A nota que o deputado federal Waldir Maranhão lançou – tenha ele escrito ou não – nesta sexta-feira para justificar sua filiação ao PSDB, revela nas entrelinhas que o seu maior problema não é a incompetência oratória – bandido bom de bico é o que não falta – que permitiu que a mídia golpista o transformasse no maior facínora da política brasileira por tentar anular, quando na presidência interina da Câmara dos Deputados, a sessão que aprovou a admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff; mas a cambaleante trajetória de um político sem causa e sem sentido.
No comunicado, “em respeito ao povo maranhense”, Waldir faz jus ao bigode que carrega sob a venta e lhe condiciona o olfato.
Sem farejar o próprio rastro, ele faz acrobacias para negar os reais motivos da rejeição de sua filiação ao Partido dos Trabalhadores, ao mesmo tempo que os ilumina tamanha as contradições expostas em suas piruetas.
De cabo a rabo, a nota não passa de uma conversa fiada, onde entre outras preciosidades de botequim, afirma que o deputado procurou o PT para colocar-se à disposição para ser candidato ao Senado, com o intuito de contribuir com o projeto político nacional, “tendo o companheiro Lula como presidente”.
E exala, sem o menor prurido, que o objetivo da sua candidatura era “apresentar um projeto coletivo de sociedade tendo o PT como protagonista político no processo eleitoral de 2018”, e não um ato voluntário de sua parte em querer ser senador de qualquer jeito.
Tudo mentira!
Desde 2016, ele já anunciava que pretendia disputar a eleição para o Senado, e fez pré-campanha, independente de sua filiação partidária, acreditando que conseguiria conjugar apoios que garantissem uma das duas vagas na chapa majoritária do governador Flávio Dino.
Como a estratégia não resultou em pontos nas pesquisas eleitorais, a saída foi buscar o PT, não o partido, mas o tempo de TV, com o qual poderia condicionar a aliança com o PCdoB à sua candidatura majoritária.
Que projeto coletivo de sociedade seria esse, se ele não construiu sua candidatura através do diálogo com os dirigentes estaduais da legenda?
Ou será que o seu projeto coletivo de sociedade é o mesmo da oligarquia, já que pediu o apoio de Sarney, seu parceiro de buço e de pose, e dos petistas que ocuparam cargos no governo Roseana, para garantir sua filiação?
Com tantos passos em falso, ainda resolve culpar Flávio Dino pela decisão da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, em rejeitar o seu pedido de filiação, revelando a verdade pecuniária/eleitoral do seu gesto em 2016.
A fatura é cobrada na nota quando lamenta que o governador que o convenceu a anular o impeachment da presidente Dilma, tenha promovido “uma verdadeira intervenção branca” para evitar a sua entrada nos quadros do partido.
Para completar a soma dos seus disparates e acentuar sua falsidade, se filou ao PSDB, o partido que fomentou o impeachment e o ódio contra as políticas sociais sociais da esquerda.
E o que é pior, independente do lado da moeda, repete o mesmo discurso de um novo horizonte para o Brasil e para o Maranhão, resultado de suas convicções políticas.
Talvez as mesmas do poema Metamorfose Dois, do poeta José Paulo Paes:
“quando lhe veio à lembrança
que bicho é pai de bicho
o pai de Gregório Samsa
juntou-se ao filho no lixo”
Esse é o verdadeiro Waldir Maranhão!