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    Castelo, o lugar na História e a derrota que impôs a Sarney ao ser indicado governador em 78

    Castelo e Sarney: semelhanças e lugar na história

    João Castelo merece todas as homenagens possíveis pelo papel que ocupa na história do Maranhão por sua habilidade em conjugar interesses diversos e transitar entre todas as forças políticas atuantes no estado nos últimos 46 anos, de acordo com seus objetivos de poder.

    Ele foi um grande político, desde que se entenda o adjetivo como resultado de carreira e não do legado à causa pública.

    E morreu deputado federal graças ao Tribunal de Justiça do Maranhão que até hoje não julgou    e por isso mesmo manteve o seu mandato – o recurso contra a decisão da juíza Luzia Madeiro Nepunucena que o condenou à perda dos direitos políticos e a devolução de R$ 115 milhões não comprovados na aplicação na pavimentação urbana, quando exercia o mandato de prefeito de São Luís.

    O seu lugar na História não é pelos resultados dos cargos eletivos que conquistou em vida, mas exatamente por tê-los conquistado.

    Foi um vencedor!

    Nesse aspecto, ele e Sarney são as faces de uma mesma e rara moeda, onde a cara e a coroa se confundem e permitem uma vitória comum entre os adversários na disputa pela fatia do mesmo bolo.

    Assim como os faz antecipar e pular de barco antes do naufrágio!


    No centro, dona Marly e José Sarney; Luiz Rocha (atrás); Rochinha e o ex-governador e  ex-prefeito de São Luís, João Castelo. Fotos do arquivo de Lindolpho do Amaral Almeida.

    Pulo do gato

    O que os distingue e os coloca em panteões diferentes é a capacidade de Sarney em ampliar o conceito de fidelidade à garantia de interlocução com o lado contrário no caso de derrota, como ocorreu em 1985 durante a redemocratização do País.

    Enquanto Sarney apostou em Tancredo Neves, sem que isso significasse uma traição, mas uma garantia de uma transição pacífica, Castelo manteve-se fiel ao regime e votou em Paulo Maluf, o candidato dos quartéis.

    Sarney e Tancredo Neves: calavo de Troia

    A candidatura de Sarney a vice-presidente – não se imaginava que Tancredo não chegaria a assumir o Palácio do Planalto – foi a solução encontrada para atender aos generais e ao clamor da sociedade pelo fim da ditadura militar, sem que a derrota no colégio eleitoral formado por deputados federais, senadores e delegados das assembleias legislativas, realmente representasse uma derrota.

    Ao contrário do projeto do então deputado Dante de Oliveira reestabelecendo a eleição direta para presidente, que mobilizou todo o País e foi reprovado no Congresso Nacional.

    Quando Sarney engoliu Castelo

    Aliás, os militares já tinham utilizado em 1978 essa tática no Maranhão, curiosamente para derrotar e não derrotar Sarney, quando este pretendia a indicação do Planalto – à época governadores e senadores eram escolhas do presidente da República – para suceder o governador Nunes Freire, seu inimigo regional, mas parte da mesma tropa federal.

    Adivinhem qual foi a solução ?

    Sarney e Castelo no mesmo palanque: raposas políticas

    Para satisfazer Freire e não indicar Sarney sem que haja uma crise na base interna de apoio ao regime, o ocupante da presidência, General Ernesto Geisel, escolheu Castelo como governador, e consolou o velho oligarca com o apoio oficial, sinônimo de vitória, à sua reeleição ao Senado; ao mesmo tempo, que poderia anunciar a indicação como sua.

    Os jornais de São Luís, que em sua maioria apoiavam o governador Nunes Freire, aplaudiram a escolha e noticiaram que o novo governador do Maranhão iria desembarcar na capital em companhia do senador José Sarney, “seu compadre”!

    O Imparcial ressaltou que João Castelo desfruta de simpatia em todas as áreas políticas e manifestou a “esperança de que o indicado pelo Planalto possa unir e realizar tudo em favor do Maranhão”.

    Outro diário de oposição – este firme até hoje – o Jornal Pequeno achou sensata a decisão de Geisel, “apesar de veredito ter aborrecido muitos amigos nossos”, reconhecendo em Sarney, não tinha bola de cristal, “um homem talentoso, inteligente, e que pode ainda ser muito útil ao Maranhão como parlamentar”.

    Em entrevista ao Jornal do Brasil, edição de 28 de abril de 78 (veja a baixo) Nunes Freire disse que não tinha o que reclamar da decisão presidencial, e que se dava por satisfeito com o afastamento de Sarney do páreo para o Governo do Estado.

    Encruzilhada

    Nos anos seguintes, Castelo foi Castelo, apostou errado na eleição indireta, e mesmo rompido com Sarney, então presidente da República, ainda venceu as eleições municipais de São Luís – a primeira da Nova República – com a sua esposa Gardênia Castelo contra o deputado federal Jaime Santana, o candidato do Planalto.

    Mas com o domínio “pacificador” de Sarney, ele ficou perdido e buscou no PRN, e PP o que restava de identidade com a antiga Arena, partido de apoio ao regime militar, e o PDS, que aosubstituiu com o fim do bipartidarismo; e acabou no PSDB, como uma espécie de estranho no ninho e só foi eleito prefeito de São Luís em 2008, com o apoio do governador Jackson Lago do PDT, que venceu as eleições de 2006 contra Roseana  Sarney.

    Ao final, Sarney e Castelo têm o seu lugar na história que vai além de uma lista escolar de ex-governadores, ex-senadores e ex-presidente, no caso de Sarney; mas como personagens importantes por exercer a política pela política; e não como agentes transformadores da sociedade e exemplos de gestão pública.

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    • A coluna Deu no D.O. está no ar com os generosos contratos dos nossos divinos gestores públicos. Dos caixões (R$ 214 mil) de Itapecuru-Mirim ao material de limpeza de Coroatá (R$ 2 milhões), ainda figuram Viana, Matões, Porto Rico e São José de Ribamar. 
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