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    Estudos com semente de Juçara típica do MA apresentam resultados positivos no combate ao câncer

    Estudos sobre as propriedades antitumorais da semente da Juçara têm apresentado resultados promissores no combate ao câncer. Patrocinadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) as análises dos efeitos do extrato hidroalcoólico e do óleo da semente, nos experimentos in vivo, reduziu o volume tumoral e o peso do tumor, manteve o peso dos animais tratados e induziu resposta imunomoduladora. O tratamento também aumentou a área de necrose do tumor quando comparado ao controle.

    MARIA DO CARMO LACERDA BARBOSA, doutora em biotecnologia: “Os resultados sugerem o potencial antitumoral do extrato da semente da juçara, em modelos in vitro e in vivo de câncer de mama e do óleo da semente do fruto, em células de adenocarcinoma colorretal, contribuindo para a obtenção de um fármaco ativo originado de um produto natural conhecido”

    “Os resultados sugerem o potencial antitumoral do extrato da semente da juçara, em modelos in vitro e in vivo de câncer de mama e do óleo da semente do fruto, em células de adenocarcinoma colorretal, contribuindo para a obtenção de um fármaco ativo originado de um produto natural conhecido”, avalia a Maria do Carmo Lacerda Barbosa.

    Doutora em biotecnologia e professora da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), Maria do Carmo coordena projeto no parque ecológico do Maracanã, área de juçaral que resiste ao desmatamento indiscriminado nos arredores da Ilha. O projeto resultou na tese de doutorado do professor Marcos Antônio Custódio, intitulada “Avaliação da atividade antitumoral da juçara (Euterpe oleracea mart) em modelos in vitro e in vivo de câncer”.

    “O trabalho da professora Maria do Carmo é um dos muitos exemplos e mostra a expertise e amplo conhecimento de nossos pesquisadores, e a relevância, para todo o país, de seus estudos. O Governo do Estado é ciente do significado destes apoios e temos trabalhando, também no sentido de dar visibilidade destes estudos que têm o apoio financeiro da Fapema”, garante o presidente da Fapema Nordman Wall.

    Maria do Carmo explica que, em relação ao efeito anticâncer desse subproduto, poucos estudos têm sido descritos na literatura, porém com resultados bastante significativos, evidenciando efeito quimiopreventivo e terapêutico da juçara em diferentes modelos in vitro e in vivo de câncer. “Foi observada redução da incidência, proliferação tumoral, multiplicação celular e de tamanho do tumor, devido às propriedades anti-inflamatórias e antiapoptóticas da juçara. Esta constatação viabiliza os estudos para desenvolvimento de compostos fármaco-ativos”, ressalta.

    A pesquisa foi realizada com extrato e óleo bruto da semente, considerando que os efeitos da juçara são de toda a composição, de forma sinérgica. O trabalho seguirá com estudos utilizando o óleo da semente da juçara, em modelo experimental de colite/câncer colorretal, para avaliar os efeitos in vivo.

    Danos morais e reembolso é muito pouco pelo crime continuado da Shopee contra consumidor

     A condenação do site de compras Shopee e da plataforma de pagamentos Ebanx por danos morais (R$ 1.000,00) e a reembolsar cliente por valores pagos (R$ 169,58 e R$ 219,62) por produtos defeituosos é muito pouco se levarmos em conta a repetição de casos semelhantes ao julgado. Os sites de venda, por caminhos outros, fazem parte da mesma rede social que propaga ódio e incita ataques ao estado democrático de direito. Vítima, um consumidor resiliente, descrente, fragilizado, ao deus-dará, é a disposição em pessoa.

    Na denuncia tramitada no 4º Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo de São Luís, a narrativa é praticamente a mesma com a que ocorreu com o editor deste blog, um ano depois e com agravantes e pequenas diferenças. A Shopee foi condenada por não restituir o que foi pago por produtos que o denunciante comprova nos autos ter recebido com defeito.

