Weverton, Juscelino e Erlânio Xavier durante comício em Igarapé
Um mistério ronda as investigações sobre o desvio dos recursos da saúde através do orçamento secreto no município de Igarapé Grande, o primeiro da lista de dezenas de prefeituras suspeitas.
Dos R$ 29,8 milhões em emendas que a prefeitura recebeu entre 2018 e 2022 para o incremento temporário para custeio de atenção básica e alta e média complexidades, R$ 24 milhões são secretos e possuem a estranha coincidência de alta em 2021, o ano que antecede as eleições próximas de 22.
Rateados em quatro emendas, R$ 11, 7 milhões entraram nos cofres da prefeitura nos dias 6 de janeiro ( R$ 3,9 milhões) , 20 de outubro ( R$ 1 milhão) e 17 de dezembro ( R$ 3,9 milhões e R$ 3,5 milhões). 2021 também registra no dia 10 de junho a única emenda individual no valor de R$ 200 mil do senador Weverton Rocha (PDT) encaminhada ao município.
O grau de afinidade política com o prefeito Erlânio Xavier (PDT) e o baixo valor da emenda levam a crer que o amigo secreto se trata na verdade do senador. Embora não se possa afirmar e tampouco fazer elocubrações sobre os motivos do segredo.
Presidente da federação dos municípios do Maranhão, Erlânio Xavier é o coordenador da campanha de Weverton ao governo do estado.
Os R$ 11 milhões em emendas em 2021 chamaram a atenção dos órgãos de controle. Ação Civil Pública protocolada na Justiça pelo Ministério Público Federal conseguiu em tese de liminar travar R$ 2 milhões do Fundo Municipal de Saúde e proibir que o Ministério da Saude transfira mais recursos para o município.
A investigação do MPF foi intensificada com reportagem da Revista Piauí, dando conta dos municípios do interior maranhense em esquema de registro de falsos exames e consultas no sistemas eletrônicos do SUS, com o objetivo de elevar o teto das emendas de deputados e senadores destinadas a financiar os serviços públicos de saúde.
Levantamento da Controladoria-Geral da República aponta que dentre tantos absurdos, a realização de 263.657 mil consultas médicas registradas no mês de abril de 2019 em um município com apenas 11. 453 mil habitantes.
O maior problema de Weverton é o discurso vazio, próprio de quem pode até ter a intenção, mas não tem afinidade com aquilo com que quer se mostrar comprometido.
A situação se agrava quando se é candidato com o apoio da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Maranhão (Fetaema) e o debate envolve os conflitos no campo.
186 assassinatos de quilombolas, quebradeiras de coco, indígenas e trabalhadores rurais entre 1985 e 2021, segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra, exigem uma resposta consistente e imediata. E não a retórica comum a todos e qualquer candidato nas promessas de emprego, trabalho e saúde.
É o que se ouviu de Weverton durante esta campanha, especialmente nos debates eleitorais promovidos pelo portal IMirante e pelas Tvs Mirante e Difusora.
O pedetista chegou às raias do absurdo ao dar boas-vindas ao Matopiba, sem qualquer distinção entre os agrotrogloditas (termo utilizado pelo jornalista Elio Gaspari) e o empresariado responsável que atua no setor.
O Matopiba é o projeto de ocupação dos cerrados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que em alguns casos – se não a maioria – têm deixado um rastro marcado por sangue de lavradores, indígenas e quilombolas.
Na última terça, ao ser questionado durante debate na TV Mirante pelo candidato do PSOL Enilton Rodrigues, se tem alguma proposta concreta em relação aos conflitos agrários que existem no Maranhão, Weverton não se fez de rogado e se apegou às bravatas eleitoreiras com que ataca o governo Flávio Dino e a promessas que não se mostram suficientes na solução dos problemas do campo e, por conseguinte, da cidade.
– Quero agradecer o apoio da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Maranhão, que tem um papel importantíssimo no meu governo […] tudo que gere trabalho, que gere oportunidade nós iremos fortalecer com assistência técnica, com o fortalecimento das agências, com concursos e políticas sérias regionais… – disse, entre outras.
