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    Com generosidade e método, a esperança vencerá os tempos sombrios de agora, escreve Márcio Jerry

    Fé! Uma Frente da Esperança para resgatar o Brasil

    Por Márcio Jerry*

     

    “Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs
          Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar!
             Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
           Nós podemos tudo, nós podemos mais
                   Vamos lá fazer o que será”

                    Sementes do Amanhã
                      Gonzaguinha, 1984

    Nas batalhas que travamos dia a dia, por vezes somos tomados pelo desânimo. É a sobrecarga cotidiana que junta os afazeres domésticos redobrados, a solidão do isolamento social com home office ou da ida diária ao trabalho em condições nem sempre seguras, voltando todo dia com a dúvida de ter sido contaminado na busca pela sobrevivência. Enquanto isso, nossos filhos privados da possibilidade plena do ensino que deveriam ter.

    Essa rotina acumulada há 12 meses, sem a perspectiva de melhora sensível no horizonte, gera o desalento que vem tomando corações e mentes. É o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já batizou de “fadiga pandêmica”. Associado a esse cansaço, temos a insegurança em relação à possibilidade de recuperação da economia, abalroada pelas restrições necessárias para enfrentar a pandemia.

    O desânimo e a insegurança viram raiva cívica, indignação, quando olhamos para a autoridade máxima do país. É quem deveria trabalhar diariamente para buscar soluções que atendam as necessidades ambulatoriais e vacinais para que saiamos do caos sanitário. E oferecer políticas que minorem o impacto pandêmico na economia e apontem saídas para uma recuperação a médio prazo, com auxílio emergencial a trabalhadores e financiamento a empresários, especialmente os micro, pequenos e médios.

    Essa mesma autoridade, que deveria ser nosso líder neste momento, atua como anti-líder. Zomba e ri do sofrimento de quase 300 mil famílias brasileiras que perderam seus entes. Lava a mão diante da responsabilidade de apoiar milhões de brasileiros na busca por emprego e renda. Atua criminosamente para adiar a vacinação da população para que possamos superar a pandemia.

    As justas raiva e indignação diante do descaso do presidente genocida precisam converter-se agora em FÉ. É essa convicção de que temos todas as condições para ter um país melhor diante da pandemia que converte esses sentimentos numa energia mobilizadora para a mudança.

    Já há um sopro de esperança no ar. Ele está na articulação de artistas e jogadores para enviar oxigênio a Manaus, superando a logística ilógica do desgoverno Bolsonaro. Está na mobilização que tomou as redes em defesa do youtuber Felipe Neto contra uma ação com aspirações ditatoriais de seu filho. Está na voz límpida e poderosa de Teresa Cristina que cantou ao final de sua entrevista ao Roda Viva a canção De volta ao começo, de Gonzaguinha, conclamando as principais lideranças nacionais políticas de esquerda à unidade.

    É um sopro de esperança que percorre a sociedade que, se organizado politicamente, pode virar vendaval de esperança. Para isso, precisam se unir todos os que acreditam que o Brasil é maior que esse monstro genocida. Que o Brasil pode se erguer e voltar a ser o país admirado pelo mundo por tentar superar suas próprias mazelas incluindo a todos.

    Para isso, é preciso deixar de lado diferenças mesquinhas pensando no futuro do Brasil. É preciso pensar com grandeza. Com a grandeza que levou o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, do DEM arqui-inimigo do PT, a saudar a recuperação dos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É preciso ter esperança. Não uma esperança etérea e ingênua. Mas uma esperança metódica na construção do caminho para sairmos do atual caos. E uma esperança generosa com os diferentes que se somam a nós nessa caminhada. Com generosidade e método, a esperança vencerá os tempos sombrios de agora!

    *Publicado originalmente na revista Carta Capital

    A Lei de Responsabilidade Social (por Flávio Dino)

    O governador Flávio Dino

    É dever do Estado e da ordem econômica combater as desigualdades sociais

    “As leis não bastam, os lírios não nascem da lei”, disse Drummond. Parece ser verdade, ainda mais em um país que possui a singular categoria das leis que “não pegam”, fato que alimenta a visão de que o Brasil já tem leis demais. Contudo, há muitos exemplos de leis de alta eficácia, que geraram inclusive profundas mudanças culturais. Inserem-se nesse rol o Código de Defesa do Consumidor, a legislação que criou o SUS e as leis do FUNDEF/FUNDEB. Vale dizer: existem leis que, excepcionalmente, fazem nascer lírios.