    No nosso caso, recebemos artefato diferente do encomendado e fomos levados, com a garantia de que receberíamos a compra desejada, a aceitar o reembolso de R$ 1, pelos R$ 60 pagos pelos óculos dobráveis. Míope, que não se reconhece mais sem óculos, sempre que posso compro esse tipo de armação, não pela marca, porque caro é a lente. Mas pela possibilidade de ter dois óculos de grau, um escuro e outro claro; que cabem no bolso na calça.

    De igual modo consta do juízo, também fui orientado pela Shopee a enviar fotos para validar a solicitação de reembolso. O que foi feito e comprovado pelo denunciante nos autos e, por mim, nos prints abaixo. Aliás, não só as fotos, mas toda a conversa com a vendedora, que pra mim não fazia diferença, pois lidava com a garantia da marca Shopee.

    O pedido de fotos e a confirmação do erro
    O besta e o reembolso de R$ 1

    Em 12 de setembro de 2022, de acordo com registro na ação, a Shopee aprovou a restituição, mas não cumpriu o acordado. Dessa forma, o internauta requereu a devolução do valor pago pelos produtos e indenização por danos morais. Em contestação, Ebanx LTDA e a SHPS Tecnologia e Serviços LTDA, a Shopee, pediram pela improcedência da ação.

    A Shoppe e a Ebanx sustentaram não ter culpa no caso, alegando ilegitimidade passiva. Ou seja; dizem que não são responsáveis pelos produtos oferecidos no site. As plataformas de vendas (todas sem nenhuma exceção) reúnem uma série de vendedores e lojas sob o seu guarda-chuva. Acessa-se o site pela marca, e muitas lojas e vendedores, oferecem seus produtos em várias páginas. E com certeza não sai de graça, como de graça não é o espaço da prateleira de um supermercado.

    A ilegitimidade passiva foi rejeitada. O Judiciário destacou na sentença que a Shopee funciona como intermediadora da compra, estando, portanto, na cadeia de fornecedores da relação de consumo. Já a Ebanx funciona como intermediadora do pagamento.

    “Importa frisar que o objeto da presente demanda será dirimido no âmbito probatório e, por tratar-se de relação consumerista e estarem presentes os requisitos do artigo 6º, do Código de Defesa do Consumidor, caberá à reclamada o ônus da prova (…) Verifica-se que, em documento, consta um e-mail enviado pela requerida Shoppe ao autor, informando que ‘após análise e validação pela nossa equipe, o reembolso do seu pedido foi aprovado e, em caráter de exceção, não será necessária a devolução do produto desta vez”.

    Meus óculos?

    Foram com a mesma chuva dos anos 80, que só percebi que os havia perdido por causa das águas que caíam na madrugada não estavam embasando minha vista …

    Maranhenses são os que têm maior costume de parcelamento(80,4%) revela pesquisa da Serasa

    Pesquisa inédita compara o uso do dinheiro e os hábitos de finanças pessoais nos 27 Estados do país

    Maranhão é o Estado brasileiro que mais busca crédito para comprar casa própria (10,8%)

    Consumidores do Maranhão são os que menos conseguem organizar e planejar as finanças (41,8%)

    De acordo com o levantamento, brasileiros procuram crédito principalmente para pagar dívidas (35%), limpar o nome (21%) e pagar despesa inesperada (19%)

    7 em cada 10 pessoas parcelam compras no Brasil, sendo que os parcelamentos com cartões de crédito de terceiros são os mais comuns (38%)


    Parcelar compras é algo comum no Maranhão. O levantamento “Finanças Regionais: as diferenças na relação com o dinheiro entre os Estados do Brasil”, realizado pela Serasa em parceria com a Opinion Box, mostra que 80,4% dos consumidores locais optam por dividir valores em prestações. O número faz com que o Estado tenha o maior costume de parcelamento do país.

    O estudo, entretanto, também mostra que o parcelamento está em alta ao redor do Brasil. 7 em cada 10 pessoas compram a prazo no país. Os fatores mais levados em consideração antes de parcelar uma compra são a disponibilidade do dinheiro em conta (27%) e a cobrança de juros (25%).