Em hora alguma na campanha ou mesmo nos quatro anos de mandato de senador ele defendeu a retomada do processo de reforma agrária, hoje praticamente extinto sob o comando da bancada ruralista. Grupo de parlamentares que defendem os privilégios e abusos do agronegócio desembestado concedidos por Bolsonaro,
Enquanto o candidato da FETAEMA faz joguinhos de palavras para evitar se contrapor à aliança bolsonarista de sua chapa, a matança de homens, mulheres e crianças do campo continua a pleno vapor. Seja à bala, porrada ou envenenamento por agrotóxicos espalhados no ar por aviões que, ao Mal que servem, já não podem mais serem chamados de teco-teco.
Ao anunciar saída temporária do Senado para disputar governo do MA, Weverton em lágrimas diz que o prefeito de Igarapé Erlânio Xavier era um exemplo de administração reconhecido pelo Judiciário, Ministério Público e Palácio dos Leões
CGU e MPF abrem a caixa-preta do hospital de Igarapé Grande
Município que possui entre 2018 e 2022 a maior média nacional per capita de emendas do orçamento secreto ao SUS, Igarapé Grande é um poço de suspeitas de fraudes e descaminho sem fundo.
A nota técnica da Controladoria-Geral da União que reúne entrevistas e uma série de situações verificada in loco é de deixar qualquer um de queixo caído, sem restar a menor dúvida: Muita lama ainda vai rolar por debaixo dessa ponte.
A Ação Civil Pública do MPF/MA que conseguiu na Justiça o bloqueio imediato de R$ 2 milhões ainda em caixa do Fundo Municipal de Saúde e a proibição do governo Bolsonaro realizar novos repasses via Incremento Temporário MAC ao município de Igarapé Grande, é só o começo.
Já constam do relatório da CGU a lista dos dez principais fornecedores de ‘obras & serviços’ e as declarações de Roberto Rodrigues Lima, responsável pelas inclusões de emendas no orçamento secreto.
No mês passado, o blog já havia revelado que Rodrigues Lima, o “usuário externo” mencionado nas listas de indicações para execução orçamentária em RP9 – LOA 2022, era ex-secretário adjunto de saúde de Igarapé.
Dono de empresa que trocou a contabilidade por ‘consultoria’ na área da saúde, Lima distribuiu R$ 36 milhões em emendas para Igarapé Grande, Lago da Pedra, Pinheiro, Lagoa Grande, Bernardo do Mearim, Itaipava do Grajaú, Palmerandia e Duque Bacelar.
A ação da CGU é parte do processo de investigação aberto no Ministério Público Federal em decorrência de denúncia publicada na edição de julho da Revista Piauí.
Com o título Farra Ilimitada, reportagem do jornalista Breno Pires revelou que vários municípios do interior do Maranhão estavam inserindo informações superestimadas de produção em sistemas eletrônicos do SUS, com o objetivo de elevar o teto das emendas de deputados e senadores destinadas a financiar os serviços públicos de saúde.
Os valores das indicações, que cada parlamentar recompensado pelos serviços prestados ao presidente Bolsonaro, têm como limite o gasto da prefeitura com Saúde no ano anterior.
Orçamento secreto
A partir de 2019 com a posse de Erlânio Xavier (PDT) na prefeitura e, por essas coincidências fenomenais da natureza, de Weverton Rocha (PDT) no Senado, a produção ambulatorial de Igarapé Grande saltou de 100.547 mil (2018) para 754.869 mil, e desde então mantém a alta, com 668.425 mil e 675.139 mil registros em 2020 e 2021.
Nesse período, “após as inserções fraudulentas”, o município registrou recorde de transferência para financiamento da Média e Alta Complexidade (MAC).
De R$ 2,4 milhões recebidos em 19, com base de cálculo do ano anterior, Igarapé Grande atingiu a marca de R$ 11,3 milhões em 2021.
O procurador da República Diego Messala Pinheiro da Silva foi categórico ao afirmar na ACP em trâmite na Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Bacabal-MA, que os autos comprovam a trama armada pela prefeitura de Igarapé com o intuito de aumentar os valores das indicações recebidas através do “famigerado orçamento secreto”.
“Está comprovado que a partir de 2019 o município de Igarapé Grande, em violação ao princípio da cooperação entre os entes federativos, tem inserido dados de produção da MAC incorretos, inconsistentes e discrepantes da realidade, majorando artificialmente o teto de financiamento do Incremento Temporário da MAC, o que possibilitou, por outro lado, o recebimento a maior de recursos decorrentes de emendas parlamentares, sobretudo do famigerado orçamento secreto”, escreve.