    Em 2000, o Brasil aprovou a Lei Complementar 101, mais conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Este diploma normativo sistematizou regras de grande utilidade sobre receitas, despesas, dívidas, controle e fiscalização. Decorridas duas décadas do advento da LRF, a pandemia do coronavírus sublinhou terríveis aspectos da vida nacional, mormente o peso das desigualdades sociais e regionais. Entre as questões daí derivadas está a concernente aos limites de uma gestão pública aferrada ao conceito de responsabilidade fiscal e insensível a outros parâmetros. Isso poderia ser considerado um bom governo, compatível com os ditames constitucionais ? E mais: é fiscalmente responsável a manutenção de milhões de brasileiros afastados de direitos básicos ? Para responder a esta pergunta, basta que consideremos que a legião de trabalhadores atualmente precarizados, despossuídos de direitos trabalhistas e previdenciários, se constituem em futura clientela de programas assistenciais como o benefício de prestação continuada, isto é, o Estado vai arcar com ônus sem ter recebido as contribuições inerentes a vínculos formais de trabalho.

    Na última sexta-feira, em debate com centenas de pessoas organizado pelo MST, assisti ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, defender a adoção de uma Lei de Responsabilidade Social (LRS). A ideia me parece valiosa, especialmente na atual conjuntura. Em primeiro lugar, há o efeito de frisar que a verdadeira responsabilidade fiscal não está apartada de outros objetivos. Em segundo lugar, a proposta dialoga com o que vimos na pandemia: sem ações estatais, o mínimo de justiça social é rigorosamente impossível, como se constata com o poderoso efeito do auxílio emergencial de R$ 600 aprovado pelo Congresso Nacional.

    Há precedentes em estados e municípios, bem como no mundo empresarial e dos movimentos sociais, que podem ajudar na reflexão sobre o tema. A LRS deve fixar metas sociais a serem cumpridas pelos gestores públicos, fixando parâmetros novos para os órgãos de controle e um sistema de sanções. Demais disso, a LRS deve instituir balizas para a atuação do Banco Central, das agências reguladoras e dos fundos públicos. Por exemplo, é razoável que bilhões de reais estejam retidos em fundos enquanto milhões de estudantes não tem acesso à internet e estão impossibilitados de acompanhar modalidades de educação não presencial?

    A LRS pode também estabelecer rankings mais justos para as gestões governamentais, na medida em que resultados sociais sejam avaliados conjuntamente com os resultados fiscais, por exemplo para fixação dos ratings que permitem acesso a operações de crédito. Dessa maneira, serão atendidos os princípios constitucionais da economicidade e da eficiência, que não se confundem com a ideia tosca de corte de gastos como a “virtude suprema”. Afinal, é um bom gestor aquele que corta gastos ao ponto de levar à paralisação de serviços essenciais e a graves danos para centenas ou milhares de pessoas?

    De outra face, a LRS pode estabelecer orientações para ações de responsabilidade social das empresas e de organismos da sociedade civil, além de melhor incentivar ações de voluntários. Institutos novos, como as PPPC (parcerias público-privadas comunitárias), podem também ser regulados pela LRS.

    Os artigos 3º e 170 da Constituição Federal determinam que é dever do Estado e da ordem econômica combater as desigualdades sociais. E para isso só existe uma forma autêntica, qual seja, combinar responsabilidade fiscal com social. Uma não vive sem a outra, a não ser em visões puramente ideológicas e descomprometidas com a Constituição Federal. Um bom governo se guia por metas fiscais e sociais, para que tenhamos equilíbrio das contas públicas e verdadeiro progresso.

    Flávio Dino, governador do Maranhão, ex-juiz federal e ex-deputado federal.

