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    Posse de Bolsonaro é um show de horrores, mas ao mesmo tempo altamente populista

    E a grande novidade é que Michele Bolsonaro não será uma primeira-dama decorativa. Ela falou antes do novo presidente usando a linguagem de libras. São 25% dos brasileiros com alguma deficiência. E 5,4% de surdos. Não é pouca coisa.


    A posse de um presidente vale não pelos rococós que dispensam quase 90% do seu tempo, mas pelo momento em que o eleito sobe no parlatório para falar ao público presente na Esplanada. É ali que se dá o recado de qual será o tom do início do governo. É neste discurso que se estabelecem os marcos do marketing que chega.

    E a grande novidade é que Michele Bolsonaro não será uma primeira-dama decorativa. Ela falou antes do novo presidente usando a linguagem de libras. Foi tudo meio patético, mas ao mesmo tempo um golaço de marketing. Ao fazer isso ela estabelece uma relação direta com o público deficiente físico, em especial os surdos. São 25% dos brasileiros com alguma deficiência. E 5,4% de surdos. Não é pouca coisa.

    Ao mesmo tempo seu discurso humanizou o marido para o público feminino que era o mais refratário a ele durante a campanha eleitoral.

    Já Bolsonaro não desceu do palanque. E deixou claro que vai manter seu tom bélico e de ódio na presidência. Abriu falando que estava com a sua posse libertando o país do socialismo, declarou o fim do politicamente correto, acusou os direitos humanos pelo aumento da violência e para lacrar ainda encerrou com uma bandeira do Brasil na mão dizendo que a nossa bandeira jamais será vermelha e se for preciso derramará sangue para mantê-la verde e amarela.

    O público presente na Esplanada foi ao êxtase neste momento. Muitos devem ter comemorado nos sofás de suas casas assistindo à Rede Globo, que aliás, fez uma cobertura absurdamente favorável ao novo presidente. Os comentários, em especial de Heraldo Pereira, foram altamente reverenciais. Como se nada estivesse acontecendo com seus colegas jornalistas que foram tratados, nas palavras de alguns deles, piores do que cachorros na posse.

    Os primeiros 100 dias de governo costumam ser de bate-cabeça. Cada ministro buscando ter mais poder do que o outro. Quando dá tudo certo, as coisas se ajeitam lá pela Páscoa. Mas pelo que se pode perceber hoje, o governo que chega tem foco. Será autoritário, mas altamente populista.
    E isso pode lhe garantir certo fôlego.

    Aliás, não foi à toa que o filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, foi o escolhido para acompanhar o pai no desfile de carro aberto. Ele é o mais bélico de todos. É o que expressa com maior virulência o ódio a todos os valores iluministas e de respeito aos direitos humanos.

    Não será tão fácil combater o governo Bolsonaro neste primeiro momento. Porque ampla maioria da população torce para que dê certo. Para que o capitão bote ordem nas coisas e melhore a segurança pública, a saúde, a empregabilidade etc.

    Sabe-se que ele não vai conseguir entregar isso de cara e por isso as pessoas darão um tempo para as coisas se ajeitarem. Enquanto isso, Bolsonaro se encarregará de, com um rumo claro nos aspectos políticos e culturais, ir entregando sua agenda autoritária.
    O que pode atrapalhá-lo é se o leite azedar na economia. Mas o que dá para prever olhando essa posse é que teremos um governo trapalhão, mas populista e que não titubeará. Fará tudo o que prometeu na campanha em relação a perseguição e ataques a agenda progressista. E buscará transformar cada um desses retrocessos em grandes vitórias para o país.

    Da Revista Fórum

    Dino para Bolsonaro: “Sem Justiça social, pode dar arma para todo mundo que não haverá paz”

    Durante a cerimônia de posse no novo mandato, na Assembleia Legislativa, o governador Flávio Dino (PCdoB) aproveitou para mandar uma indireta ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em seu discurso, Dino cutucou uma das principais promessas de campanha do presidente eleito, que é facilitar o acesso a armas de fogo. Promessa reafirmada em seu discurso de posse.

    “Sem uma sociedade justa, sem que nós tenhamos uma sociedade que enfrente as desigualdades, as perversidades, as iniquidades, não haverá paz verdadeira”, afirmou, citando o profeta Isaías que, na Bíblia, já condicionava a Paz à Justiça.

