Lula em São Luís: “Esse povo vai voltar a governar esse país”
“O Lula hoje representa uma ideia, a ideia de que o povo pode, merece, quer viver bem. Aquela frase do Obama ‘nós podemos’ pode ser nossa. Não queremos mais morar na senzala, queremos morar na casa grande. Temos direitos e vamos brigar. Se essa elite não pode fazer, não se escondam atrás de mentiras, façam uma eleição pra gente mostrar. Levo daqui a cara dos brasileiros, é por essa senhora aqui, esse portador de deficiência, essas crianças, que quero dizer, eles que se cuidem por que vamos voltar a governar esse país, esse povo vai voltar a governar esse país”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou assim mais uma etapa histórica de uma vida que já está na História.
Oficialmente, foram 25 cidades, mas com muitas paradas não programadas no caminho. Vinte dias, mais de 4 mil quilômetros, dezenas de homenagens, milhares de selfies, milhões de compartilhamentos nas redes sociais. E terminou na histórica capital maranhense São Luís a já histórica caravana Lula Pelo Brasil, com um grande ato para dezenas de milhares de pessoas no fim de tarde desta terça-feira (05).
Na manhã do último dia de jornada, o ex-presidente Lula visitou, acompanhado do governador do Maranhão Flávio Dino, o Porto de Itaqui. Desde as 17h, o povo ludivicense e de toda a região de São Luís se reuniu na Praça Dom Pedro II, no centro histórico da capital maranhense. A rica cultura do estado marcou presença para animar o público, com muito tambor de crioula e outras manifestações da cultura popular.
“Saímos dia 17 da Bahia e estamos completando 20 dias na estrada conversando com o povo e dialogando com nossa gente. O presidente Lula conversou sobre vários temas, transporte, educação, desenvolvimento regional, políticas de combate à seca. O planejamento tinha 25 cidades, mas paramos em 60 cidades. Hoje, vocês, no estado do Maranhão, vão fazer a festa mais bonita de encerramento da caravana”, disse Marcio Macedo, coordenador do projeto Lula Pelo Brasil e vice-presidente nacional do PT.
Lula recebeu de uma comissão de deputados estaduais o título de cidadão maranhense e a medalha de honra ao mérito da Assembleia Legislativa. Representantes da Fetaema (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura do Estado do Maranhão) e do MST (Movimento dos Sem Terra) presentearam o ex-presidente com uma cesta de produtos da Reforma Agrária.
Fabiana e Eliana Guajajara, representando os povos indígenas da etnia Guajajara, presentearam Lula com um cocar típico. Marquinhos Monteiro, compositor e militante do MST, cantou a música Sim, Eu Posso, sobre a luta contra o analfabetismo. A histórica música “Lula Lá”, que embalou a campanha de Lula em 1989, foi lembrada.
O governador do Piauí Wellington Dias (PT), afirmou: “Nós queremos lutar pelo direito de sonhar. Sem respeitar nossa situação, atravbés de um golpe, quiseram afastar esse sonho do povo brasileiro. Estamos indo a praça pública por onde anda pra dizer ‘Eu quero minha esperança de volta’. Os jovens, as mulheres, os negros, querem o direito de seguirem sonhando e de serem tratados com dignidade”.
João Pedro Stedile, líder do MST, exaltou grandes maranhenses da história, mas afirmou: “outros maranhenses que andam por aí, nem o diabo quer eles”, e fez um duro discurso contra o que ele chamou de “judicialização” do poder do povo na figura do ex-presidente Lula.
O governador maranhense Flávio Dino (PCdoB), que se destaca a nível nacional com a expressiva melhora nos índices sociais no estado, foi muito aplaudido. “Temos uma mensagem muito importante, essa cidade, capital do Maranhão, fará 405 anos. Deus nos mandou essa lua maravilhosa e estamos aqui olhando palácios, a Igreja da Sé, e a pergunta que vem é: ‘quem foi que construiu esses palácios, a riqueza do Brasil?’ Foram os negros, os índios, povo mais pobre, mas estranhamente esse país desenvolveu um ódio contra os mais pobres. Esse país é racista sim, e temos que lutar contra isso”, afirmou, lembrando a revolta popular da Balaiada.
Flávio Dino também louvou a presença do grande maranhense Manoel da Conceição. E encerrou: “quero falar do futuro. Nós temos como falar com o povo pobre. Vou cuidar dessa luta no Maranhão que é grande, mas não se esqueça: todas as vezes que o senhor precisar pode contar com o povo do Maranhão”.
Manoel da Conceição, fundador do PT no Maranhão, entregou a Lula a bandeira do Partido dos Trabalhadores que passou simbolicamente pelos presidentes do PT no nove estados nordestinos durante a jornada. Lula começou a falar, com a voz de quem fez incontáveis falas durante os 20 dias, e foi interrompido pelos gritos de “olê . Agradeceu os governadores Flávio Dino e Wellington Dias, os senadores Paulo Rocha (PA) e Humberto Costa (PE), os deputados federais estaduais e “a cada mulher e a cada homem presente nessa praça, os movimentos sociais, o MST, a CUT, a Contag e todas as centrais que tiveram uma dedicação em cada estado”.
Não creio que seja possível governar o Brasil da prisão – e a prisão é o caminho de Lula, esse ser amoral que levou o país à bancarrota. Por outro lado não causa surpresa que o camarada FD esteja tão feliz ao lado desse cidadão – afinal de contas, são muitas as afinidades, tanto ideológicas quanto políticas e de caráter.