Após denúncia de interferência nas investigações, proximidade das eleições aumenta importância da CPI do MEC

A denúncia do delegado da Polícia Federal no caso do ex-ministro Milton Ribeiro de que houve interferência na investigação reforça a importância da criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o balcão do MEC, como pretende o requerimento com as 28 assinaturas (uma a mais) necessárias apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Em mensagem encaminhada a outras pessoas que participaram da Operação Acesso Pago, deflagrada na quarta-feira, o delegado Bruno Calandrini diz que a operação foi “prejudicada” em razão do tratamento diferenciado dado pela polícia ao ex-ministro do governo Bolsonaro.

Calandrini ressalta que não tem autonomia “investigativa para conduzir o inquérito deste caso com independência e segurança institucional”.

LEIA MAIS

Bolsonaro normaliza corrupção de Milton Ribeiro: “foi só tráfico de influência”

Milton Ribeiro é solto após decisão de desembargador

Vai queimar: Bolsonaro insiste e diz que põe a mão no fogo por Milton Ribeiro

Polícia Federal destaca data que Milton Ribeiro negociou carro a filha de pastor

Antes mesmo do protocolo do pedido de investigação, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco antecipou ainda na quarta-feira que a CPI não seria instalada com facilidade. Alega que em um “momento eleitoral e muito próximo das eleições, isto de fato é algo que prejudica o escopo de uma CPI”.

No entanto, ignora o presidente Pacheco que a não instalação da CPI, neste caso, onde o próprio delegado que preside o inquérito diz que não tem autonomia investigativa, prejudica é o julgamento do eleitorado.

A investigação pública permitiria ao eleitor melhor juízo na hora do voto. Teria oportunidade de analisar sem os apetrechos da propaganda os candidatos à reeleição, inclusive ao Senado e à Câmara Federal. E não apenas Bolsonaro, apesar do seu envolvimento direto no esquema, segundo denúncias.

É importante observar que o pagamento de propina é feito com dinheiro público, numa transação inversa. Não é o empresário que superfatura um serviço prestado para poder pagar o político que garantiu a obra, mas é o prefeito ou o deputado ou senador, através das emendas secretas, que paga o empresário evangélico.

A propina não é pela obra, mas pela liberação dos recursos do Fundo Nacional de Educação. Sem a possibilidade do superfaturamento, esse dinheiro ou ouro sai de onde?

A instalação da Comissão depende da leitura do requerimento protocolado na mesa diretora no plenário pelo presidente da Casa. No ano passado, ele segurou por mais de dois meses a instalação da CPI da Covid, lendo o pedido apenas após decisão do STF.

Nesta quinta-feira o juiz federal, o maranhense Ney Belo, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1a Região) levou a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e de todos os presos durante a operação da PF, entre eles os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais que Azulejos: Por que o Palacete da Rua Formosa deve ser a Casa da Imprensa Maranhense

PF constata que vigília serviria para encobrir fuga após registro de violação de tornozeleira – Leia íntegra do pedido de prisão

PF prende Bolsonaro sem algemas e sem exposição midiática por determinação do STF

I.A. do Google manipula narrativa para negar tentativa de Trump intervir no STF

Deu no D.O

Festa da Juçara é oportunidade de inserir fruto maranhense no mercado

"Quando o mal triunfa o bem se esconde; quando o bem aparece, o mal fica de tocaia"

Wisława Szymborska