    Flávio Dino defende Pacto nacional pelo emprego

    O governador Flávio Dino

    Quando Franklin Roosevelt precisou reerguer a economia dos Estados Unidos depois de grande depressão, ele estruturou o New Deal, um plano de investimento em obras públicas e instituição de direitos trabalhistas. Estamos em um similar momento emergencial, aproximando-nos das 100 mil vítimas do coronavírus, além da tragédia econômica e social com milhões de desempregados e empresas destruídas.

    O Brasil necessita de gestos de grandeza, voltados à ampla união nacional em defesa dos direitos sociais e das nossas empresas. O Governo Federal tem sido ineficiente na gestão da crise provocada pelo coronavírus, preso a dogmas fiscalistas e ao monotemático discurso das “reformas”. O país está com dificuldades objetivas para realizar investimentos e para promover a recuperação sustentável do consumo das famílias.

    Temos que nos livrar de falsas dicotomias, segundo as quais, para termos mais empregos, devemos ter menos direitos trabalhistas, ou que para desonerar a folha de salários, só criando uma nova CPMF. Em vez de adorar falsos “ídolos” (os bezerros de ouro de que fala a Bíblia), é hora de um Pacto Nacional pelo Emprego.

    Precisamos usar todos os recursos financeiros e institucionais de que dispomos. O Brasil possui reservas internacionais e do Tesouro, fundos poderosos alocados em bancos públicos, além das prerrogativas constitucionais e legais do Banco Central, no que se refere à emissão monetária. Um caminho imprescindível é a adoção de um plano nacional de obras públicas e de frentes de trabalho, para impulsionar a construção civil, que tem alta capacidade de geração de empregos, e ativa de forma imediata outras cadeias de comércio e serviços. Somente o Fundo Constitucional do Nordeste possui mais de R$ 10 bilhões no momento, que poderiam muito rapidamente virar novas rodovias e ferrovias, novas escolas de tempo integral, novas pontes e, consequentemente, novos postos de trabalho.

    No terreno das políticas sociais, defendo, assim como todo o campo progressista brasileiro, a prorrogação do Auxílio Emergencial de R$ 600 até dezembro, pois é justamente esse programa votado pelo Congresso Nacional que está atenuando os efeitos da crise que vivemos. Já teríamos uma situação de maior desagregação social caso houvesse prevalecido a insensível proposta original de R$ 200 efetuada pelo Governo Federal.

    Aliado aos pontos anteriores, deve ocorrer apoio ao setor privado, com aporte financeiro direto na conta das micro e pequenas empresas, a fim de proteger os empregos de milhões de brasileiros. Há diversos países que pagaram as folhas salariais de pequenos empresários. Em situações terríveis como a que vivemos, o crédito é importante, mas não se pode ignorar que existem muitos fatores que inibem empresas a se endividarem, sobretudo a insegurança quanto ao coronavírus. E aí muitos preferem fechar as portas e não contrair novas dívidas. A fonte de financiamento para o auxílio emergencial empresarial pode ser um empréstimo compulsório sobre os bancos, previsto no artigo 148, I, da Constituição Federal.

    A nossa Pátria necessita de um espaço para diálogo, com entidades empresariais, sindicais, governadores, Congresso Nacional e o Governo Federal, para que alcancemos iniciativas corajosas e na dose certa. Segundo a nossa Constituição, cabe ao Governo Federal a direção da política econômica. Não é uma atitude séria insistir na falácia de que foram medidas sanitárias que geraram a atual situação econômica. As responsabilidades de cada ente da Federação estão juridicamente estabelecidas e não é momento de transferências. O que pedimos é que o Governo Federal cumpra o seu papel, pelo futuro do país, pelas famílias do Brasil.

    Flávio Dino
    Advogado e professor, é governador do Maranhão (PC do B) desde 2015; ex-deputado federal (2007-2011) e ex-juiz federal

    Esquerda deve combater Bolsonaro como Mandela fez no apartheid, diz Dino

    Como o Radar vem mostrando há algumas semanas, o governador do Maranhão, Flávio Dino, começou a assumir publicamente o papel de articulador de uma possível união de partidos progressistas contra o projeto de reeleição de Jair Bolsonaro. Invocando Nelson Mandela, Dino dá seu recado em artigo nesta quinta no jornal O Globo.