    A utilização de cartão de crédito de terceiros é o método mais popular de parcelamento (34%) no Maranhão – apenas 6% das pessoas usam cartão de crédito próprio nesse tipo de operação. Crediários específicos de lojas (28%) e boleto bancário (26%) também são muito procurados para diluir os valores ao longo do tempo.

    A pesquisa traz ainda insights sobre organização financeira e mostra que o Maranhão é um dos estados que menos se preocupa com o assunto. Apenas 51% das pessoas afirmam realizar controle mensal das finanças pessoais. Os principais objetivos são evitar o endividamento (46,5%) e ter uma reserva de segurança (36%).

    Outros dados importantes são que os consumidores maranhenses estão entre os menos otimistas em relação às finanças pessoais (48%), em comparação com os últimos anos, e que os moradores do Estado são os que menos acreditam que conseguem organizar e planejar as finanças (41,8%).

    Procura por crédito

    O estudo da Serasa ainda analisou como os brasileiros se comportam quando o assunto é a busca por crédito. No Maranhão, 52% dos consumidores afirmam ter procurado limite extra no último ano. Os métodos mais pesquisados e contratados são cartão de crédito (51%) e empréstimo pessoal (48%).

    É válido destacar também que o Maranhão é o Estado brasileiro que mais buscou crédito para comprar casa própria (10,8%).

    Leia pesquisa completa AQUI

    Deu no D.O.

    A coluna Deu no D.O. está no ar com os generosos contratos dos nossos divinos gestores públicos. Dos caixões (R$ 214 mil) de Itapecuru-Mirim ao material de limpeza de Coroatá (R$ 2 milhões), ainda figuram Viana, Matões, Porto Rico e São José de Ribamar.  

    Justiça fria – O Tribunal de Justiça (TJ/MA) contratou a Airtemp Central de Serviços e Comércio e Refrigeração LTDA., para prestar serviços continuados, dentre outros, de manutenção preventiva, preditiva e corretiva, com substituição de peças de todos os equipamentos do sistema de refrigeração do Fórum Sarney. O custo da friagem por doze meses, a contar de 26 de junho passado, será de R$ 1.636560,72. 

    Uma mãe I – O mês de maio é o mês das mães. É o que mais se ouve por tudo que é canto que se anda. Em Matões, dois contratos, um dia 10 e outro dia 15, devem garantir, durante 7 meses, uma cidade limpa e a frota da Saúde com tanque cheio. 

    Uma mãe II – Pela vassoura da IRM Construtora LTDA passou R$ 776.660,22 (limpeza de vias urbanas e coleta de lixo domiciliar); e pela mangueira de José Santana de Sousa saiu R$ 714.000,00 em combustível para atender às necessidades da Semus. 

    Só faltou a placa I – Interessante essa Ata de Registro de Preços assinada pela Câmara Municipal de Porto Rico, dia 3 de julho, e o sr. Isiel Galdez Carneiro. A lista de preços se resume a locação de um veículo com mais de 20 anos de estrada, no valor mensal de R$ 3.955,87. 

    Só faltou a placa II – Segundo extrato publicado no Diário Oficial, o objeto da Ata foi a ” Contratação de locação de 01 (um) veículo tipo automóvel, 5 portas, com capacidade para 5 pessoas, marca Renaut, modelo sandero express – cor prata – ano/modelo2013. 

    Urna I – Depois de contratar R$ 2.405.114,04 milhões em aquisições de livros (R$ 710 mil com a São Luís Distribuidora de Livros LTDA e R$ 1,69 milhão com a Editora Aguiar LTDA) a prefeitura de Viana não tomou conhecimento e meteu bronca em um outro contrato, no valor de R$ 3.518.460,00 milhões. 

    Urna II – Somados em R$ 5.923.574,04, os 3 contratos foram assinados no mesmo dia 3 de julho e com validade até 31 de dezembro. Os R$ 3,5 milhões do terceiro contrato, no entanto, foram destinados à implantação de escola virtual; sob responsabilidade da Data Tech Comércio e Serviços de Informática. 

    Urna III -Mas um quarto contrato, também celebrado no mesmo dia 3, é o que deve deixar muita gente, se houver gente capaz disso, com a pulga atrás da orelha. 