O Xavier monárquico
A maneira descarada com que fraudaram o sistema de notificação eletrônica do SUS não é desse mundo.
Não tiveram sequer a preocupação de aumentar o número de consultas e exames dentro de um limite razoável.
Registrar oficialmente a realização de 37.598 mil ultrassonografias transvaginais e de próstata por via abdominal em um universo de 11.453 mil habitantes, não é um sintoma de impunidade, mas de desprezo feudal.
A impunidade republicana exige no mínimo certos cuidados.
O que dizer das 263.657 mil consultas médicas registradas no mês de abril de 2019 em um hospital que possuía apenas nove jalecos brancos inscritos no Conselho Regional de Medicina?
Os médicos que atuam no Hospital Municipal Expedito Lopes Galvão, o único de Igarapé, informaram à CGU realizar em média 45 atendimentos – o que já é muito – por dia de trabalho.
O escárnio chegou a tal ponto que registraram 11.498 mil exames de Monitoração Ambulatorial de Pressão Ambulatorial em 2021, que pressupõe a utilização de equipamento específico (M.A.P.A), que a prefeitura não dispõe!
Só por essas voltas que o mundo dá, um município que já teve um prefeito com o nome de Reizinho, é um de sobrenome Xavier, o mesmo de Tiradentes, o epicentro de um possível escândalo de proporções monárquicas.
Saída temporária
Erlânio Furtado Silva Xavier é presidente da Federação dos Prefeitos do Maranhão – Famem e um dos coordenadores de campanha do candidato ao governo do Maranhão, o senador licenciado Weverton Rocha.
A relação do prefeito com o senador – imagina-se que a princípio, política – é bastante próxima. A tal ponto que no dia 6 de julho, quando do discurso ‘emocionado’ proferido da tribuna do Senado, anunciando sua saída temporária para disputar o Palácio dos Leões; Weverton fez questão de destacar Erlânio Xavier em meio às homenagens que fazia a todos que fizeram parte de sua gloriosa trajetória.
“Quero agradecer o presidente da Famem, Erlânio Xavier… que faz uma gestão diferenciada em Igarapé Grande. Eu desafio aqui qualquer um do mundo, que esteja me assistindo agora, er lá em Igarapé Grande ver administração do PDT, do prefeito Erlânio e vê a diferença do que era antes e depois do Erlânio, uma referência dentro do Ministério público, dentro do judiciário, dentro do Palácio dos Leões”.
As pesquisas eleitorais produzem a priori um problema. Fazer da campanha eleitoral uma espécie de corrida de cavalo. Não se discute as qualidades do candidato, mas quem está na frente, se tem alguém correndo por fora, se a pesquisa é uma barbada…
Por outro lado, elas também permitem uma leitura mais aproximada da realidade. Desde que as enquadre na perspectiva de cada candidato no particular e de todos no conjunto da obra.
Entre a última curva e a chegada final , reduz a margem de erro no cálculo das probabilidades.
Um prognóstico não é uma aposta. Um prognóstico não acerta, aponta.
Não é à toa que o secretário Ricardo Cappelli se mostra capaz com suas instigantes análises da disputa, ora em voga.
Concorde ou não, mas não há como deixá-lo de levar em conta.
É como diz o velho clichê, ele sabe ler a voz das ruas.
Nesse sentido, a poucos dias das urnas , avisa:
“Faltando uma semana, é cada vez mais provável que o governador Carlos Brandão seja reeleito no 1° turno. O maior número de ainda indecisos está concentrado nas camadas populares, onde Brandão, Lula e Flávio Dino lideram com folga. Os três estão com curvas ascendentes, empurrados pelas camadas populares.
Lahesio está consolidado em dois setores. Lidera entre os evangélicos e nos que possuem renda superior a 5 salários mínimos. Assim como no Brasil, a eleição no Maranhão possui um corte de classe nítido. A maior parte das pesquisas não tem captado corretamente o eleitor de maior renda (8% no Maranhão, segundo o IBGE). O ex-prefeito, empurrado pelo bolsonarismo, ficará em 2° lugar.