    Derrotar Bolsonaro tem que ser, para a esquerda brasileira, o que a luta contra o apartheid foi para Mandela, algo que esteja acima das diferenças e dos interesses menores de cada sigla. “Nenhuma diferença poderia ser mais importante do que acabar com o apartheid. O pensamento progressista no Brasil precisa refletir sobre o exemplo de Mandela”, escreve Dino.

    “Após 18 meses de desvarios, omissões gravíssimas e denúncias diversas, Bolsonaro mantém razoáveis taxas de aprovação popular. Recentemente, anova vitória da extrema direita na Polônia lembra-nos de que o ruim ainda pode piorar. Segundos mandatos tendem a propiciar um sentimento de aprovação e induzir a ousadias ainda maiores por parte de mentes despóticas. No caso brasileiro, o STF e o Congresso têm tido um peso decisivo para conter os arroubos de Bolsonaro. Terão força para resistir em um segundo mandato”, questiona Dino.

    Em um recado a Lula, que resiste a compor uma frente democrática de oposição, Dino afirma que “quem tem clareza dos seus propósitos não teme o diálogo com os diferentes”. “Sem renunciar a identidades históricas, precisamos unir e ampliar forças para proteger a nossa Nação, a democracia, os direitos sociais, a cultura e o meio ambiente”, escreve.

    “Curioso notar que as disputas entre os progressistas giram mais sobre fatos pretéritos do que sobre propostas para o futuro. Portanto, é preciso priorizar mais o futuro dos cidadãos do que o “julgamento” de erros do passado. Necessitamos de uma ampla união progressista que livre o Brasil do bolsonarismo. Lulistas, trabalhistas, socialistas, comunistas, verdes, social-democratas, todos têm um grande papel”, diz Dino.

    Da Coluna Radar, da Veja 

    Folha: Bolsonaro é herdeiro da facção das Forças Armadas ligada a torturadores

    Segundo o sociólogo Celso Rocha Barros, com base “só na versão oficial, portanto, pode-se dizer, sem medo de errar: se o Coaf não tivesse feito seu trabalho, já teríamos milicianos fazendo churrasco no Palácio da Alvorada, brindando com os generais, escolhendo Moro para zagueiro do time na pelada”.


    Em coluna na edição desta segunda-feira (28) da Folha de S.Paulo, Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford, diz que Jair Bolsonaro (PSL) “é o herdeiro ideológico da facção das Forças Armadas ligada aos torturadores, que não aceitou a abertura democrática e partiu para o crime: esquadrão da morte, garimpo, jogo do bicho”.

    “É a mesma linhagem que nos deu as milícias”, diz Rocha Barros, que afirma ainda que essa “herança” agora ronda o Planalto.

    O sociólogo diz que com o que já foi exposto, fica difícil negar a relação entre Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL/RJ), e as milícias.

    “A família Bolsonaro já defendeu as milícias publicamente repetidas vezes. E conhecia muito bem Adriano da Nóbrega muito antes da suposta indicação de Queiroz. Jair Bolsonaro defendeu o sujeito no plenário da Câmara já em 2005”, diz o artigo.

    “Flávio Bolsonaro foi mais longe: já homenageou o suposto líder do Escritório do Crime na Assembleia Legislativa duas vezes, nas duas ocasiões elogiando-o com entusiasmo. Concedeu-lhe a Medalha Tiradentes, maior honraria oferecida pelo legislativo estadual fluminense. Na ocasião, Nóbrega estava preso por assassinato. Recebeu a medalha na cadeia”, continua.

    Segundo Rocha Barros, com base “só na versão oficial, portanto, pode-se dizer, sem medo de errar: se o Coaf não tivesse feito seu trabalho, já teríamos milicianos fazendo churrasco no Palácio da Alvorada, brindando com os generais, escolhendo Moro para zagueiro do time na pelada”.

    Leia a coluna de Celso Rocha de Barros na íntegra.

    Da Revista Fórum 

    Artigo do governador: Juntos pela Educação

    Há quatro anos, quando assumi a missão de governar nosso estado, prometi a mim mesmo trilhar, desde o primeiro dia, o caminho de mudança de nossa história. E só podemos mudar definitivamente o destino do Maranhão oferecendo educação de qualidade e gratuita para toda a população. Esse é o exemplo que as principais nações do mundo nos revelam.

