
O início dos festejos às 6 horas do dia 22 de agosto
Henrique Bóis
Enviado pela Famem
Com a missa do vaqueiro, que acontece desde 2005 na fazenda Mulundus por iniciativa da artesã Diane Motta, Vargem Grande deu continuidade neste domingo (25) aos Festejo de São Raimundo Nonato dos Mulundus. No dia 31 acontece o encerramento com uma grande missa campal em frente ao santuário, na sede do município.
O festejo teve início às 6 horas do dia 22 de agosto, conforme ritual religioso, em frente à igreja de São Sebastião, padroeiro de Vargem Grande. Durante os nove dias que se prolonga a festa, o santo vaqueiro comanda a cidade. Recebeu a chave de São Sebastião em frente à igreja de São Jorge, próximo ao portal da cidade, na abertura dos festejos em sua homenagem.

Devoto caracterizado como Santo Vaqueiro
“São Raimundo, glorioso, nosso povo está sofrendo”. O trecho da oração ao santo é repetido por romeiros e varganegrandenses devotos do santo durante todo este período. A trilha gospel embala os fieis no percurso entre o Santuário de São Raimundo, na sede do município, até Paulica, povoado a sete quilômetros da cidade. Neste povoado à margem da BR-222 está a igreja e em um pedestal de sete metros a imagem do santo de 2,10m feita em 24 horas pela artista plástica Diane Mota.

Romeira de São Raimundo Nonato dos Mulundus
A Paróquia de Coroatá é que responde pela organização da festa. Durante muitos anos, dona Nini Barros foi zeladora e curadora do Santuário São Raimundo, se dedicando a promover a parte religiosa do festejo, e ajudando a acolher o santo vaqueiro na paróquia da igreja Católica.

Vaqueiro em missa campal na Paulica
São Raimundo tem tons vermelhos e branco. Simbolizam a fé e a paz. No andor as cores prevalecem. Também na indumentária dos fieis que pagam promessas, a maioria mulheres e crianças. Eles se espalham pelas ruas e nos 40 degraus que dão acesso à igreja de São Sebastião.
Após a abertura no dia 22, a figura do típico vaqueiro com seu gibão, perneira, peitoral, chapéu de couro e outros apetrechos, escasseia. Este ano, a defesa da vaquejada ficou evidente entre as centenas de participantes que seguiram em procissão até a Paulica.

Missa campal na Paulica
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto; e o deputado federal Gastão Vieira, e o prefeito Carlinhos demonstraram sua fé acompanhando a missa campal na abertura da festa no meio da semana.
Centenas de vendedores que antes ocuparam o descampado da Paulica se transferem para as ruas de Vargem Grande. A prefeitura contribui com a organização, reservando espaço nas ruas transversais.
Lenda do Santo vaqueiro
Mundo, mundo, vasto mundo. Se chamava Raimundo Nonato, vaqueiro nascido em Vargem Grande e encontrado morto ao lado de uma carnaubeira, abundante na região baixa dos Cocais, exalando perfume na Fazenda Mulundus. Depois disso virou santo, graças aos milagres alcançado pelos que criam nele e noutros que conquistados pela fé.
Mulundus tem origem na dança negra trazida da África chamada Lundu. Segundo conta a lenda, a imagem de São Raimundo foi trazida da Espanha, e em nada lembra uma figura do vaqueiro da região dos Cocais.
Falam que existe uma imagem original do santo vaqueiro em Portugal. A que se encontra em Vargem Grande é uma réplica. Em 1981, uma imagem do santo foi roubada de dentro da Igreja de São Sebastião. Tempos depois foi recuperada lá pelas bandas do Pernambuco.
O município
Vargem Grande está localizada a 153 quilômetros de São Luís. O acesso a partir da capital é feito pelas BRs 135 e 222. A primeira povoação local data do século XVIII e a devoção a São Raimundo estão relacionadas aos caminhos das boiadas onde depois se instalaria a cidade. Os gados eram destinados às grandes fazendas escravagistas, produtoras de algodão do vale do Itapecuru.