da Cultura.
Mas seu afeto pela educação vem mesmo das salas de aula. Felipe vem de uma família de educadores e desde os 16 anos já trabalhava dando aulas de inglês, hoje é professor de Direito em cursos de pós- graduação e de graduação da UFMA e da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB), tudo lá no MA. “Meu objetivo é proporcionar ao povo a mesma educação pública e de qualidade que tive acesso.” Declara Felipe, quando questionamos sobre o significado do tema em sua vida.
Em posição tradicional, como político, discursando na entrega da escola no interior do MADurante a conversa, ele lembrou da educação para os mais pobres e fez uma citação que Flávio Dino usa para comparar oportunidades entre classes sociais: “Eu não poderia disputar uma corrida de 100 metros com o Usain Bolt partindo do mesmo ponto, porque isso seria uma covardia, Bolt é um atleta muito mais preparado do que eu, por isso, o esforço para darmos a mesma oportunidade para todos. As pessoas mais pobres não têm chance de “treinar como Bolt. Aqui no MA as crianças já nascem sem pré-natal, não há escolas boas na educação fundamental, ensino médio, então como se compete com a classe média e ricos que treinam como Bolt?. Não quero que as pessoas sejam escolhidas eventualmente, todos devem ter as mesmas alternativas.”
O jovem secretário se mostra aberto aos debates mais “picantes” no tema da educação. Ele nos contou que é contra qualquer tipo de repressão à estudantes, ao contrário do governo em SP, que em todas as manifestações da época em que mais de 200 escolas foram ocupadas contra a reorganização escolar, repreendeu com violência secundaristas nas ruas da cidade.
Ao contrário de fechar escolas, Felipe nos conta como funciona o projeto “Escola Digna” que pretende aumentar o número de unidades. Esse programa substitui escolas de taipas por estruturas dignas. E por falar em escolas de taipas, ele nos conta que sentiu tristeza profunda quando fez o diagnóstico da situação do Estado com estruturas inadequadas. “Foi uma profunda dor quando soubemos. Estamos tentando reparar um erro histórico. O projeto não pressupõe somente levar estrutura física, mas levamos água para a escola e para o povoado.” Com um dos menores IDH’s do Brasil, o povoado de Governador Nilton Belo, recebeu na semana passada, uma dessas escolas.
Ao final da conversa, Felipe manda um recado para Alckmin e governantes que colocam a educação como pasta prioritária em suas gestões “o que resolve o problema do Brasil é a educação. Não adianta ficar com preconceito contra movimentos sociais, com governo comunista e política pública, Só a educação resolve o problemas da vida das pessoas”.
por Katia Passos