    Concluída minha primeira gestão, tenho a segurança de dizer que escolhemos o caminho correto. Por meio do programa Escola Digna, congregamos diversas ações com o foco de promover condições básicas nas redes de ensino municipais e estadual para que nossas crianças, adolescentes e jovens tenham acesso à Educação.

    Onde antes havia barro e palha, agora construímos com cimento e tijolo o futuro de nossas crianças. Alcançamos marcas históricas, tais como: mais de 800 escolas construídas ou reformadas, formação de cerca de 50 mil profissionais da educação, 82 veículos de transporte escolar e mais de 1,4 milhão de uniformes entregues, entre outras ações que demonstraram, na prática, o compromisso que temos com a Educação.

    Não foi só a estrutura que melhorou. Ao darmos melhores condições materiais a estudantes, funcionários e professores, garantimos uma elevação significativa de cerca de 20% do IDEB, índice nacional que mede a qualidade do ensino de nossos jovens na rede estadual.

    Diante dos avanços que temos conquistado, tenho certeza de que esse é o caminho que devemos seguir: de mais investimentos na Educação. Por isso, neste segundo mandato, vamos continuar avançando na estrada certa, da garantia de direitos e da valorização da Educação.

    Neste passo, um importante programa de minha segunda gestão será o Pacto Estadual pelo Fortalecimento da Aprendizagem, que aperfeiçoará as ações do Programa Escola Digna. Por meio dele, Governo do Estado e Prefeituras vão trabalhar de mãos dadas com foco na melhoria dos indicadores educacionais do Maranhão. As ações do Pacto visam garantir que todos os estudantes do Maranhão estejam alfabetizados na idade certa, reduzindo a distorção idade-série na Educação Básica, além de contribuir para o aperfeiçoamento da formação dos profissionais da educação, elevando nosso IDEB também nas redes municipais.

    Esse será um trabalho de união entre Estado e municípios, porque temos a certeza de que nós só obteremos êxito nessa área com cooperação.

    Sou daqueles que acreditam que sem direitos humanos não há desenvolvimento, porque se nós não garantirmos que a riqueza produzida seja aplicada em proveito da justiça social, podemos ter até crescimento econômico, mas jamais uma sociedade desenvolvida e digna. É por isso que continuaremos trabalhando para realizar um governo cada vez mais moderno e transformador.

    Marco Aurélio Mello, Dias Toffoli e Lula: “Não há salvação para juiz covarde”.

    Por Joaquim de Carvalho, no DCM

    Em um artigo publicado em 1899, “O Justo e a justiça política”, Rui Barbosa escreveu que o Brasil poderia ter tribunais de sobra, mas jamais teria justiça, se o dever se ausentasse “da consciência dos magistrados”.

    No mesmo texto, comparando a ação do juízes da época ao julgamento de Jesus Cristo, ele disse que juízes que não têm coragem de decidir conforme a lei e a própria consciência são como Pôncio Pilatos.

    “O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde”, escreveu.

    Nesta quarta-feira, 19 de dezembro, dois juízes brasileiros se destacaram. Um, Marco Aurélio Mello, pela coragem de tomar uma decisão coerente com um princípio constitucional, o da presunção de inocência.

    O outro, José Antônio Dias Toffoli, pela covardia.

    Marco Aurélio é relator de duas ações diretas de constitucionalidade que tramitam no Supremo Tribunal Federal desde o primeiro semestre de 2016.

    Uma delas foi apresentada pela OAB, logo depois que, no julgamento de um HC, auge da Lava Jato, a corte admitiu a prisão a partir da condenação em segunda instância.

    Em dezembro do ano passado, Marco Aurélio encaminhou essas duas ações para julgamento.

    Ele acatou a tese da OAB: o artigo 283 do Código de Processo Penal é claro como água cristalina:

    “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado”.

    O Código de Processo Penal está em vigor e, nessa condição, se o artigo 283 é coerente com a Constituição, ele deve ser respeitado e, assim sendo, todos os brasileiros que ainda não têm condenação definitiva— caso de Lula — devem ser postos imediatamente em liberdade.