    Urna IV – A Pedro Italo da C. Cunha Filmes foi contratada por R$ 643.341,36 para produzir e divulgar material para imprensa e mídias digitais; além de prestar o interessante serviço no que se pode imaginar como de assessoria de comunicação, até 3 de julho de 2024. Não por coincidência, a 3 meses das eleições municipais. 

    Vá com Deus I – Com uma mortalidade infantil de 11,9 óbitos por mil nascidos vivos, os 61 mil itapecuruenses sobreviventes tiveram suas passagens, dessa para melhor, garantidas pela prefeitura municipal. 

    Vá com Deus II – Dia 17 de maio foram celebrados dois contratos (R$ 181.940,00 e R$ 26.241,00) de prestação de serviços funerários com a Maranhão Pax LTDA. A graça saiu por R$ 214,181,00. 

    Limpou, tá limpo I – Se um enterra o outro limpa. A prefeitura de Coroatá assinou quatro contratos para aquisição de material e descartável, somados em R$ 2 milhões. 

    Limpou, tá limpo II – Todos os contratos foram assinados com a EA Silva Distribuidora LTDA. R$ 590.165,20 para passar o pano na Educação; R$ 583.830,25 para higienizar a Saúde; R$ 250.804,85 para fazer brilhar a Assistência Social e R$ 573.244,25 para limpar toda a sujeira no restante das secretarias. 

    Bençãos I -Anotem aí. A prefeitura de São José de Ribamar meteu o garrancho em contrato de R$ 3.831.108,15 com Nordcom – Nordeste Rep. Distribuição e Comércio LTDA. 

    Bençãos II – Como o nome é de fantasia, a Nordcom foi contratada para construir o Centro Cultural e Turístico de São José de Ribamar. 

    O Globo sai em defesa de Alexandre Garcia e reproduz fake sobre tragédia para acusar governo de perseguir jornalista

    O Globo se superou em mediocridade nesta segunda-feira ao sair em defesa de Alexandre Garcia destacando em manchete que “Lula repete Bolsonaro e usa AGU contra jornalista”. 

    O Ministério da Justiça e a Advocacia Geral da União abriram investigações contra o jornalista por compartilhar fake news sobre a tragédia do Rio Grande do Sul.  

    Sem qualquer princípio ou pudor, o Globo a título de mostrar o motivo da reação do governo, reproduz o que disse Alexandre Garcia no último domingo. E não teve a responsabilidade de apurar a verdade, mostrar o impacto das declarações fakes em meio a essa tragédia e de clamar por união e solidariedade em nome do povo gaúcho, seja ele bolsonarista ou não.  

    Leia o que escreveu O Globo: 

    “A reação do governo petista aconteceu neste domingo, após Alexandre Garcia afirmar no programa “Oeste Sem Filtro”, da Revista Oeste, que “não foi só a chuva” que causou enchentes no estado. A passagem de um ciclone na região deixou pelo menos 43 mortos no estado. Garcia, em suas afirmações, disse ainda que “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, 3 represas pequenas, que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”.

    E pronto, nada mais foi dito sobre a tragédia.  

    O jornal deu prosseguimento à sua matéria de redação, onde a tragédia no sul do país serviu apenas de gancho para bater no governo Lula; um governo cada dia mais insuportável aos olhos de uma elite que chegou a sonhar não ter mais que abrir concessão para se manter no poder, de onde nunca saiu.

    Sem resguardar as devidas diferenças, o Globo cita vários casos de jornalistas acusados pelo governo Bolsonaro com base na Lei de Segurança Nacional.  

    Não é vergonhoso, porque vergonha é só para quem tem.

    Leia a matéria AQUI

    Lei obriga donos de barracas de praia a fazer campanha preventiva de responsabilidade da Semus

    Era só o que faltava, a Câmara Municipal de São Luís transferir a responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde, obrigando proprietários e responsáveis pelas barracas de praias da capital fazerem campanha preventiva contra o câncer de pele

    Promulgada em 4 de maio de 2022, a lei só entrou em vigor mais um ano depois, no último dia 5 de setembro de 2023, data da publicação no Diário Oficial. Ela é resultado da promulgação do projeto de Lei 074/2021 do vereador Dr. Gutemberg, que apesar de ser médico se equivoca na medida em que obriga por força de lei, uma prática que deveria ser resultado de um trabalho de conscientização.  