O senador Weverton continua seu calvário em função da ausência de identidade e posicionamento. É esmagado pelo “Trio Nordestino” – Brandão, Lula e Flávio Dino – no povo e não consegue entrar nos extratos sociais mais elevados, bloqueado por Lahesio. Apostou suas últimas fichas no prefeito Braide, mas a rejeição do senador na capital é grande. É improvável que funcione. Tudo indica que terminará em 3° lugar.
Edivaldo vive drama ainda maior. Apostou numa candidatura sem apoio partidário, isolado. É pressionado por Brandão e Weverton no voto “Lulo-Dinista” e não contava com o bloqueio de Lahesio nos evangélicos e nos setores conservadores. O ex-prefeito da capital está definhando e sem ter para onde ir. O eleitor vai votar no 4° colocado? É muito improvável.
Ao desafiar os racistas espanhóis, Vinícius Júnior já é uma personalidade mundial do esporte, não só por ser craque, mas por ser cidadão acima de controvérsias rasas que envolvem o futebol.
Algumas dessas controvérsias passam pela defesa de condescendências. Por exemplo. Dizem que o futebol, por sobreviver das paixões clubísticas ou regionalistas e nacionalistas, deve relevar irracionalidades.
Um clube com um técnico fascista, por exemplo, deve seguir em frente, porque a paixão por esse técnico e seu histórico de fidelidade ao time anistiam o fascismo do sujeito.
Um bom jogador de extrema direita, com posições explícitas antidemocracia, continuaria sob adoração da torcida por ser excepcional.
E assim os condescendentes vão normalizando anormalidades em nome de paixões. Insistem que a adoração por um ídolo não pode nunca se submeter a julgamentos alheios a essa paixão.
Não é assim. Nunca foi. Qualquer esporte, como qualquer atividade humana, está submetido às regras das conquistas pela civilização. A presumida paixão não autoriza a submissão a racistas, xenófobos e homófobos.
Se não fosse assim, todas as paixões seriam anistiadas em nome da irracionalidade de quem torce por um time de nazistas? Ou por um clube dominado por dirigentes fascistas? Ou por um time de jogadores praticantes de fundamentalismo religioso?
Vini Júnior foi atacado por um comentarista do futebol espanhol, que determinou, referindo-se às danças do brasileiro na bandeirinha de escanteio depois dos gols: pare com essas macaquices.
Vini reagiu, no jogo de domingo do Real Madrid contra o Atlético, dançando de novo. E fez um vídeo dizendo que não vai parar de dançar.
Poderia ter ficado quieto, para não se desconcentrar e não virar alvo, mas foi à luta. Vini poderia, numa abordagem superficial, ser apresentado como contraponto à alienação de um Neymar.
É mais do que isso. Vinícius iguala-se em bravura a um Lewis Hamilton, o negro que não teme os supremacistas e o poder do dinheiro que circula na Fórmula-1.
A reação de Vinícius, avisando ao fascismo que não irá se dobrar, fortalece a consciência dos que já tombaram por desafiar os poderosos e sabem que estão certos.
O técnico Roger Machado foi um deles. A estrutura reacionária do futebol, incluindo a crônica esportiva bolsonarista, expeliu Roger do Grêmio.
Só não irão mandar Vinícius embora do Real Madrid porque, além de jogar na Seleção, teve o apoio dos colegas, coisa que Roger não teve em Porto Alegre.
As aberrações do futebol só deixarão de existir quando vastos contingentes deixarem de vê-las como parte do esporte, inclusive uma certa esquerda que condena a ‘politização’ das falas de jogadores, treinadores e outros protagonistas desse meio.
Mas não há excesso de politização. Há falta. O excesso é de alienação, resignação e silêncio cúmplice.
O futebol é uma arma poderosa em defesa da tolerância, das liberdades e das diferenças. Mas há quem acha que futebol é apenas um grito de gol.
Ainda bem que Vinícius Júnior, Roger Machado e outros poucos não acham.
Roberto Rocha e suas falsidades obriga Difusora a veicular direito de resposta
O juiz federal Ronaldo Desterro considerou difamatória e ofensiva termos da entrevista veiculada dia 15 de setembro pela TV Difusora com o senador candidato à reeleição Roberto Rocha, que acusou falsamente o ex-governador e candidato ao Senado Flávio Dino de desviar R$ 9 milhões dos recursos da vacina contra Covid para uma empresa que vende maconha em São Paulo.