    Antes mesmo de preparar as ações para julgamento, com o seu relatório, Marco Aurélio não escondeu o que pensa.

    No dia em que o STF autorizou a prisão em segunda instância, fevereiro de 2016, ele disse que a corte havia rasgado a Constituição.

    Mas ele não foi apressado — nem lento, considerando os prazos do Supremo — na análise das ações que questionaram esta decisão: demorou mais de um ano para relatar os processos, e encaminhá-los para votação.

    Na época em que mandou entregar as ações para a então presidente da corte, Cármem Lúcia, Lula não tinha sido condenado em segunda instância.

    Portanto, a bem da verdade, o ministro jamais poderá ser acusado de atuar para beneficiar um réu específico.

    Era a tese que o mobilizou.

    Sua decisão, leal a um princípio da Constituição, nunca foi, certamente, popular, vai contra a corrente da Lava Jato.

    E é exatamente por isso que merece ser elogiada por todos que amam a Justiça.

    Mas Cármem Lúcia, por causa de Lula, preferiu não pautar o julgamento.

    No caso citado por Rui Barbosa, há o relato de que Pilatos, consciente da inocência de Cristo, preferiu não decidir e, para não contrariar os poderosos da época e agradar as massas, transferiu a estas o dever de sentenciar.

    Não há, perante a história, salvação para juízes assim.

    Dias Toffoli tem uma opinião parecida com a de Marco Aurélio Mello sobre prisões em segunda instância.

    Ele já se manifestou nesse sentido, em mais de um julgamento, mas hoje preferiu tomar uma decisão que agrada aos poderosos e também a setores barulhentos das massas.

    Do ponto de vista estritamente jurídico, há quem conteste a legalidade de seu ato — cassar uma liminar relacionada a questões de constitucionalidade.

    Só o plenário do STF poderia contrariar uma decisão — dada em caráter liminar — do relator da ação, caso de Marco Aurélio Mello.

    Mas Dias Toffoli, como presidente da corte no exercício do plantão, preferiu o caminho que, por certo, não agrada Marco Aurélio. Nem os amantes da Justiça.

    Mas deixa satisfeitos os analistas convidados pela Globo para comentar (na verdade, detonar) a liminar que restabeleceu o princípio constitucional da presunção de inocência.

    “Tempos estranhos estamos vivendo”, já disse algumas vezes o ministro Marco Aurélio Mello.

    Estranhos, mas não inéditos.

    Na história da humanidade, haverá sempre os covardes e as pessoas de coragem.

    Há notícia de que, pela decisão que tomou, Marco Aurélio Mello recebeu ameaças por telefone e por e-mails.

    Tais manifestações devem ser recebidas como o atestado de que o ministro honra a toga que veste.

    Não lhe faltou coragem.

    Já Dias Toffoli, como Pilatos, teve um comportamento que, certamente, não entrará para a história como paradigma da atuação de um magistrado.

    Mas, a essa altura, Dias Toffoli deve estar recebendo telefonemas e e-mails com elogios dos poderosos e de sua massa de manobra.

    “Hitler em Brasília”: jornal israelense publica artigo com críticas a Jair Bolsonaro

    Manifestantes seguram cartazes contra Bolsonaro em protesto de mulheres contra a candidatura do capitão da reserva

    UOL – Segundo maior jornal de Israel, o Haaretz publicou nesta quinta-feira (25) um artigo criticando o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL). Intitulado “Hitler em Brasília – Os evangélicos dos EUA e a teoria política nazista que estão por trás do candidato à Presidência do Brasil”, o texto foi escrito pelo jornalista norte-americano Alexander Reid Ross.

    Ross abre seu texto citando as recentes declarações de Bolsonaro em um vídeo transmitido na manifestação que deu apoio a sua candidatura na Avenida Paulista. “Esses criminosos vermelhos serão banidos de nossa terra natal. Ou eles vão para o exterior ou vão para a cadeia. Será uma limpeza como nunca vista na história do Brasil”, disse Bolsonaro no domingo (21).

