Na reta final da caravana pelos nove Estados do Nordeste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou na tarde desta segunda-feira (4) em São Luís (MA) e evitou marcar um encontro com o ex-presidente José Sarney (PMDB).
Lula foi recepcionado pelo governador do Estado, Flavio Dino (PCdoB), e por um pequeno grupo de militantes e simpatizantes do PT e PCdoB no hotel em que está hospedado. À noite, o ex-presidente participará de um jantar com Dino, em um aceno político ao opositor da família Sarney no Maranhão.
Entre as lideranças políticas ligadas a Sarney no Estado, havia a expectativa de um encontro de Lula com o pemedebista. Dirigentes do PT e a assessoria do ex-presidente petista, no entanto, afirmaram que Lula deve participar apenas de reuniões articuladas pelo partido e pelo PCdoB.
O presidente estadual do PT, Augusto Lobato, disse que a visita de Lula ao Estado deve marcar a aproximação do ex-presidente ao atual governador. Lideranças do PCdoB e do PT do Maranhão esperam ter o apoio do ex-presidente petista à reeleição de Dino, em 2018, contra um candidato do grupo sarneysista.
“Está descartada qualquer conversa de Lula com Sarney na caravana no Maranhão. Lula é amigo de Sarney e eles têm boa relação, mas aqui estamos com Dino”, disse o presidente do PT-MA.
Nas disputas eleitorais de 2010 e 2014, Lula e a direção nacional do PT apoiaram as candidaturas ao governo do Estado de Roseana Sarney e Lobão Filho, integrantes do grupo sarneysista – em detrimento a Dino. Uma parte da base petista no Estado, no entanto, apoiou o atual governador, mesmo à revelia da cúpula nacional petista.
O PT tem duas secretarias no governo estadual (Esporte e Direitos Humanos) e espera indicar a vice na chapa de reeleição de Dino.
Durante a caravana, no entanto, Lula fez elogios públicos a José Sarney, ex-presidente da República e ex-presidente do Senado. Em entrevista em Pernambuco, o ex-presidente disse que é grato ao pemedebista. “Sou grato a Sarney. É importante que se diga. Sou grato a Sarney como presidente do Senado. Teve um tempo que as pessoas queriam que eu rompesse com Sarney. E eu iria ganhar de presente o Marconi Perillo [PSDB-GO] como presidente do Senado”, disse Lula, na entrevista.
Em gesto de cortesia, Sarney ligou para Lula, mas os dois ex-presidentes não acertaram nenhum encontro no Maranhão, segundo petistas.
Reta final
Nesta terça-feira, Lula deve participar do último dia de sua caravana pelo Nordeste, para divulgar sua eventual pré-candidatura à Presidência em 2018. O petista deve visitar obras no porto de Itaqui e no fim da tarde e fazer o discurso de encerramento perto do prédio do governo estadual, em evento com a militância.
O ex-presidente rodou os nove Estados do Nordeste a bordo de um ônibus, mas no trecho de Teresina a São Luís, nesta segunda-feira, preferiu um voo em um jatinho fretado.
Lula está acompanhado no Estado por sua filha Lurian Silva, presidente do diretório de Maricá; pelos vice-presidentes petistas Marcio Macedo e Alberto Cantalice; o tesoureiro Emídio de Souza; deputados Benedita da Silva (RJ), Wadih Damous (PT-RJ), e pelo líder do MST, João Pedro Stédile.
Moro
O PT e movimentos sociais se desmobilizaram para acompanhar o segundo depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, no próximo dia 13. O partido e as entidades populares devem fazer um ato em solidariedade ao ex-presidente na capital paranaense, mas em proporção menor do que foi realizado no primeiro depoimento, em maio.
Segundo Emídio de Souza, as manifestações devem ser articuladas pelo diretório local do partido, no Paraná, e não pelo nacional. “Vai ser [um ato] bem menor. Não queremos grandes mobilizações”, disse Emídio. “Não vai ter comitiva do Brasil inteiro como foi em maio”, afirmou.
Marcio Macedo disse que a prioridade agora é a caravana de Lula pelo Nordeste. “Agora só estamos pensando na caravana”, afirmou.
No primeiro depoimento, há quatro meses, o PT e as frentes de esquerda Brasil Popular e Povo Sem Medo levaram dezenas de ônibus com simpatizantes de Lula de diversos Estados e fizeram um acampamento com centenas de pessoas em Curitiba. Os militantes acompanharam o ex-presidente até o local em que o petista falou ao juiz.
Será o segundo encontro de Lula com Moro, depois de o juiz ter condenado o petista a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá.
A defesa de Lula pediu para que o depoimento seja pessoalmente em Curitiba e não por videoconferência, como havia determinado Moro. O juiz não aceitou outro pedido dos advogados do ex-presidente, de adiar o depoimento. Lula é acusado de aceitar promessa de propina da Odebrecht para comprar um imóvel para o Instituto Lula, na capital paulista.
Do site Valor