    Afinal, os proprietários ou responsáveis pelas barracas de praia, assim como seus funcionários, estão expostos aos mesmos riscos de contaminação dos banhistas e consumidores de seus estabelecimentos comerciais.  

    Não é uma placa avisando do perigo do rio, que impede as pessoas de morrerem afogadas. 

    Não é uma placa avisando que a praia é imprópria para banho, que impede as pessoas de banhar.  

    O equívoco maior, no entanto, é ignorar que o câncer de pele é uma doença que ameaça a todos. Não só os banhistas, sejam eles de praias, rios ou piscinas. Mas especialmente os trabalhadores do campo, construção civil e todos os que trabalham expostos ao sol.  

    O Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra a cada ano cerca de 185 mil novos casos de câncer de pele no geral; corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no País. 

    “A maioria tem relação direta com a exposição a raios solares danosos – o que num país tropical, litorâneo e agrícola como o Brasil ganha proporções gigantescas…” 

    A Lei Gutemberg determina que os avisos sejam fixados em “locais visíveis ao público, nas dependências do estabelecimento, alertando seus usuários de que a exposição aos raios ultravioleta pode provocar câncer e outras doenças, devendo ainda constar o que é o câncer de pele, suas causas e como prevenir”. 

    Os donos das barracas de praia têm 120 dias para se enquadrar aos rigores da Lei. 

    Moro engana próprio filho de 2 anos com falso prêmio por trabalho realizado como magistrado

    Sérgio Moro usa Fernandinho Beira Mar em sua autobiografia para se mostrar um juiz simples, corajoso e ético; mas acaba se revelando um pai que não perdoa nem o próprio filho. 

    Juiz responsável pelo julgamento e condenação de Beira Mar a 29 anos de cadeia em 2008, Moro foi obrigado a aceitar proteção de vida. Inteligência da Polícia Federal havia identificado um possível ataque à sua família.  

    Moro narra o episódio sem demonstrar medo ou citar situações que pudessem tê-lo feito temer pela própria existência. 

    Diz que o mais lhe incomodou foi não ter mais a alegria de “poder ir até a padaria da esquina sem um aparato de segurança armado a sua volta”. 

    No entanto, para compor e tornar crível a figura de um juiz de tamanha coragem foi preciso acrescentar à narrativa o impacto da proteção de vida na sua vida familiar. 

    É quando o juiz corajoso se mostra uma fraude; um sujeito obcecado pela própria imagem, como vem a se mostrar a cada capítulo de sua autobiografia.  

    Com a necessidade de explicar para os filhos de 2 e 7 anos o que estava acontecendo, sem que ficassem assustados, ele resolve inventar uma história, como faria qualquer bom pai. 

     Mas, por se tratar de quem se trata, não foi uma história qualquer, apesar da pouca idade dos “meninos”. 

    Diz a ambos que estava sendo premiado pelo bom trabalho como magistrado com a disponibilização de motoristas pela Polícia Federal. 

    E para completar, justifica-se, colocando palavras na boca dos filhos: “O pai ganhou um prêmio por estar trabalhando bem como juiz, por isso resolveram nos dar alguns meses de acompanhamento por motoristas da Polícia Federal com carros blindados”. 

    Se os dois descobriram que o pai herói não passava de um simulacro e se ficaram com algum trauma de infância, não se tem notícia. 

    O que se sabe é que depois de acusar a prisão de Lula de armação e considerá-la um dos maiores erros judiciais da história, o ministro Dias Toffolli solicitou a PGR, AGU, CGU, TCU, entre outros órgãos de fiscalização e controle, que identifiquem e apurem responsabilidades nas esferas administrativas, cível e criminal de eventuais agentes públicos que contribuíram com as gravíssimas ilegalidades no acordo de leniência com a Odebrecht. 