    Para o jornalista, autor do livro “Contra o Crepúsculo Fascista” (sem tradução no Brasil), a ascensão de Bolsonaro mostra que o maior país da América Latina está seguindo um movimento global e retornando para as “décadas feias”, em referência aos regimes totalitários que vigoraram no continente no século 20.

    “É também um sinal do retorno de uma compreensão repressiva e nacionalista do Estado e de suas políticas externas que chegaram ao auge na Alemanha nazista antes da guerra, se espalhou para o oeste até os Estados Unidos e foi impulsionada por sucessivas administrações dos EUA como uma estratégia”, escreve Ross.

    No artigo, Ross relembra algumas situações onde Bolsonaro transpareceu sua simpatia aos regimes totalitários, como quando Carlos Bolsonaro, filho do presidenciável, convidou o então candidato a vereador pelo PSC, Marco Antônio Santos, para acompanhar uma discussão na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Santos é conhecido por desfilar utilizando alegorias nazistas, e naquele dia não foi diferente.

    O ex-candidato a vereador Marco Antônio Santos, vestido com adereços nazistas, e o presidenciável Jair Bolsonaro em 2015

    A presença de Santos naquele dia na Câmara gerou indignação dentro e fora da Casa. O então presidente da Câmara, Jefferson Moura (Rede), impediu que Marco Antônio se pronunciasse na sessão. “Num parlamento democrático não há espaç para apologia ao nazismo. É inadmissível um indivíduo fantasiado de Adolf Hitler usar a tribuna do plenário para se expressar”, disse Jefferson, como reportado pelo jornal Extra.

    Outra questão explorada por Ross foi a relação entre Eduardo Bolsonaro – outro filho do capitão – e Steve Bannon, estrategista-chefe da campanha de Donald Trump em 2016. Os dois se encontraram em agosto desse ano, e Bolsonaro chegou a afirmar que o encontro foi para “somar forças, principalmente contra o marxismo cultural”.

    Bannon, juntamente com a empresa Cambridge Analytica, foram protagonistas de um escândalo de captura de dados de usuários das redes sociais sem as devidas autorizações. A empresa, contratada para impulsionar a campanha de Trump, utilizou dados de pelo menos 50 milhões de usuários do Facebook para direcionar conteúdo de campanha – incluindo notícias falsas – para potenciais eleitores.

    “Estranhamente, o sr. Bolsonaro depois negou a conexão de Bannon com a campanha. Mas a implacável oposição de Bolsonaro à esquerda política não é o único combustível crítico para sua visão de mundo. Uma outra vertente chave, para a qual Bannon é peça importante, é o papel da geopolítica e seu uso pelos movimentos de extrema-direita ao longo do século 20.”, disse Ross.

    O jornalista então cita a influência, nas eleições brasileiras, do conceito de geopolítica desenvolvido pelo alemão Karl Haushofer, ‘professor’ dos nazistas Adolf Hitler e Rudolf Hess. Esta perspectiva, segundo Ross, agora está encarnada nos princípios desenvolvidos pelos Estados Unidos, principalmente após principalmente após a implementação das ditaduras na América Latina. “Não surpreende, portanto, que o mesmo departamento de Estado americano que apoiou firmemente as ditaduras latino-americanas, como parte de uma estratégia de insurgência anti-esquerdista em todo o continente conhecida como Operação Condor, ajudaria a trazer o retorno da geopolítica”, escreve o jornalista.

    Segundo Ross, Bolsonaro se adaptou às exigências que a sociedade brasileira exige para uma candidatura radical, com especial atenção à classe média do país. “A candidatura de Bolsonaro e sua provável ascensão à presidência é um sinal de uma crescente união geopolítica de forças de extrema-direita que formam a reação contra o liberalismo e a esquerda, e a reabilitação e glamourização do poder militar e do autoritarismo”, conclui Ross.

  • Deu no D.O

    • A coluna Deu no D.O. está no ar com os generosos contratos dos nossos divinos gestores públicos. Dos caixões (R$ 214 mil) de Itapecuru-Mirim ao material de limpeza de Coroatá (R$ 2 milhões), ainda figuram Viana, Matões, Porto Rico e São José de Ribamar. 
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