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  • O CAMINHO DAS PEDRAS

    No ritmo da cidadania, Fórum do Reggae une gerações na luta por políticas públicas

    Nomes históricos do reggae maranhense estão lado a lado com jovens novos agentes dessa cultura, todos e todas conscientes de que se trata de uma luta cidadã e de uma construção coletiva.

    Objetivos claros, cidadania e construção coletiva fazem o movimento reggae se organizar pensando no futuro da cena jamaicana do Maranhão.

    Imagine a força de um grupo formado por regueiros e regueiras de ofício, gente que está envolvida nesse universo de alguma maneira, seja na arte e no entretenimento, criando moda ou prestando serviços. Pois essa é a configuração do Fórum do Reggae do Maranhão – FORMAR, que desde julho vem se reunindo e avançando em torno de um pleito primordial: políticas públicas para a Cultura Reggae, eleita como Patrimônio Cultural Imaterial pela Unesco.

    Primordial e inédito, pois quando se fala em fomento e recursos públicos, a cena reggae local parece mais um Deserto do Saara, não uma Jamaica.

    Prestígio tem

    O reggae tem pelo menos 50 anos de história no Maranhão, que se apropriou dessa música jamaicana de maneira massiva, surpreendente, um fenômeno propalado em todo o Brasil e mundo afora. As radiolas estão presentes em praticamente todas as festas populares e religiosas, integradas às tradições, brincadeiras e cultos, quase sempre como principal garantidora de público e de recursos nesses eventos.

    Estamos na Jamaica Brasileira, como sabemos. Mais que esse epíteto consagrado, São Luís foi reconhecida agora como Capital Nacional do Reggae, Lei Federal que vem se somar a outras em níveis estadual e municipal, como a que institui o Dia Municipal do Regueiro. Ou seja, em termos de prestígio e reconhecimento, o reggae no Maranhão vai muito bem.

    Para além dos aspectos musicais e culturais, o reggae movimenta ainda um mercado enorme, de imensuráveis benefícios para o comércio e o turismo em geral, assim como para a cadeia produtiva direta, formada por radioleiros e radioleiras, DJs, dançarinos e dançarinas, culinaristas, trancistas, artesãos e artesãs, produtores e técnicos em um sem fim de atividades cruciais para a economia do estado.

    Pois bem, a despeito de tudo isso, o Maranhão não oferece qualquer política pública para a Cultura Reggae – algo que até a cidade de São Paulo, entre outras do Brasil, já têm. Ora, como assim?

    Todo mundo junto

    Já em seu primeiro chamamento, divulgado no final de junho, o Fórum do Reggae dizia exatamente a que vinha: “Um encontro aberto para discussão de pautas de interesse coletivo e, principalmente, encaminhamento de propostas para políticas públicas, editais, leis municipais e estaduais que contemplem a Cultura Reggae na capital e em todo o estado”.

    E quatro meses depois de sua formação, contando apenas oito reuniões até o final de outubro, o grupo já se prepara para encaminhar as propostas de texto para lei e edital aos poderes legislativo e executivo.

    ‘’Estamos dançando conforme a música’’, afirma um dos membros, que assim como os demais prefere não se identificar, evitando qualquer protagonismo. Essa é uma das marcas distintivas do grupo, diz ele: “O Fórum do Reggae não tem liderança, não tem corpo diretivo, não é uma entidade, não representa interesses particulares, mas sim os interesses coletivos e sociais dos agentes e da comunidade ligados à Cultura Reggae”

    .Conforme uma das DJs, o verdadeiro patrimônio do grupo é a união dos interessados no universo do reggae: “Esse todo-mundo-junto nos dá entusiasmo’’, diz ela. “O encontro permite intercâmbio de informações, soluções e boas ideias, e já está gerando iniciativas pra facilitar a conquista de poli ́ ticas públicas, trazer estrutura e visibilidade pro reggae”.

    Esse diferencial do Fórum, de mirar uma lei para que os investimentos na Cultura Reggae sejam regulares e permanentes, não importando a alternância no governo, parece ter cativado toda a comunidade.

    Uma construção cidadã

    O primeiro encontro aconteceu no Teatro João do Vale, o segundo no prédio do nCurso de História da UEMA e, a partir daí, o Fórum se fixou na sede do GDAM, no Parque do Bom Menino. As reuniões têm algumas liturgias, começam sempre com os participantes se apresentando brevemente, todos sentados em círculo.

    A coordenação e a secretaria não têm nomes fixos, a escolha é feita ali na hora, democraticamente, e então começam as trocas de ideias e as votações, seguindo a pauta combinada. Nomes históricos do reggae maranhense estão ali, lado a lado com jovens novos agentes dessa cultura, todos e todas conscientes de que se trata de uma luta cidadã e de uma construção coletiva.

    O Fórum do Reggae leva em conta e dá seguimento a iniciativas anteriores, que de alguma maneira tentaram reunir a comunidade em torno de uma causa. Pessoas que fizeram parte desses grupos hoje compõem o Fórum, trazendo experiência e sugestões para que ele se torne mais efetivo e conquiste seus objetivos.

    Firme no passo, o Fórum vem primeiro trabalhando para encaminhar suas propostas à Assembléia Legislativa, mirando uma Lei, um Programa de Fomento e pelo menos um edital anual por parte do Governo do Estado, mas não descarta fazer isso também na Câmara de Vereadores, em nível municipal.


    MAIS INFORMAÇÕES

    Rose Ferreira – (098) 98882-0297

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