    Se um belo dia, às 6 da manhã, a PF bate à sua porta, o que ele dirá agora aos filhos já adultos? 

    A ascensão do cinismo e a perda da vergonha

    A autobiografia de Sérgio Moro e a repercussão na mídia são leituras obrigatórias para compreender a ascensão do cinismo e a perda da vergonha, como parte de um de projeto que recompensaria o ex-juiz da Lava Jato com a presidência da república pelos serviços prestados aos interesses do capital norte-americano.

    Lançado em dezembro de 2021, Contra o Sistema da Corrupção, foi recebido com euforia por setores da mídia confabulados no golpe em processo desde a derrota de Aécio Neves para Dilma Rousseff em 2014.

    As resenhas publicadas e republicadas por onde houvesse um papel impresso nada diziam sobre o conteúdo do livro. Não havia necessidade. Se preocupavam tão somente em louvar “a história do homem por trás da operação que mudou o país”.

    Não sei se por desaforo ou tirando uma onda com a cara de besta do leitor, Marcelo Godoy, colunista de O Estadão, chegou ao ponto de comparar as entrançadas linhas de Sérgio Moro com Minha Vida de Leon Trotsky, um dos grandes líderes da revolução russa de outubro de 1917.  Godoy diz que apesar das diferenças estética e política, Moro e Trotsky buscaram com suas obras influir no debate público.  

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    Moro anunciou sua pré-candidatura à presidência, dias antes do livro sair do prelo.    

    Daí não passar de uma narrativa montada, talvez inspirada em Mary Shelley, para dar vida ao Super-Moro, balão de ensaio que em parceria com o pato da Fiesp animava as manifestações anti-lula.  

    Moro se apresenta como um sujeito culto e simples. Cresceu cercado de livros, estudou em Havard, passou no concurso para juiz federal e, com tudo isso, o que mais lhe incomodou quando esteve sob a proteção de vida da Polícia Federal, foi não poder andar até a padaria…

    De olho na campanha majoritária, o objetivo era iludir o eleitorado. A autobiografia faz da medíocre trajetória do curitibano, uma saga heroica de combate à corrupção e ao crime organizado no Brasil. No entanto, mais parece um trabalho escolar de exaltação a um herói sem defeito, um personagem sem alma, oco como deve ser todo super o que quer, que seja lá, o que for.

    “Contra o Sistema da corrupção”, na verdade, tem seus méritos. É uma autobiografia sem filtro, onde o autobiografado não diz, se mostra na medida em que escreve.

    Quanto mais escreve, mais se mostra e quanto mais se mostra, não resta dúvida de que se trata de um livro com lugar reservado na História.

    O que afere a autobiografia de um mentiroso, é a qualidade da mentira.

    Transparências meia-boca e vigiada nos casos sem segredo de Justiça limita jornalista e mantém advogado sob rédea curta

    Em meio a esse debate sobre a transparência no Poder Judiciário, que tal aproveitarmos para questionar as transparências meia-boca e vigiada nos casos que correm sem o segredo de justiça? 

    Meia-boca, porque não se tem acesso às peças de acusação e de defesa, aos objetos de provas em anexo, etc. 

    O acesso é limitado à movimentação e alguma ou outra decisão insuficiente para formação de algum juízo que sustente uma produção jornalística levada a sério. 

    Vigiada, porque o acesso total aos processos só é permitido aos advogados, sendo parte ou não do caso em questão.

    O problema é que ao acessar, o advogado deixa o registro de seu acesso. 

    A transparência meia-boca vai de encontro ao exercício pleno do jornalismo e a vigiada controla ou mantém o advogado sob rédea curta.  

    Não? 

    Então pergunta aí qual advogado me consegue o inteiro teor do processo que corre contra a desembargadora Nelma Sarney em Caxias? 

  • Deu no D.O

    • A coluna Deu no D.O. está no ar com os generosos contratos dos nossos divinos gestores públicos. Dos caixões (R$ 214 mil) de Itapecuru-Mirim ao material de limpeza de Coroatá (R$ 2 milhões), ainda figuram Viana, Matões, Porto Rico e São José de Ribamar. 
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