Neste sentido, o magistrado que já havia em sede de liminar determinado a retirada do ar da entrevista disponível nos sites e páginas do Sistema Difusora nas redes sociais, sentenciou à emissora a publicar direito de resposta de Flávio Dino no prazo de dois dias, contado da entrega da mídia com o esclarecimento dos fatos caluniosos contra o ex-governador.
Desterro não acatou as teses de liberdade de expressão e de não haver fato sabidamente inverídico, alegadas nas defesas do senador e da emissora, assim como no parecer do Ministério Público Eleitoral contrário à concessão do direito de resposta solicitado.
Atividade-fim
Em respeito ao direito dos cidadãos de verem suas linhas argumentativas consideradas pelo juiz e em cumprimento ao dever de fundamentar sua decisão, Ronaldo Desterro fez menção expressa às teses e as combateu ponto a ponto.
Além das teses em comum com RR e a Difusora, o MPE sustentou que não incumbe à Justiça Eleitoral interferir na atividade de campanha dos candidatos para o fim de moldar seu comportamento. Salvo, observa “evidentemente em casos excepcionais em que a veiculação de fato sabidamente inverídico seja capaz de expressar uma mentira indene de dúvidas no público”.
O parquet conclui afirmando que “o caso trata de expressão legítima da liberdade de manifestação do pensamento”,
Ronald Desterro busca o fundamento da Constituição, que ao mesmo tempo que garante a liberdade de expressão, também assegura o direito à igualdade e à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, bem como o direito de resposta; para em seguida contra-argumentar a tese MPE:
“Neste contesto, tem-se que cumpre à Justiça Eleitoral assegurar o direito à liberdade de expressão, mas de outra banda compete a ela, quando provocada, impedir o abuso desse mesmo direito, a fim de que a informação atenda o seu fim maior, qual seja, o de bem informar o eleitor”.
Alhos e bugalhos
A emissora da Camboa, por sua vez, enveredou por um caminho que acreditava que não seria preciso atestar a veracidade do que dizia: as acusações contra Flávio Dino foram fortemente divulgadas por veículos de comunicação, eram de amplo conhecimento da sociedade maranhense, antes mesmo da realização da entrevista, e que a ausência de provas deve-se à regra que veda ao entrevistado apresentar documentos, fotografias, jornais ou qualquer outro impresso.
Nas contrarrazões o magistrado é objetivo e claro. Diz peremptoriamente que não há um só registro nos veículos de comunicação locais sobre desvio de recursos públicos destinados à compra de vacinas, como também é irrelevante que as regeras da TV Difusora impedissem a apresentação de provas durante a entrevista.
“Poderia o entrevistado verbalizar, declarar, enfim, onde as provas da acusação então formulada se achavam. Se não o fez, não foi por falta de oportunidade, mas porque inexistiam provas ou fatos, o que, ainda esta vez, faz induvidoso o dolo de desonrar”, escreve.
Enquanto os atores da Globo circulam entre as dunas e lagoas que servirão de pano de fundo para a próxima novela das 9, Travessia, de Glória Perez, um outro drama volta ameaçar o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
Requerimento do senador Roberto Rocha protocolado no início do mês de junho dispensa a realização de audiência pública para acelerar a votação do Projeto de Lei 465/2018, de sua autoria, que altera os limites e expulsa as comunidades tradicionais da área preservada.
Conhecido como Asa de Avião, a pressa de Rocha se justifica pela ciência que tem das dificuldades de se reeleger e da impossibilidade de aprovar proposta de tal natureza, caso se confirme os prognósticos de vitória do ex-presidente Lula.
O senador conta com o desmonte dos órgãos ambientais e com a limpeza da pauta do Congresso, prevista para os últimos dois ou três meses do governo Bolsonaro.
Neste sentido, ele dificilmente conseguiria realizar uma audiência pública a tempo de aproveitar a passagem do gado.
No entanto, o maior temor é a repercussão provocada por uma audiência dentro do próprio Parque e com a presença das comunidades tradicionais ameaçadas de despejo.
As novas linhas traçadas por Rocha reduz de 2.603 para 588 o número de habitantes no PNLM.