    Se não houver as duas juntas, “pode entregar arma para todos os cidadãos brasileiros, não haverá segurança, não haverá concórdia, não haverá uma sociedade pacífica para todos nós”, disparou o governador.

    Parceria com Bolsonaro

    Apesar da crítica indireta a Bolsonaro, também durante o ato de posse, Dino anunciou que vai oferecer recursos estaduais para concluir creches federais no Maranhão, que estão com obras paralisadas.

    “Amanhã vou dirigir ofício ao Ministério da Educação oferecendo ajuda financeira para a conclusão de creches federais paradas em nosso Estado”, antecipou.

    Aos 97 anos, falece Irmã Alberta, uma lutadora incansável

    Religiosa teve uma longa trajetória de luta junto aos mais excluídos do campo e da cidade no Brasil e na Itália

    Irmã Alberta no acampamento dos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)                  em São Paulo que homenageia sua luta – Créditos: Divulgação

    Brasil de Fato  

     “Se pudesse voltar atrás, voltaria a viver e lutar com os sem-terra. A vida com eles resume um pouco a minha vida de missão”, afirma irmã Alberta em entrevista realizada em 2016 à publicação Família Cristã. A história de Irmã Alberta Girardi, que faleceu na madrugada do último domingo (30), está marcada pela resistência e a luta. Nasceu na localidade italiana de Mestre, em Veneza, em 1921, um ano antes do ascenso do fascismo nesse país. Seu pai foi um antifascista declarado, e foi perseguido pelo regime de Benito Mussolini. Durante a Segunda Guerra Mundial, a casa onde morava junto a sua mãe e irmã, foi bombardeada, deixando uma parte dela totalmente em cinzas.

    Em 1943 entrou para um convento em Veneza para trabalhar em um orfanato. Em 1951, Irmã Alberta foi enviada a Roma, onde criou, por sugestão do padre jesuíta e crítico cinematográfico Enrico Baragli, uma escola profissionalizante de cinema para jovens órfãs, o Centro Italiano de Adestramento Cinematográfico. Durante os 19 anos em que ficou à frente do centro, Irmã Alberta percorreu as cadeias da Itália procurando filhas de prisioneiros, a quem pudessem servir os estudos. 

    Chegada ao Brasil

    A intenção de Irmã Alberta era ir para o continente africano, um bispo de Roma dissera-lhe que não haviam freiras na Somália, país criado em 1960 a partir das colônias inglesa e italiana nessa região do Chifre da África. No entanto, a Congregação de Don Orione a qual pertencia só lhe permitia ser missionária em países que já contassem com freiras da congregação. Assim, em 1971, Irmã Alberta é enviada ao Brasil, sob plena ditadura militar. Seu primeiro contato com a realidade do país é com os conflitos agrários. Ela foi enviada à região do Bico do Papagaio (antes pertencente ao estado de Goiás, agora de Tocantins), e trabalhou nos municípios de Araguaína e Tocantinópolis, onde denunciou a expulsão e assassinato de posseiros por parte das forças da ditadura em favor da expansão do agronegócio na região. Após quatro anos da criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1979, Irmã Alberta entra para a organização e trabalha junto com o sacerdote Josimo Moraes Tavares, a quem admirava, em suas palavras, por seu amor aos pobres. Em 1986, o sacerdote foi assassinado na sede da CPT Araguaia-Tocantins, em Imperatriz (MA), a mando de fazendeiros da região. No mesmo dia, a religiosa teve que abandonar a região, pois também havia sido ameaçada de morte. Ela se refugiou em Curralinho, no estado do Pará, onde ficou durante nove anos. Lá trabalhou em um pequeno hospital, e teve que fazer as vezes de vigário, já que a cidade não contava com pároco, atuando na formação de catequistas, trabalhando nas pastorais da família, dos doentes e da juventude.

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  • Deu no D.O

    • A coluna Deu no D.O. está no ar com os generosos contratos dos nossos divinos gestores públicos. Dos caixões (R$ 214 mil) de Itapecuru-Mirim ao material de limpeza de Coroatá (R$ 2 milhões), ainda figuram Viana, Matões, Porto Rico e São José de Ribamar. 
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