Estadão – O Porto do Itaqui, no Maranhão, vai pôr à disposição do setor privado 500 hectares de áreas que estão sob sua gestão para agroindústrias que queiram instalar unidades de produção na região. O terminal é uma das principais rotas de exportação do Arco Norte. Em entrevista ao Broadcast Agro, o presidente do porto, Ted Lago, afirmou que 350 hectares estarão prontos para negociação já neste início de ano e que a expectativa é oferecer os outros 150 hectares até o fim de 2019.
“Eram terrenos que pertenciam ao Estado e acabaram de passar para a administração do porto. Queremos criar um complexo industrial para setores que não precisam estar necessariamente dentro da unidade portuária; podem ficar a 20 ou 30 quilômetros de distância, com interligação por meio de ferrovia ou hidrovias”, conta. “Podemos trazer indústrias que processem as commodities movimentadas no Porto do Itaqui e, assim, gerar um ganho expressivo na logística de escoamento.”
O executivo disse que está sendo definida a forma como serão negociadas as áreas. Provavelmente, serão feitos arrendamentos por 25 anos. “Poderemos ter frigoríficos e processadoras de grãos, por exemplo. A ideia é garantir um crescimento sustentável para o porto e seu entorno.”
A iniciativa privada já se mostrou disposta a investir em Itaqui neste ano. Até o momento, a estimativa é de que R$ 1 bilhão serão aportados em obras dentro da unidade portuária somente em 2019. Uma delas é a duplicação do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram). As quatro empresas que integram o consórcio do Tegram aprovaram orçamento de R$ 240 milhões para as obras, previstas para começar neste primeiro trimestre. Até junho de 2020, o objetivo é passar de 6 milhões para 12 milhões de toneladas em capacidade de movimentação.
Entre os demais projetos previstos para atingir o investimento esperado para o ano, o presidente do porto conta que também será construído um terminal de fertilizantes, com capacidade para 3 milhões de toneladas/ano, e outro voltado para a exportação de celulose, da Suzano. “Além disso, temos a expansão dos terminais de combustíveis, um projeto que deve começar em junho e envolve empresas como Raízen e a Ultracargo. Vamos dobrar a capacidade de armazenamento e chegar a 700 mil metros cúbicos”, disse Lago. O Porto do Itaqui é rota de entrada de combustíveis embarcados no Golfo do México e em Roterdã, na Holanda, daí a necessidade de
aumentar o espaço de armazenagem do produto.
“Todos os investimentos reforçam o crescimento do Centro-Norte ligado ao agronegócio”, enfatiza Lago. Ele lembra que o aumento da produção agrícola nessas áreas resultou em demandas para outros setores, como a de fertilizantes e combustíveis. “Agora vemos isso se consolidar por meio dos projetos”, diz o presidente.
A Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), gestora do porto, ainda fará um aporte de R$ 70 milhões na unidade em 2019 para recuperação e modernização dos chamados berços operacionais e do sistema elétrico. Em quatro anos, cerca de R$ 300 milhões foram investidos pela companhia do Maranhão.