Flávio Bolsonaro usou prerrogativa de senador para depor ao MPF em seu gabinete
Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) usou a prerrogativa de ser senador para escolher o dia e o local para prestar depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) na investigação que apura denúncias de vazamento da Operação Furna da Onça, em 2018, feita pelo empresário Paulo Marinho, suplente dele no parlamento e ex-aliado do clã presidencial.
Para evitar exposição frente às câmaras na sede do MPF ou da Polícia Federal, o filho de Jair Bolsonaro optou por prestar o depoimento em seu gabinete no Senado, marcado para esta segunda-feira (20), às 14h.
“Para que a verdade seja restaurada o mais rápido possível, o senador Flávio Bolsonaro marcou a data para depor junto ao Ministério Público Federal. A previsão é de que o depoimento ocorra na próxima segunda-feira (20/07), quando um procurador da República irá ao encontro do parlamentar, em Brasília. Flávio Bolsonaro prestará depoimento na condição de testemunha”, diz a defesa do senador em nota.
A decisão de Flávio obrigou o procurador Eduardo Benones, do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MPF, se deslocar do Rio de Janeiro até Brasília somente para colher o depoimento.
Paulo Marinho
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o empresário Paulo Marinho, que atuou na linha de frente da campanha de Jair Bolsonaro em 2018, disse quem delegado da Polícia Federal avisou Flávio de uma operação que deixaria em evidência o ex-assessor dele na Assembleia Legislativa, Fabrício Queiroz.
Marinho disse que o vazamento da informação aconteceu em encontro do delegado com o coronel Miguel Braga, chefe de gabinete do parlamentar, o advogado Victor Alves e Val Meliga, ex-presidente do PSL no Rio e irmã de dois milicianos, na porta da Superintendência da PF, na Praça Mauá.
O relato do delegado, segundo Marinho, foi de que Queiroz e a filha tinham sido citados num relatório do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
“Vai ser deflagrada a operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz (Nathalia), que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro (que ainda era deputado federal) em Brasília. Nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição (presidencial) ”, teria dito o delegado, segundo Marinho.
A partir do relatório, o Ministério Público do Rio detalhou o suposto esquema de corrupção que afirma ter ocorrido no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Da Revista Fórum