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  • MEMÓRIAS DO CÁRCERE

    Mical suspende defesa de Jefferson depois de carta acusar Bolsonaro de ser viciado em dinheiro público

    Mical Damasceno

    Antes fervorosa leoa com a camisa estampando a foto do ex-deputado Roberto Jefferson, a deputada Mical Damasceno (PTB) entrou em uma espécie de letargia mental, depois que o petebista amado, dizendo-se abandonado, escreveu uma carta acusando o presidente Jair Bolsonaro e seu filho Flávio de serem viciados em dinheiro público.

    A mais de 70 dias preso no complexo penitenciário de Bangu, Jefferson diz que ao se aproximar de figuras do centrão, como Ciro Nogueira e Valdemar da Costa Neto, Bolsonaro cercou-se de “viciados” e, consequentemente, se tornou um deles: “Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio”.

    Conhecedora das delícias de presidir, por designação de Jefferson ainda presidente nacional do PTB, a legenda no Maranhão, Mical, além de ser adoradora de Bolsonaro, teme um possível abraço de afogado. A carta do encarcerado provocou um verdadeiro racha no PTB. Um grupo de deputados entrou no STF pedindo o afastamento definitivo do ex-deputado da presidência nacional da agremiação.

    Nas suas redes sociais, Mical tem sido questionada sobre as missivas de Bob Jefferson contra o mito.

    Se ficar ao lado do petebista entra na linha de tiro dos bolsonaristas. Se apoiar Bolsonaro, vai ser chamada de traidora pelos petebistas fieis ao prisioneiro, que pediu afastamento temporário da presidência do PTB, enquanto permanece em prisão preventiva.

    A esposa do ex-deputado que assumiu precariamente o comando do partido tenta colocar panos quentes afirmando que a carta do marido foi um desabafo comum à quem se sente abandonado.

    O próprio Jefferson escreveu uma outra carta criticando Bolsonaro. Nesta diz que o presidente não recolhe seus feridos e nunca lhe enviou um cartão sequer lhe desejando saúde.

    Enquanto isso, a barraqueira Mical vai se esgueirando pelo silêncio protetor dos aproveitadores que se dizem tementes a palavra de Deus.

    “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outros, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”- Mateus 6.

    Mas como ensina o dito popular: “Ninguém sabe o que calado quer”.

    Leia a carta na íntegra:

    O Bolsonaro era a ruptura. Foi eleito para romper com uma velha política, que teve origem na redemocratização, toma lá dá cá, governo de coalização, cada partido recebe um naco da administração e se remunera. E o povo?

    “O povo que se lasque”.

    O Bolsonaro deveria ter aprofundado a ruptura, os choques seriam intensos, como o rugido das ondas nas paredes rochosas dos litorais. Mas ressaqueado até que passasse esse ciclo da lua. Quando tudo, tudo, seguiria o retorno da nova liderança. Mas ele foi cercado pelas figuras do Centrão, que o fizeram capitular frente aos rosnados das bestas famintas de dinheiro público. E o povo? O povo gostaria de ver as bestas enjauladas ou abatidas a tiros pelos caçadores. Mas o presidente tentou uma convivência impossível entre o bem e o mal. Acreditou nas facilidades do dinheiro público, Esse vício é pior que o vício em êxtase, quem faz sexo com êxtase tem o maior orgasmo ou ejaculação que o corpo humano de Deus pode proporcionar. Gozou com êxtase, para sempre dependente dele. Desfrutou do prazer decorrente do dinheiro público, ganho com facilidade, nunca mais se abdica desse gozo paroxístico que ele proporpciona.

    Bolsonaro cercou-se com viciados em êxtase com dinheiro público; Farias, Valdemar, Ciro Nogueira, não voltará aos trilhos da austeridade de comportamento. Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio.

    Nosso caminho é outro. Queremos um governo dos justos, que felicite e orgulhe o povo. Um governo que não roube e não deixe roubar. Um governo que sirva o povo, não se sirva dele. Um governo que trabalhe com o poder do amor, jamais com o amor do poder.

    Reparem, quando eu quis construir um partido com bases nas expectativas honradas do povo brasileiro, abri mão de lideranças viciadas em velhas práticas; Rondon, Albuquerque, Campos, Cristiane, Benito, Armando, Arnon Bezerra, etc…

    Não é fácil fazer a mudança, ela machuca até a gente, pois temos que atingir gente que amamos, mas que se recusa a compreender os novos objetivos.

    Bolsonaro precisava peitar.

    se os filhos atrapalham, remova-os. Valdemar Costa neto e Ciro Nogueira puxam para trás qualquer mudança de práticas, para uma nova vereda de austeridade e honra”.

     

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