Por Raimundo Lima dos Santos*
O gênero biográfico surge no século XVIII, na perspectiva de evidenciar o indivíduo como agente importante diante das forças sociais. Na abordagem positivista esses indivíduos passaram a ser percebidos como figuras centrais na história, de forma a negar a importância dos demais na construção dos eventos sociais. Com a supervalorização desse personagem “único”, o conjunto perdeu força e a história ficou centrada em poucos nomes. Rompendo com essa tradição, o marxismo atribuiu aos grupos ou classes o papel de mover a história, mas suprimindo completamente a importância da pessoa enquanto agente fora da estrutura.
Novas técnicas e métodos da história, como os empregados pela história oral (SCHIMIDT, 1997, p. 117) têm sido de grande importância para esse retorno, uma vez que ampliou o horizonte das fontes históricas: memórias, diários pessoais, fotografias, correspondências, dentre outros recursos.
A biografia ressurge como explicativa social por meio de parte do todo. O indivíduo representa parte do conjunto social e entender o “percurso” dos indivíduos pode ser bastante esclarecedor para determinados eventos sociais. “É por isso mesmo que se pode conhecer o social partindo da especificidade irredutível de uma prática individual” (SCHIMIDT, 1997, p. 121). Nesse prisma pretendemos localizar nosso personagem, como alguém capaz de expressar parte de uma realidade sociopolítica sem deixar de considerar o papel dos outros indivíduos e da estrutura.
Outro elemento a ser considerado é a clareza de que a biografia não apresenta a totalidade do indivíduo, ela apenas escolhe aspectos que se expressam com mais força, dando uma idéia de totalidade, sem jamais sê-lo. Bourdieu afirma que tentar compreender a vida dessa forma linear é absurdo (BOURDIEU, 1996, p. 74-75), por isso ele usa o termo ilusão biográfica para designar esse percurso claro e retilíneo. Tendo isso em vista, traçamos um roteiro político para Manoel da Conceição a partir de uma parte de suas ações políticas.
Este texto retrata parte da história de um camponês maranhense chamado Manoel Conceição Santos, um dos maiores articuladores da luta camponesa em resistência ao Regime Militar. O percurso da sua história retratado neste texto abarca um período de setenta anos, meados dos anos 1930, ano em que nasceu até meados dos anos 2000, ano em que o camponês se candidatou a presidente do Partido dos Trabalhadores – PT. Reconstruímos parte da sua história com base em jornais, revistas, documentos “oficiais” e uma longa entrevista com o protagonista dessa história. O objetivo é mostrar, por meio de um militante, a própria história do movimento de esquerda no estado do Maranhão e no país.
Manoel Conceição começou organizando o sindicato de trabalhadores rurais no vale do Pindaré-Mirim, no Maranhão, posteriormente contribuiu na organização de entidades importantes no cenário nacional como a Central Única dos Trabalhadores – CUT, o Partido dos Trabalhadores – PT e o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural – CENTRU. Por suas ações foi perseguido, preso e torturado na ditadura militar, no exílio em Genebra, se engajou, juntamente com outros exilados, na luta contra governos repressivos. Após três anos fora do Brasil, retornou e deu continuidade, até os dias atuais, a luta em favor de uma sociedade mais justa. Trabalha com associações e cooperativas, desenvolvendo atividades que visam o aperfeiçoamento dessas organizações e o bem-estar dos trabalhadores.
Manoel nasceu em 1935 na região de Pedra Grande, no Estado do Maranhão. Sua vida foi marcada pela pobreza, fruto da exclusão político-econômica, nos tempos semelhantes ao do coronelismo, em que o “compadre” da comunidade faz os “favores”, em troca do detrimento da maior parte das terras locais. Além disso, controla o poder de mandar, de escolher, de excluir, cristalizando relações sociais marcadas pelas enormes diferenças.
A família, conseqüentemente o próprio camponês, conheceu essa situação por mais de uma vez. Entre uma expulsão e outra, sua família chegou à cidade de Pindaré-Mirim no Maranhão em 1962. Mais ou menos nessa época, começou a participar de um curso, visando à formação sindical e cooperativa através do Movimento de Educação de Base (MEB). Com isso, ele se afastou da Igreja, na qual chegou a ser professor na escola dominical e auxiliar de pastor. Com isso, seu envolvimento tornou-se cada vez mais intenso nas lutas sindicais, especialmente na esfera da luta camponesa.
Não por coincidência, Manoel da Conceição, como ficou conhecido até hoje, encontrou um grupo de trabalhadores dispostos a fazer a luta por um “mundo melhor”, em defesa dos interesses dos trabalhadores pobres. Por conta disso, fundaram o primeiro sindicato de trabalhadores rurais de Pindaré-Mirim, no qual Manoel foi o primeiro presidente. Nessa região, o sindicato chegou a aglutinar 100 mil trabalhadores rurais, sendo grande parte deles, atuantes em entidades classistas.
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* Mestrando pela Universidade Federal do Goiás – UFG e Bolsista pelo Fundo de Apoio à Pesquisa do Estado do Maranhão – FAPEMA.
Conheço pessoalmente Manoel da Conceição, participei ativamente junto com ele da Fundaçaõ do Centro de Educação e cultura do Trabalhador Rural, CENTRU, Partido dos Trabalhadores e a central sindical denominada de CUT, nos anos 80, meu amigo pessoal por quem tenho consideração e apreço, pelo reconehciemnbto de sua história e pelo legado de posição de luta que tem nos ensinado, Manoel no meu ponto de vista, é um monumento Histórico, vivo, o Brasil precisou, precisa e continuará precisando de cidadãos forte e guerreiros desse porte.
Mewu nome é Francisco Ferreira da Silva
resido no Municipio de Pedra Grande no RN
Meu email- f.ferreira.silva@hotmail.com
Conheco Meu amigo manoel da conceicao e o admiro.muito por sua luta pelos menos favorecidos do Brasil. Sou professor em Buriticupu e. Me sinto orgulhoso de ter um amigo que ja ezteve ao lado de Mao Tse Tung na sua luta pela justca social brasileira . Manoel vice e o nosso farol . m grande ab guerreiro
Conheço mané conceição, Grande campones, grande homem na historia e Luta dos trabalhadores Brasileiros. fiz parte com ele na fundação, da CUT, do PT e Centru, vivi e convivi com esse monumento humano, que é Manoel da Conceição
Um abraço Mané – do amigo Ferreira do RN
não defendo traidor de minha classe
sigo exemplo de mané da conceição
minha perna é minha classe social
não sarneys globos agros maluf lobão