Lamarck e Tio Gal se embolam no meio de campo em Maracaçumé onde a Covid não tem vez
Terra de Adelino Nascimento, o brega mais famoso que o Maranhão já teve, Maracaçumé vive dias tensionados. A disputa entre os candidatos a prefeito Lamarck (DEM) e Tio Gal (PL) tem levado multidões para comícios turbinados em puro malte e sem obediência a qualquer protocolo sanitário.
No domingo, 11, à noite o agropecuarista Lamarck, que tem como único bem elencado à Justiça Eleitoral 400 cabeças de gado avaliadas em R$ 600 mil, arrastou mais de 3 mil pessoas a partir do bairro São Francisco pelas marginais da BR-316.
Adversário do candidato sobrinho do atual prefeito, Tio Gal tem no poderio econômico de Josimar Maranhãozinho seu grande trunfo. Em levantamentos realizados sobre intenções de voto, a sucessão está confusa na margem de erro: metade para um lado, metade para outro.
Maracaçumé (etimologicamente chocalho de cabra) é uma cidade antiga, construída ainda no século XIX, mas emancipada com a política de expansão da Colone na década de 70. Quilombolas e indígenas povoaram a cidade se miscigenando aos chineses da Companhia Maranhense de Mineração e com imigrantes em busca de terras para pecuária. Pela estimativa do IBGE, o município possui pouco mais de 21 mil habitantes.
Nas atividades de campanha, a maioria dos participantes são jovens. Idosos sem qualquer temor do novo coronavírus tremulam bandeirinhas no alto como prova de apoio. Todos sem máscaras e sem mínimo distanciamento do grupo correligionário.
Na cidade, há convicção de que a Covid-19 foi liquidada. Mas de 500 nomes de pessoas de Maracaçumé estão no boletim da Covid, onúmero de óbitos é impreciso já que muitos pacientes seguem para atendimento nos municípios vizinhos e retornam nas urnas fúnebres.
Os problemas de Maracaçumé em relação à saúde estão no patamar do absurdo. Há médicos que concedem alta a pacientes no meio da noite, mais preocupado em tirar a carga de despesa do hospital do município. As poucas ruas asfaltadas, demostram as precárias condições de infraestrutura da cidade. O lixo é deixado de lado, melhor dizendo jogado na margem das ruas cheias de matos.
Na rede pública municipal de ensino, a pandemia adensou o atraso na educação
mensurado pela nota baixa no Ideb (3.5, em 2019).