Centenas de pescadores e agricultores não mais poderão tirar o sustento de suas famílias das lagoas e rios, que fazem do deserto um oásis desejado pelas grandes redes de hotéis de luxo e pelo setor imobiliário voltado para o deleite dos poderosos.
A consulta aos povos tradicionais é obrigatória na implantação de projetos que podem afetar seus modos de vida. É o que diz a Convenção 169 da Organização Mundial do Trabalho (OIT) em vigor no mundo há 30 anos e ratificada pelo Brasil em 2002.
RR justifica que em maio de 2019 o senado já reuniu especialistas com o objetivo de obter informações para permitir uma análise criteriosa de sua proposição.
Ele, no entanto, ignora ou finge ignorar que os maiores especialistas são os moradores nascidos e criados em harmonia com a natureza peculiar da região.
No ar em fase experimental, o Blog do Garrone TV alerta: O senador Roberto Rocha entra com requerimento dispensando audiência pública para acelerar votação de seu projeto que altera limites e expulsa comunidades tradicionais dos Lençóis Maranhenses. Em 2019, na única audiência que discutiu o PLS 465/2018, Rocha propôs aquisição de dromedários
Notas técnicas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio (Leia Aqui) e do Grupo de Estudos Rurais e Urbanos – GERUR (Leia Aqui) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) colocaram em dúvidas os reais objetivos do projeto de lei
De acordo com os estudos, o senador maranhense utilizou falsos argumentos socioambientais para camuflar a construção de restaurantes, hotéis e casas de veraneios nos campos de dunas, em uma clara ameaça à rica biodiversidade dos Lençóis.
O ICMBio destaca que o exemplo de Jaricoacoara (CE), ao contrário do que apregoa RR em seu projeto, não trouxe benefícios para os moradores originários do famoso parque cearense.
“As comunidades pesqueiras tradicionais foram as mais prejudicadas, pois acabaram vendendo suas residências para empreendedores do setor turístico, principalmente para instalação de pousadas de luxo, e hoje residem distantes das áreas de pesca, muitos deles marginalizados”, diz o Instituto.
Na audiência pública no Senado promovida pelas senadoras Eliziane Gama (Cidadania) e Zenaide Maia (PROS) em atendimento à mobilização de trabalhadores rurais, militantes em defesa dos direitos humanos e pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão, Roberto Rocha discorreu sobre grandes projetos delirantes, fez cara feia e demonstrou, ao questionar a senadora Zenaide Maia , a barreira criada pelo ICMBio para impedir a exploração do turismo na região.
“ Eles (ICMBio) não deixam levar nenhuma água, nada. Por que que lá no Rio Grande do Norte, a Senhora tem dromedário, não tem dromedário nas dunas… E por que não pode ter no Maranhão ?”.
O presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), e a vice-prefeita de Pinheiro, Ana Paula Lobato (PSB), participaram, neste domingo (18), de caminhada no município de Santa Helena, liderada pelo prefeito Zezildo Almeida.
O movimento foi uma manifestação de apoio à reeleição de Othelino Neto, bem como às candidaturas de Carlos Brandão (PSB) ao Governo do Estado e de Flávio Dino (PSB) ao Senado, que tem Ana Paula Lobato como primeira suplente em sua chapa.
Ao final da caminhada foi montado um comício na Praça José Sarney e Ana Paula reafirmaram o compromisso do grupo do ex-governador Flávio Dino com o município. Lembraram que os heleneses têm conhecimento do trabalho e das obras realizadas nos últimos quatro anos.
. “Esse grupo politico, liderado pelo prefeito Zezildo, está transformando a vida de Santa Helena para melhor. É muito bom fazer campanha em uma cidade onde temos o que mostrar, onde podemos falar sobre todas as ações que beneficiaram a população e contaram com o nosso apoio. Estamos juntos e assim seguiremos, rumo à vitória!”, declarou Othelino Neto.
O prefeito Zezildo Almeida agradeceu e garantiu que o município sabe distinguir que por ele trabalha e a resposta será dada dia 2 de outubro.
A coluna Deu no D.O. está no ar com os generosos contratos dos nossos divinos gestores públicos. Dos caixões (R$ 214 mil) de Itapecuru-Mirim ao material de limpeza de Coroatá (R$ 2 milhões), ainda figuram Viana, Matões, Porto Rico e São José de Ribamar.