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  • Prisão de amigos de Temer debilita o governo e a candidatura do presidente

     

    Quando deputado federal, no início da década de 1990, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim deu uma palestra para jornalistas sobre a reforma política. Em dado momento explicou:

    “A política é curiosa. Eu e Ibsen Pinheiro [então deputado federal pelo PMDB-RS] temos ideias parecidas, somos do mesmo partido e do mesmo Estado. Portanto, além de amigos, somos aliados. Mas concorremos na mesma base eleitoral. Isso nos faz adversários na busca de votos”.

    É essa regra que mais assombra o Palácio do Planalto com a retomada das acusações de envolvimento do presidente Michel Temer nos supostos desvios no Porto de Santos.

    O presidente não teme tanto pela oposição. Teme pelos aliados, aqueles que disputam com ele o mesmo pedaço do eleitorado. Principalmente depois de anunciar a possibilidade de concorrer à Presidência nas eleições de outubro.

    Que a oposição fará barulho, o presidente já sabe. Sabe também que não é improvável a apresentação, em algum momento da investigação, de mais 1 pedido de impeachment pelos partidos contrários ao governo.

    Tantos outros já foram apresentados e barrados de ofício pelo presidente da Câmara.

    O Planalto sabe até que pode ser apresentada uma nova denúncia formal contra Michel Temer pela Procuradoria Geral da República, dependendo do andar das investigações.

    Mas a grande preocupação mesmo do governo é com 2 partidos: o PSDB e o DEM. Até há bem pouco tempo, as siglas se diziam integrantes da chamada base governista. Agora, por disputarem o mesmo eleitorado que o pré-candidato Michel Temer, se afastaram.

    ALCKMIN E MAIA SE DISTANCIAM DO PRESIDENTE

    O governador de São Paulo e pré-candidato ao Planalto, Geraldo Alckmin, obrigou os ministros do partido a deixarem o governo.

    O pré-candidato do DEM é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Pela força do cargo, trata-se de uma figura decisiva na tramitação de qualquer denúncia no Congresso contra o presidente. Mas agora só tem dado declarações contrárias ao governo.

    Geraldo Alckmin, Rodrigo Maia e Michel Temer têm se bicado cada vez mais à medida em que se aproximam as eleições. Não só porque disputam o mesmo eleitorado. Mas, neste momento, principalmente porque disputam a formação de alianças com os mesmos partidos do chamado Centrão do Congresso.

    Essas alianças garantem tempo de TV e palanques nos Estados. São fundamentais na estratégia eleitoral dos 3 pré-candidatos.

    Com a reforma ministerial, Temer ganhou um forte argumento para atrair aliados: a distribuição de cargos às vésperas das eleições. Vinha conseguindo estancar o ritmo de adesões às candidaturas de Alckmin e Maia.

    Agora, as acusações sobre o Decreto dos Portos e supostos desvios praticados no Porto de Santos podem ser a chance desses aliados-adversários o enfraquecerem.

    O governo derrubou as duas primeiras denúncias apresentadas contra o presidente porque contou com votos do DEM e do PSDB, além do chamado Centrão. Votos esses que diminuíram da 1ª para a 2ª denúncia.

    Foram 263 deputados a favor de Temer na 1ª e 251, na 2ª. Se não tiver os votos do DEM e do PSDB numa eventual 3ª denúncia, esses 2 partidos arrastam uma parcela do Centrão. E o presidente pode acabar não obtendo os 172 votos necessários para barrar o processo.

    É pouco provável que as coisas cheguem a esse ponto. Mas o fato de o presidente estar refém dos 2 candidatos adversários obviamente o enfraquece.

    No entanto, não interessa a ninguém um movimento abrupto neste momento. O mais provável é que as chamadas forças hegemônicas da política queiram manter o andar atual da carruagem até as eleições.

    Por isso, as chances de Temer perder o mandato são pequenas. Mas também diminuíram as chances de ele vir a ter influência relevante, a seu favor, no processo eleitoral.

    O COMPLÔ

    Não foi à toa que o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), declarou que há um complô contra o presidente.

    Para o Planalto, a mídia tradicional –especialmente o Grupo Globo– torce pelo PSDB e vê Rodrigo Maia como uma 2ª opção.

    O “Jornal Nacional”, da TV Globo, dedicou 31 minutos para a operação Skala da Polícia Federal. Praticamente metade do tempo total do programa falou de Temer, das suspeitas, das prisões e das acusações contra ex-assessores e amigos muito próximos do presidente, como o advogado José Yunes, o ex-coronel João Batista Lima e o ex-ministro dos Transportes Wagner Rossi. Além dos empresários que teriam se beneficiado do tal Decreto dos Portos assinado pelo presidente.

    Ontem mesmo o presidente teve uma amostra de seu enfraquecimento.

    Pela manhã, em meio ao noticiário sobre as ordens de prisão contra seus ex-auxiliares, resolveu manter de pé a viagem a Vitória para inaugurar o novo aeroporto da capital do Espírito Santo.

    Era mais uma ato programado para fortalecer sua pré-campanha. Mas o governador Paulo Hartung preferiu não comparecer.

    O emedebista egresso do PSDB e pré-candidato à reeleição evitou posar para fotos ao lado do presidente em meio às acusações. Já já começa a chegar o café frio…

    Poder 360

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