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  • VACINA CONTRA POBRE

    A defensora pública, a desigualdade da vacina e a invisibilidade social expressa na entrevista de Joel Nunes à TV Mirante

    O termo invisibilidade social é utilizado para fazer referência a pessoas socialmente invisíveis, seja pela indiferença, seja pelo preconceito. Segundo o psicólogo Fernando Braga da Costa, autor do livro Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social, “ O Estado não cuida dessas pessoas porque não há interesse humano nisso”.

     

    Em artigo publicado no Jornal Pequeno, a defensora pública titular do Núcleo de Direitos Humanos (DPE-MA) Clarice Binda revela as desigualdades sociais por trás da festejada taxa de vacinação contra a Covid-19 promovida pela prefeitura de São Luís. Os dados do Sistema de Informações do Plano Nacional de Imunização (SI-PNI), disponível no site do Ministério da Saúde, acessados por Clarice Binda, não deixam dúvidas que as taxas de vacinação nos bairros mais pobres são bem menores do que os registrados nas áreas nobres da capital.

    Enquanto bairros como o Calhau tem 105% de seus moradores vacinados com pelo menos uma dose, “superando a totalidade”, e Ponta do Farol, 70%, a Vila Embratel tem 41%, o Coroadinho, 38%, e a Cidade Olímpica, 14%.

    Sem qualquer viés político, mas tão somente com o objetivo de alertar sobre uma situação revelada pelos números oficiais da vacinação, por sinal enviados ao Ministério da Saúde pela própria prefeitura de São Luís, a defensora diz em seu artigo que as desigualdades resultam da centralização dos postos de vacinação.

    “Quando vemos postos de vacinação instalados em sua grande maioria nas áreas nobres da capital, além de 4 deles serem por Drive-Thru, o que claramente não atinge a população mais vulnerável, vê-se que é possível melhorar a gestão da vacinação para aumentar a cobertura vacinal da nossa cidade”.

    Clarice Binder lembra que oportunizar a vacina para todos os ludovicenses, independente de sua posição dentro da ilha, deveria ser uma meta a ser perseguida pelos gestores públicos, principalmente levando em conta que a pandemia agravou ainda mais as desigualdades sociais.

    “Avançar é preciso para que todos, e não somente uma elite privilegiada, possam se salvar dessa doença que já matou meio milhão de pessoas no nosso país e deixou outras tantas enlutadas, sequeladas, desempregadas ou que passam fome nesse momento”.

    Matéria veiculada no JMTV 2ª Edição – segunda-feira, 14 de junho

    Negacionismo

    Mas o que poderia ser um equívoco, um erro de estratégia que pudesse ser corrigido com a descentralização dos postos de vacinação, como propõe Clarice Binda em seu artigo, se mostra parte de uma política de invisibilidade social levada a tento pela Prefeitura de São Luís.

    Na noite de segunda-feira a TV Mirante produziu uma matéria sobre o assunto. E, mesmo diante das declarações dos moradores da Cidade Olímpica sobre as dificuldades de se deslocarem até a UEMA, onde muitos acordam às 5 da manhã para ir a pé ou pedem dinheiro para a passagem de ônibus, o secretário municipal de saúde, Joel Nunes diz que não há desigualdade na vacinação em São Luís e que a campanha exitosa de vacinação está “estampada na face, no sorriso do ludovicense”.

    O secretário municipal de Saúde Joel Nunes em entrevista à TV Mirante: negacionismo e invisibilidade social

    Werton Araújo – Por que a prefeitura está contestando essa informação {do Ministério da Saúde} e afirma que não há desigualdade na aplicação de vacinas aqui na capital?  

    Joel Nunes – A nossa campanha de vacinação, ela é muito grande. Ela tem uma capacidade instalada de vacinar aproximadamente 20 mil pessoas por dia. Nós temos 9 pontos de vacinação espalhados, que contemplam os distritos sanitários de São Luís. Nós temos pontos na Cidade Operária, que vacina 4 mil pessoas por dia, no Itaqui Bacanga, outras 4 mil pessoas. Em toda espinha dorsal da capital maranhense, nós temos pontos de vacinação. Dessa forma a gente consegue levar a vacinação a todos os ludovicenses, sem nenhuma distinção. Nós já fomos lá na população ribeirinha, nós já fomos à população acamada, que foram mais de 3 mil vacinações, nós já fomos à população em situação de rua, nós já fomos à população que faz tratamento de hemodiálise. Então esses são os números que mostram que realmente São Luís não faz nenhuma distinção na vacinação; e, é tanto, que hoje é exemplo para o Brasil com uma campanha de vacinação absolutamente exitosa

    Werton Araújo – É possível descentralizar os pontos de vacinação para os bairros da periferia, já que moradores falam que não têm condições de pagar um transporte para chegar aos locais de vacinação?

    Joel Nunes – É o que eu falei, nós temos 9 pontos de vacinação. A descentralização já existe, porque a quantidade de doses permitiu fazer isso. E de maneira muito responsável, a gestão do prefeito Eduardo Braide pediu que nós não fechássemos pontos, ao contrário, que nós abríssemos pontos novos. Mais pontos de acesso à população. Dessa forma, nós mantivemos as nossas salas de vacinação atendendo as 16 vacinas que têm no calendário regular; além de uma campanha de vacina da influenza, que tem um público até maior do que o da Covid. E além disso, nos mantivemos os pontos extras…Mais acesso da população, com essa campanha gigantesca contra a Covid-19; e é orgulho, como disse, pro Brasil inteiro, e tá estampado na face, no sorriso do Ludovicense.

    1 comentários para “A defensora pública, a desigualdade da vacina e a invisibilidade social expressa na entrevista de Joel Nunes à TV Mirante

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  • Deu no D.O

    • A coluna Deu no D.O. está no ar com os generosos contratos dos nossos divinos gestores públicos. Dos caixões (R$ 214 mil) de Itapecuru-Mirim ao material de limpeza de Coroatá (R$ 2 milhões), ainda figuram Viana, Matões, Porto Rico e São José de Ribamar. 
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