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    Jovem, negro e pobre, chicoteado por seguranças de rede de supermercados: estamos de volta ao século XIX

    Pintura de Jean-Baptiste Debret, feita entre 1816 e 1831

    Por Joaquim de Carvalho (Diário do Centro do Mundo)​

    O jovem que aparece neste vídeo (abaixo) sendo torturado tem 17 anos, é negro e mora na rua. Ele foi chicoteado por seguranças do supermercado Ricoy, na zona Sul de São Paulo, após ser pego na saída do estabelecimento comercial com quatro barras de chocolate que não haviam sido pagas.

    O crime aconteceu há cerca de um mês, mas o rapaz não tinha feito a denúncia em razão da ameaça que sofreu: se falasse, seria morto.

    Um vídeo postado na internet, provavelmente por um dos torturadores, viralizou, ele foi identificado e ontem compareceu ao 80o. Distrito Policial, em São Paulo.

    Ele contou que foi abordado na saída por um segurança de nome Santos, que o levou para uma sala no fundo do supermercado. Santos estava acompanhado de outro segurança, de nome Neto.

    A polícia não divulgou o nome completo dos dois, que teriam sido afastados pelo estabelecimento comercial. Eles estão identificados e serão ouvidos pelo DP, provavelmente ainda hoje.

    Tortura é crime inafiançável e imprescritível, com pena prevista de 2 a 8 anos de reclusão, com aumento de pena de até um terço se cometido contra criança, adolescente, gestante ou idoso.

    O advogado Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, acompanha o caso. “A tortura ocorre quando alguém é submetido, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental”, disse ele.

    “Acompanharei as investigações e cobrarei a punição dos responsáveis por esses atos bárbaros”, acrescentou.

    O Ricoy é uma rede que tem cerca de 50 lojas e, segundo anuncia em seu site, nasceu da sociedade

    O supermercado foi procurado e ainda não se manifestou.

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